IRMÃS SE REENCONTRAM 38 ANOS DEPOIS

Há histórias que parecem roteiros de filmes. E daqueles filmes que emocionam. A história das irmãs Maria Francisca Soares, 70 anos; Francisca Maria dos Anjos, 68 anos; e Maria do Socorro da Silva, 63 anos; é uma dessas que merecem ser filmadas.

No início de junho aconteceu, após 38 anos de separação, o reencontro, em Castanhal (PA). Muitas lágrimas e sorrisos de emoção regaram o encontro.

Maria do Socorro hoje mora no Pará. Sua residência fica em Altamira, mas alugou uma casa em Castanhal, por conta de um tratamento contra o câncer que faz em Belém. Ela morava até 1975 na cidade de Corumbá de Goiás. As duas outras irmãs moravam e continuam morando em Goianésia. Outros três irmãos já são falecidos.

A separação se deu após uma tragédia. Pedro Francisco de Jesus saiu de Goianésia para trabalhar numa lavoura em Corumbá de Goiás com o cunhado Ramiro Betano da Silva (casado com Maria do Socorro).

Após um entrevero, Pedro matou a tiros um colega de serviço. O cunhado Ramiro teria denunciado Pedro, que foi preso. Revoltado, Pedro "jurou" de morte o cunhado quando saísse da cadeia.

Com medo da ameaça, Ramiro reuniu a esposa, Maria do Socorro, na época com 22 anos, seus quatro filhos, e sumiu no mundo, sem deixar qualquer pista. Não fez contato durante mais de três décadas. No Pará, o casal teve mais 9 filhos. Viveu uma vida de dificuldades e silêncio. Maria do Socorro não ficou sabendo da morte dos pais, dos irmãos, que tinha diversos sobrinhos e todos os eventos que aconteciam com seus familiares em Goiás.

Pedro, após cumprir pena, saiu da prisão e tocou a vida, até 2003, quando morreu. Ramiro, o cunhado jurado de morte, também faleceu. Como Maria do Socorro teve o infortúnio de ter um câncer, seu filho caçula, Daniel, resolveu encontrar sua família perdida em Goiás. Entrou em contato com a Rádio São Carlos FM, de Goianésia.

O radialista Evando Emílio se sensibilizou com a causa e contou a história no ar, durante seu programa. Uma sobrinha das três ouviu o relato e, imediatamente, comunicou as duas tias. Todos foram para a rádio e, confirmado o parentesco, se falaram ao telefone, emocionadas.

"Já ajudei a encontrar muitas pessoas que não viam suas famílias há muito tempo, mas nenhuma foi tão emocionante como esta", conta Evando Emílio. "Antes de ler a história, pedi pra Deus me ajudar a realizar o sonho desta pessoa que está em tratamento contra o câncer, la no Pará", explica o radialista. "Pedi e Deus me ouviu. Li e aconteceu. Foi instantâneo, a audiência da rádio é estrondosa", completa.

Dia 2 de junho, Maria Francisca e Francisca Maria embarcaram para o Pará para reencontrar a irmã. "Não há palavras para descrever a emoção. Eu sempre via na TV histórias assim e sonhava que um dia isso pudesse acontecer", conta Maria Francisca. "Tentamos diversas vezes, mas não tinha nem por onde começar. Não fazíamos ideia de onde ela estava. Nem se estava viva. Era uma grande aflição", completa.

Após quinze dias juntas, as irmãs fizeram um pacto de nunca mais se separarem. Mais que reencontrar uma irmã, conheceram uma grande família, que nem sabiam que existia.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 24/01/2015
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