ARTIGO – A PETROBRAS e o pré-sal – 24.02.2016
 
ARTIGO – A PETROBRAS e o pré-sal – 24.02.2016
 
 
Assisti ao vivo as discussões no Senado Federal, nesta data, a propósito da exploração do nosso hidrocarboneto pela nossa grande empresa no cenário petrolífero mundial, hoje bastante arranhada pelos escândalos de que todo brasileiro tem notícia.
            Discutia-se, na oportunidade, proposta de lei do senador José Serra (PSDB-SP), político de muito valor, que não conseguiu se eleger presidente da república, barrado que foi pela esperteza política do Partido dos Trabalhadores durante as campanhas eleitorais, sempre conduzidas por marqueteiros de primeira linha, que cobraram muito caro pelos seus relevantes serviços. Aliás, por falar nisso, acabam de ser recolhidos presos o doutor João Santana e sua mulher, doutora Mônica Moura, sócios na sua firma de marketing, eles que foram responsáveis por todo o esquema das campanhas políticas da doutora Dilma Rousseff (PT-RS), eleita e reeleita para conduzir os destinos de nossa nação. Aliás, muito me decepcionei com a postura deles dois ao descer do avião da Polícia Federal, ambos mascando chicletes, sendo que ela ainda deu uma risadinha sarcástica, como quem diz: Logo estarei livre desta palhaçada.
            Como se tem notícia, a nossa PETROBRAS, em face do último marco regulatório do pré-sal, ficou obrigada a participar de todos os leilões dos campos submarinos com o percentual mínimo de 30% sobre as despesas pertinentes, participação que era muito boa na época, porquanto ainda não se tinha e nem se pensava no rumoroso escândalo que a envolveu, produzido por pessoas de dentro e de fora da empresa, notadamente políticos e dirigentes de firmas construtoras. A verdade é que a nossa estatal ficou devendo uma base de R$ 500 bilhões, faltando-lhe caixa para arcar com possíveis gastos decorrentes dos leilões e exploração dessas jazidas, que são as maiores do mundo. O projeto do senador José Serra (PSDB-SP), visava a excluir a empresa dessa obrigatoriedade, todavia sem dela retirar nenhuma vantagem, eis que sendo de seu interesse poderia participar de qualquer que fosse o leilão. Claro que sendo vantajoso para a empresa ela não abriria mão de maneira alguma para concorrentes, quer nacional ou mesmo estrangeira. A discussão foi totalmente ideológica, poucas vezes se tocou na parte econômica, salvo quando se referiam os parlamentares ao atual preço baixíssimo do barril do ouro negro.
            Estranhei quando alguns senadores insistiram em dizer que a PETROBRAS é o orgulho dos brasileiros. Discordo plenamente dessa assertiva, eis que ela o foi até bem pouco tempo, todavia deixou se sê-lo por problemas que todos sabem de cor e salteado. Essa história de que o “petróleo é nosso” é conversa pra boi dormir, porquanto se assim o fosse não pagaríamos os maiores preços do mundo para utilizar os produtos que explora. Quanto mais os valores de mercado baixam no mundo inteiro, mais o nosso produto aqui sobe de preço sem qualquer justificativa plausível.
            Um detalhe que merece atenção é que as reservas do pré-sal são extraordinariamente grandes, falam até em 200 bilhões de barris, todavia embaixo da camada de sal, a sete mil metros de profundidade ele não vale coisa alguma, só mesmo quando extraído e manipulado é que se transformará em riqueza. Seria como uma botija, cheia de joias e dinheiro, enterrada no chão, mas sem que ninguém a colocasse em terra para circular.
            Enquanto a oposição exigia que o projeto do senador já referido fosse votado em regime de urgência, os adeptos do governo lutavam contra essa alternativa, alegando que não havia nenhuma razão para essa tramitação; que precisavam discutir mais o problema, sendo sua bandeira de luta o falso lema de que estariam entregando a PETROBRAS ao capital e firmas concorrentes do mundo inteiro. Pura balela, pois em lugar algum do projeto estava escrito que a nossa empresa ficaria de fora em tempo algum dos leilões. Os argumentos liderados pelo antigo cara pintada, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), paraibano de nascimento, mas eleito pelo Rio de Janeiro, que com a sua mocidade e intrepidez chegou praticamente a agredir verbalmente companheiros de outras siglas partidárias, não fazem sentido algum. E por falar em agressão, causou profunda estranheza a maneira como o senador Roberto Requião (PMDB-PR) se dirigiu ao autor do projeto, tratamento que a meu entender mereceria uma representação contra ele no conselho de ética da Casa.
            Para não muito me alongar, a verdade é que, de repente, o senador Jairo Jucá (PMDB-RR), nomeado relator “ad hoc” do projeto, conseguiu elaborar um substitutivo (instrumento que substitui o projeto).  Depois de conversar com membros do Palácio do Planalto, o experiente parlamentar conseguiu que o governo concordasse com a aprovação da matéria, inclusive com a anuência da doutora Dilma. Isso obteve um clima de revolta por parte dos parlamentares da situação, até mesmo do senador doutor Humberto Costa (PT-PE), líder do partido no senado, que, inobstante, votou contrariamente às medidas. Isso deve ter chocado o pessoal do palácio, justamente agora quando o pernambucano vai substituir ao senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na liderança do governo. Ora, se o Delcídio é inocente dos crimes a ele admitidos pela Polícia Federal e STF, não vejo razão alguma para que ocorra tal substituição. Isso é o mesmo que dar as costas ao senador que sempre foi um defensor favorável dos governos do Partido dos Trabalhadores, e se ele resolvesse abrir a boca poderia até mesmo comprometer pessoas que parecem honestas. Isso é o que leio na imprensa.
O certo é que na política do petróleo do pré-sal nada será resolvido sem a presença do Conselho Nacional de Política Energética, que é composto de vários ministros e representantes da opinião pública.
            A meu pensar, e no exercício da minha liberdade e cidadania, o PSDB, como sempre, deu o mote para futuras campanhas políticas e embates com o PT, seu principal adversário. Não será novidade alguma que os seus opositores venham a explorar o tema, como já começou a ocorrer, que o partido queria entregar a PETROBRAS ao capital estrangeiro ao aprovar com tanta pressa os novos dispositivos, que praticamente são cópias do projeto original... Não mudou quase nada. Realmente, pra que tanta pressa minha gente!
            Agindo assim fica difícil ao PSDB chegar à Presidência da República, até mesmo porque estamos vendo de vez em quando a saída de quadros de primeira grandeza para outros partidos, isso sem contar com o orgulho de filiados no sentido de serem candidatos de qualquer maneira, como os doutores Aécio Neves (MG), o Alckmin (SP) e o José Serra (SP), todos já flagrantemente derrotados nesses treze anos. Com o PT não se brinca, eis que nada obstante as avaliações precárias do governo Dilma, o grosso da votação do partido é justamente nas camadas mais pobres da população e em especial nos estados de parcos recursos e poder aquisitivo, notadamente no campo. Nesses lugares o Lula e a Dilma são verdadeiros deuses e que ninguém se atreva a deles falar mal. Para essa gente desenformada, que confia plenamente no Jornal Nacional, existe uma resposta bem montada de que se o PT roubou foi para ajudar aos pobres... e quem dá aos pobres, empresta a Deus.
 
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 25/02/2016
Reeditado em 25/02/2016
Código do texto: T5555251
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.