Um sonho que se afogou

A foto de Aylan Shanu, o menino sírio de 3 anos morto por afogamento, atinge-nos profundamente porque nos obriga a olhar de frente os danos que as guerras provocam nas vidas de pessoas inocentes que estão se vendo brutalmente privadas do direito de viver em paz e pagam por um erro que não cometeram. A guerra da qual milhares de pessoas estão fugindo foi iniciada por uma facção terrorista que, alegando agir em nome de Deus, tem matado em massa, espalhado medo e insegurança e obrigado pessoas comuns que apenas querem seguir suas vidas a abandonar seus lares e se arriscar em busca de um lugar onde possam ter um pouco de paz.

Além da foto de Aylan, vítima de uma guerra estúpida que não tinha idade para entender em toda sua extensão, outra foto pungente é a do seu pai, Abdullah que, além de Aylan, perdeu a mulher e o outro filho. A imagem do homem em prantos é apenas uma pequena amostra de sua imensa dor por ter perdido a família justamente quando tentava ir a um local seguro longe de uma guerra insana e por não ter conseguido salvá-los. Apenas quem tem filhos é capaz de entender o sofrimento de alguém que tinha sonhos e esperanças para seus filhos e viu tudo sumir sem nada poder fazer, tomado pelo desespero e sentimento de impotência.

Os que realmente amam são capazes de dar suas vidas por seus entes amados, pois querem protegê-los, garantir que tenham um futuro feliz, não passem por sofrimento desnecessário e possam realizar seus sonhos. Esse certamente era o sonho de Abdullah para seus filhos. Um sonho que se afogou junto com os que ele amava.

Por quanto tempo mais inocentes morrerão à míngua por causa da maldade humana? Por que os seres humanos iniciam guerras e se matam estupidamente em vez de tentar viver em paz? Será possível explicar o que leva alguém a sentir prazer no mal ou a ser tão incapaz de se colocar no lugar dos outros a ponto de cometer atos que atingem e destroem vidas?

Existirá um limite para a crueldade que o ser humano comete contra outros seres humanos?