Você em pauta

por Tiago Cabreira

Primeiro a sensação de realização profissional. Depois, o medo da transformação no mercado de trabalho. E por fim, o risco de leviandade com o trato da informação. O jornalismo cidadão – informação apresentada pelo próprio leitor – ao mesmo tempo em que se apresenta como uma ponte para a realização do idealismo acadêmico, também se manifesta como uma ameaça a credibilidade e estabilidade dos meios de comunicação.

A notícia “leitor, agora, é também jornalista" parece ser apenas mais uma pauta lucrativa nas redações dos jornais, entretanto, ela é uma personagem ativa no atual cenário de inovações tecnológicas. Com o advento dos blogs, todo o cidadão pode publicar livremente suas informações e idéias, sem censuras prévias ou editores chatos. É a redação dentro da própria casa. Basta ter tempo, feeling e criatividade. Há, ainda, um produto jornalístico caseiro que é pautado, apurado e produzido por donas de casa, adolescentes, engenheiros, advogados dentistas, funcionários públicos e milhares de homens e mulheres comuns. Informações diversas que são publicadas em jornais, revistas, rádios, emissoras de TV e sites da web.

No entanto, essa revolução jornalística tem um alto preço a ser pago: o valor da falta de confiança. O compromisso de um, torna-se a irresponsabilidade de todos. Assim, o passo à frente, na verdade, está na direção errada. A participação do cidadão no jornalismo é essencial, mas essa necessidade não descarta a vitalidade do profissional graduado e capacitado para a produção e relacionamento com a mídia. O fato é que a população não é apenas citação jornalística, sonora radiofônica ou imagem de cobertura para off televisivo. As pessoas devem ser os consultores, gurus e conselheiros dos jornalistas. Não para fazer o que é de interesse do público, mas para fazer o que é de interesse público. Por isso, a pauta de hoje é você.