Chaves, Lula & cia.
Não sei por que, toda vez que vejo o Hugo Chaves na televisão me lembro de Chavico, um grande mentiroso em Maués (já falecido, que Deus o tenha). Deve ser por causa do nome e não pela compulsiva mania de apresentar os fatos distorcidos, ou melhor, torcidos para seu lado.
Tive a felicidade de fazer uma viagem ao lindo país de Chaves – a Venezuela é quase tão linda quanto o Amazonas e, pasmem: pior administrada que ele. O que me chamou a atenção, como não poderia deixar de ser, foi o preço da gasolina. Sete centavinhos de real por litro, em dezembro Tão barato que os restaurantes poderiam criar uma promoção do tipo: “Almoce aqui e ganhe um tanque de gasolina.” Numa comparação matemática, nossa gasolina é trinta vezes mais cara que a deles. Eles podem se dar ao luxo de fazer entrega de sanduíches em carros de oito cilindros. Imagine-se por ai, entregas grátis, frete quase de graça, transporte coletivo idem e outros benefícios.
Ai a gente poderia dizer: eles é que tão certos! Será que estão? Se o governo subsidia a gasolina lá (sim, porque R$0,07 por litro não pagam nem os funcionários do posto de gasolina), o daqui faz caixa com o dinheiro cobrado a mais. A Petrobrás diz que o alto preço da gasolina é que paga as pesquisas, a prospecção etc. Por outro lado se esquece que as outras empresas, que não são estatais (leia-se Texaco, Shell, Esso, e outras) deitam e rolam, faturando milhões nas custas da incompetência da Petrobrás. Ela deveria fazer como qualquer outra empresa e ganhar com a quantidade vendida não pela imposição de preços extorsivos.
Ai aparece um defensor do slogan “A Petrobrás é Nossa” e diz: - Assim é que ta certo. Tira dinheiro do rico que tem carro. – Tira também do caminhoneiro que paga caminhão à prestação, do ônibus que transporta o pobre, do agricultor que usa maquinário na lavoura, do barqueiro que traz produtos do interior. Isso tudo sem contar a verdadeira malandragem que fazem com o gás de cozinha. Se formos mais adiante, vamos começar a perguntar porque essa demora maluca com o gasoduto que não sai nunca.
Em resumo: A Venezuela está certa? Não está. O Brasil está certo? É óbvio que não.
Certos estamos nós que gritamos, esperneamos e depois temos de pagar de toda forma. Desse jeito, como faz pra sobrar algum e tomar uma cervejinha, sem pendurar a conta no boteco?
Luiz Lauschner
(texto escrito em fevereiro de 2006, para um jornalzinho da Universidade Federal do Amazonas)