Pouso na Venezuela

Após o incidente ocorrido às margens do Rio Traíra, na fronteira do Brasil com a Colômbia, em 1991, envolvendo guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC) e uma patrulha do Comando de Fronteira do Solimões, a Aviação do Exército passou a manter aeronaves naquela região. No ano seguinte, o então denominado Destacamento Amazônia retraiu para Manaus, onde ficou baseado no aquartelamento do 1º Batalhão de Infantaria de Selva (1º BIS).

Durante esse período, o Destacamento cumpriu diversas missões por todo o Comando Militar da Amazônia. Numa delas, no Estado de Roraima, em proveito do 7º BIS, foi planejada a colocação de uma placa de bronze no topo do Monte Roraima, como forma de marcar a presença brasileira naquela parte inóspita da fronteira do Brasil com a Venezuela.

Nessa época, as aeronaves HM-1 (Pantera) navegavam utilizando o sistema ômega. 0 GPS só viria a ser incorporado à Av Ex em 1993. No dia combinado, o helicóptero decolou de Boa Vista com o Comandante do Batalhão, um corneteiro e mais alguns oficiais a bordo. As condições meteorológicas na região do Monte Roraima são muito instáveis e não tardou para que a aeronave viesse defrontar-se com um tempo ruim.

A tripulação estava “plotada” pelo ômega e, experiente em vôos pela Amazônia, ficou tentada a abortar a missão, em função das condições de tempo e da grande altitude do vôo. No entanto, o carisma do Comandante do Batalhão, aliada à empolgação dos seus oficiais, fez com que prosseguisse na missão, mesmo tendo que realizar grandes desvios para fugir do mau tempo.

Após varias voltas e muito esforço, com a luz amarela do ômega acesa, indicando estar no destino, a aeronave pousou em um platô no Monte Roraima. A placa foi cimentada no solo e hasteada a Bandeira Nacional.

Passados alguns dias, o Comandante do Batalhão foi informado pelo seu escalão superior de que os venezuelanos haviam encontrado uma placa de bronze brasileira fixada em solo venezuelano, em um platô localizado a 04 Km da fronteira.

Verificado na carta as coordenadas do local de pouso, constatou-se que, realmente, a aeronave havia pousado na Venezuela. Na verdade, estando a tripulação navegando exclusivamente pelo ômega (em função do mau tempo) chegou ao destino previsto, porém, dentro do raio de precisão desse equipamento que era de 02 Milhas Náuticas, ou seja, aproximadamente, 4 Km.