Cabo Pedrinho-Wyatt Earp do Sudoeste de Goiás
Passos lentos, porém firmes e decididos, andava pelas ruas conduzindo seu inseparável guarda chuva. Quem não era da cidade e o visse caminhando despreocupadamente sem chamar a atenção de transeuntes pela cidade de Jataí em Goiás, jamais poderia imaginar que aquele homem, já sexagenário, fora no passado um grande defensor da lei, uma espécie de Wyatt Earp, famoso xerife norte-americano. Era amigo do Doutor Serafim de Carvalho, o maior chefe político da região, com o qual colaborou muitíssimo no encaminhamento do destino político de Jataí. Colaborou enormemente com os prefeitos de Jataí, Cylleneo França (1.951 à 1.955 e 1.961 à 1.964) Dr. Luziano Ferreira de Carvalho(1.955 à 1.958) e Antônio Soares Gedda(1.958 à 1.960), do qual era amigo particular.
Seu nome, Pedro Alves Rodrigues, natural de Corrente no Piauí, onde nascera no dia 29 de junho de 1.910. Atendia também pelo apelido de “Cabo Pedrinho”, resquício dos tempos de caserna, quando servira na Polícia Militar de Goiás nos municípios goianos de Buriti Alegre, Rio Verde, Jataí e Mineiros. Após dar baixa como cabo da PM, exercera a função de Delegado de Polícia em Jataí e região. Não tinha essa de bandido ficar impune como nos tempos atuais. Ah, não! Não mesmo! Errava? Dançava! Austero, sem ser mau, punia exemplarmente os facínoras de então. Ressalta-se que na época o mapa geográfico de Jataí tinha outro contorno, os hoje municípios de Aporé, Itajá, Itarumã e Serranópolis ainda não eram emancipados e pertenciam à jurisdição de Jataí, o que, pela extensão, dificultava o serviço do delegado de polícia. Mesmo assim, Cabo Pedrinho não media esforços em suas diligências na captura de foras da lei pelos sertões bravios. Muitas dessas, por não existir estradas de rodagem, eram realizadas montando em lombo de cavalo. Utilizava-se também de veículos automotores e avião. Qualquer que fosse o meio de transporte empregado, esse homem da lei sempre lograva êxito nas perseguições aos marginais, mercê talvez de sua aptidão e capacitação no desempenho de tão espinhosa função.
O certo é que era temido e respeitado por todos, mais pelo seu caráter e seriedade com que encarava os problemas. Era homem de palavra e por isso respeitado por todos. Seus inúmeros amigos até hoje testemunham seus atos de bravura em defesa da sociedade. Transcreve-se aqui as palavras do senhor, João Pereira da Silva, apelidado de Figueiredo, filho de Jataí, agora tabelião em cartório de Goiânia, que recentemente dissera para um grupo de amigos, inclusive para seu filho Maurílio, que se encontrava no Fórum de Goiânia o seguinte: “O Pedro Alves Rodrigues, mais conhecido por Cabo Pedrinho, foi um dos mais notáveis e corajosos delegados que Goiás já teve, pois quando era delegado de polícia prendera os mais famosos e temidos bandidos e pistoleiros por esse Goiás à fora. Eu era amigo pessoal dele e posso afirmar, sem medo de errar, que ele marcou época na polícia goiana”. Depoimentos assim, que não são poucos, só servem para confirmar a pretensão deste texto, que não é outra, senão a de colaborar com a memória histórica da gloriosa polícia goiana, tanto civil como militar.
Cabo Pedrinho, era casado com a Sra. Eunice Alves Benevides, com quem teve os filhos, Carmem Alves Silva; Maria Londina Benevides do Carmo; Pedro Henrique Alves Benevides; Eleusa Benevides Poyer; Elísio Alves Benevides e este articulista. Era torcedor fanático do Sport Clube Corinthians paulista e todas as vezes que esse time jogava, hasteava sua bandeira corinthiana. E se acontecesse de seu time ganhar, soltava fogos de artifício para comemorar. Este legendário militar faleceu em Jataí no dia 04 de junho de 1.978 e foi sepultado no cemitério São Miguel em Jataí, vestindo, por baixo do terno, a camisa de seu time predileto. Recebeu homenagem do Exército Brasileiro com salvas de tiros. E assim termina a vida terrestre dessa grande pessoa humana e experiente homem da lei, cujos feitos extraordinários encontram-se registrados nos anais da história de Goiás.