IMORTALIDADE SEGUNDO DIVO MARINO
“Todo juízo humano emitido está maculado pelo pecado e pelas incoerências humanas”.
Rev. Ézio Martins de Lima
Pode parecer estranho o título no contexto devido a sua conotação filosófica. De fato, a imortalidade leva-nos ao conceito de eternidade a partir de um começo. E isso é filosofia. A eternidade de Deus não pode ser compreendida por nossa razão, pois ela não parte de começo algum, ou seja, é eternidade sem antes e sem depois; só tem o agora.
As coisas criadas tiveram um início. No entanto, a própria filosofia escolástica que defende a criação de tudo no tempo, admite, como possibilidade lógica, sua eternidade, ao afirmar: “Cum Deus sit aeternus, ab aeterno potuit creare” – “Sendo Deus eterno, poderia ter criado tudo desde toda a eternidade”. Criar e não gerar.
O que nos interessa, no entanto, é o conceito de imortalidade de grandes homens do passado, por seus pensamentos, por sua sabedoria, por suas invenções, por sua arte e por tantos outros atributos.
Há ainda outro tipo de imortalidade que emana da participação em grupos que exercem atividades humanitárias, da luta pela igualdade dos seres humanos, do desenvolvimento da cultura, das artes, da história, da literatura, da filosofia e de experiências que visem ao progresso da humanidade.
Nesse aspecto de imortalidade, sou compelido a citar um excelente artigo no jornal “A Cidade”, de um jornalista, Sr. Divo Marino, publicado há uns dois anos, e que ao referir-se a academias, de um modo geral, externou pensamentos que me impressionaram pela clareza de raciocínio e pela defesa de uma tese com a qual concordo plenamente.
Diz o jornalista: “Os acadêmicos são chamados, oficialmente e também pelo senso comum, de imortais, classificação que torna absoluta a vitaliciedade da vida acadêmica”. Em outro parágrafo, externa seu pensamento de maneira mais ácida ao dizer: “Assim, para permanecer acadêmico, o imortal não precisa pagar pedágio, não ser classificado de 'sócio de clube', e nem comparecer ao chá das cinco". Em seqüência: “A imortalidade pede independência vitalícia”.
São afirmações categóricas que merecem meditação profunda e serena, antes de se tomarem decisões em relação a esse tipo de imortalidade citada pelo ilustre jornalista, que, hoje, é diretor de uma Academia de Letras que está modificando seus estatutos no sentido de retirar a Cadeira dos acadêmicos que não atenderem a determinadas condições: pagamento de anuidade e freqüência às reuniões.
Eu só queria poder entender os seres humanos.
ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com