A morte
Ah morte, que beleza tens? Onde encontrar a explicação e a certeza que não és sem beleza?
Alguns a definem como um ser, ser esse que nos causa a devastação da saudade de alguém que se ama e é encontrado por ti, outros a culpam por dores insuportáveis da falta de tempo para o pedido do perdão. Pergunto que beleza tens se apenas dizem haver mau em sua chegada?
Muitos ao te encontrar se lembram de como a vida é bonita, e quanta beleza existe em vida. Seria esse seu grande talento? Não sei, talvez.
A filosofia tenta explicar o que é a morte, ou que esperar dela. Seria então a morte a percepção que somos finitos? Seria esse o gerador de tanto medo no homem? Seria esse o motivo de alguns afirmarem não haver beleza em ti? Se não percebêssemos que somos finitos, talvez fosse mais fácil dizer adeus? Não sei. Os animais selvagens, desprovidos de razão como nós, não percebem a sua finitude, sua linha de tempo finita. Eles talvez possam gozar do melhor da vida, por não perceberem que sua matéria terá fim. Seriam os homens melhores sem conhecer a finitude de sua matéria?
O que é certo é que todos nós um dia encontraremos com você, de vários modos, em variadas ocasiões. Alguns preferem olhar para um horizonte religioso, procuram encontrar alento em teorias, conceitos e preceitos religiosos. Nem todas as religiões preparam para esse encontro, isso é certo.
Por séculos você está ai, espreitando a todos nós. Nos observando. Mas nós, homens finitos, em nosso caráter arrogante e enfermo, preferimos não te observar, fingimos não saber que estas ali. Nosso medo é suplantado por nossa arrogância. Esquecemos que esse medo da morte existe em nós mesmo que tenhamos conhecimento de toda a ciência, pois ele independente de qualquer conhecimento.
Talvez esse medo que nos assola, mesmo silencioso, seja devido a nossa percepção de tempo, pois sempre temos um começo que se dá no nascimento, uma data de início e desse modo precisamos de uma data de fim. Não posso deixar de dizer, que se pensamos em nossa existência como seres perecíveis com início e fim, perdemos a oportunidade de pensar como seres imperecíveis, nos destituindo da percepção de tempo, desprovidos de início e, portanto, sem fim, eternos. Esse medo só existe porque pensamos com a crença do tempo, “vamos acabar” porque “começamos”.
Talvez você seja a correção natural do curso de nossa vontade de viver, que é egoísta e sempre centrada em nós mesmos, ou estou enganado?
Proposto isso não me resta dúvidas sobre a existência de beleza em sua chegada.
A independência de credos, teorias e falácias sobre sua existência é o que a torna bela, pois cada um de nós receberemos sua visita, depois de termos vivido, com nossas próprias escolhas. Pois não existe injustiça nem destruição quando compreendemos os caminhos que trilhamos em nossas vidas são os resultados de nossas escolhas.