Coisas para se pensar
É importante registrarmos que ao escrevermos um artigo sua construção tem por objetivo, entre outros, o de fazer provocações para o ato de pensar. Quando compartilhamos com o leitor a nossa visão de mundo e colocamos nosso posicionamos em relação a um tema o fazemos com a melhor das intenções. Mas não podemos perder de vista que o conteúdo de nossos textos é resultado de uma opinião: a nossa. Por outro lado vejo que são as diferentes opiniões que nos permite construirmos com mais discernimento a estrutura de um conceito.
O conteúdo deste artigo teve inspiração numa frase contida na filosofia budista que é a seguinte: “ se pode dominar o sofrimento por meio da extinção da ignorância”. Pois, com base nesta frase, nunca será possível eliminarmos por completo o sofrimento, visto que todos nós somos ignorantes. Todavia, entendo como razoável que à medida que buscamos o conhecimento estaremos criando condições para que soframos menos.
Quando não sabemos nada, não podemos discordar dos outros ou tentar corrigir eventuais distorções. E nesta condição passamos a aceitar o que os outros dizem como verdade. E aí o nosso mundo fica limitado, pequeno, apertado, sufocado. Passamos a depender dos outros para decidirmos nossos assuntos e problemas. Não temos autonomia. Tornamo-nos dependentes.
Ao não saber nada sobre nutrição limitamos a nossa dieta e sofremos por isso. Então, se alguém nos disser que uma determinada fruta é um veneno podemos acreditar que isto é uma verdade e a partir desse pressuposto vamos eliminar essa fruta do nosso cardápio e, assim, talvez estejamos nos privando de algum elemento importante para o bom funcionamento do nosso corpo. Como conseqüência somos acometidos de carências nutricionais que resultam em doenças, o que rapidamente procuramos resposta nos medicamentos. E na nossa ingênua decisão passamos a aceitar melhor a praticidade de tomar comprimidos do que ter que preparar uma dieta balanceada e nutritiva.
O não entendimento sobre elementos básicos de matemática e economia não nos permitirá decidirmos se pagamos ou não toda a fatura do cartão de crédito e, isto, pode nos levar a parcelar a dívida do mesmo a um juro de 16% ao mês, o que significa um custo adicional relevante e um possível endividamento futuro, o que também significa mais sofrimento.
Não entender nada de remédios ou achar que isso é coisa para médicos e farmacêuticos não nos permitirá entender também de medicamentos genéricos e similares. Nesta condição também não estaremos preocupados em saber a diferença entre ácido acetilsalicílico, AAS e Aspirina. E aí pagamos o triplo do preço pelo mesmo produto.
É importante termos presente que o conhecimento deve funcionar como suporte para ponderações, tomadas de decisões e, também, para que decidamos o momento certo de procurar um profissional habilitado para nos auxiliar na solução de problemas que fogem da nossa capacidade de resolução. E que buscarmos informações que vão além do trivial nos prepara para viver com mais liberdade e melhor.