INQUISIÇÃO PÓS-MODERNA

"A crueldade continuará existindo sobre a face da Terra, enquanto não tenhamos aprendido a nos colocar no lugar dos outros."

Samael Aum Weor

Um dos momentos mais constrangedores de minha vida, já com mais de quarenta anos, foi quando fui “convidado” a participar de uma reunião marcada na sede de uma associação da qual faço parte há mais de trinta e cinco anos.

O “convite” era para que eu explicitasse uma séria de sugestões feitas anteriormente , por escrito, a fim de colaborar com certos aspectos que, a meu ver, não funcionavam bem.

Em princípio, achei o convite uma demonstração de democracia e abertura por parte da diretoria, mas não foi bem assim.

Ao entrar no salão de reunião, fui convidado a me sentar numa cadeira isolada da grande mesa, ao lado direito do presidente — postado na cabeceira — , e tomada em seu entorno pelos diretores.

Entorpecido pela violência da situação, sentei-me no local para mim estipulado, mas não fiquei ali muito tempo. Agredido verbalmente pelo tom de voz do presidente autoritário, recusei-me a falar, e ameacei sair da mesa caso tivesse que continuar sentado naquele posição subalterna, como se fosse um menino pronto a ser advertido por seus superiores.

Convidaram-me para ocupar um lugar à mesa, ofereceram-me água : mas já não existia mais clima para qualquer tipo de diálogo.

Agora, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, numa reunião em que Cláudio Bauso, presidente do CONPPAC, foi também “convidado” de uma CEE, veio-me náusea ao vê-lo sendo conduzido a uma cadeira — pensei ouvir: Cláudio , “sit” — , posicionada igualmente como a minha, naquela malfadada reunião : e senti-me, de novo, tremendamente agredido e ofendido, pois, afinal de contas, sou um dos fundadores do CONPPAC.

Nem nas CPIs de Brasília, em que verdadeiros bandidos e corruptos são convocados, existe uma cadeira espúria como essas que acabei de citar: lá os convocados sentam-se dignamente à mesa, com seus interlocutores.

São respeitados , até prova em contrário.

Enfim, lendo tudo que tem sido publicado nos jornais de nossa cidade sobre a CPI do CONPPAC, e que insistem em receber documentos das mãos do presidente Cláudio Bauso — não aceitam recebê-los de outra forma, já que estão à disposição de qualquer cidadão na Secretaria da Cultura — começo a pensar que a coisa é particular : uma simples demonstração de força, e nada mais, porque não acredito que somente quatro vereadores votaram contra a criação da CPI, diante de toda a demonstração da inconstitucionalidade da lei número 2006, com vício de iniciativa e que não encontra embasamento nas normas prevista para a formação de uma CPI, criada pela nossa Câmara, e que os demais ainda insistem num teatro do absurdo, com cadeirinha do tempo da inquisição e tudo mais, na qual me senti obrigado a sentar, juntamente com o presidente e todos os membros do CONPPAC

Meus cumprimentos ao Dr Marcelo Goulart, Promotor do Meio Ambiente, que agora ameaça mover ação na Justiça contra o Prefeito Welson Gasparini, esse, sim, responsável por qualquer tombamento feito ou a ser feito e que, não sei por que motivo, mantém-se silencioso diante dessa agressão feita a uma entidade ligada ao seu governo, e que tantos serviços tem prestado à nossa cidade, lutando pela preservação de nossos valores culturais.

Como disse o vereador Gilberto Abreu, que se recusou a continuar fazendo parte da CEE : “está faltando respeito” ao desejarem somente colocar cidadãos na cadeirinha, como forma de demonstração de poder.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 01/06/2007
Código do texto: T510133