O UFC DO STF
A reportagem da Revista Veja desta semana, sobre o duelo entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski, sugere algumas reflexões profundas. Ou estamos vivendo a mais plena das democracias, ou deveríamos apagar essas duas décadas da nossa História, e tentar começar tudo de novo.
Quem acredita na primeira hipótese, deve adorar estorinhas de “Era uma vez” contada pelos políticos. E não são poucos os que adormecem ouvindo essas “mentiras de ninar”. E se não dormem com as mentiras, caem no sono pelas benevolências.
Também, não podemos acreditar que o embate entre os dois ministros aconteça apenas pela busca dos holofotes da mídia. Aliás, a mídia é especialista em criar mocinhos e bandidos. Uma grande parte dela vive exclusivamente disso. E conseguem. Basta lembrar Collor de Mello. Collor passou de mocinho a bandido, num piscar de olhos.
Se a questão for apenas pelos holofotes, proponho algo melhor. Embora abomine esse tipo de entretimento, eu colocaria os ministros Barbosa e Lewandowski, frente a frente num ringue de UFC. Para ficar ainda mais animado, teríamos a torcida do PSDB gritando por um. E a do PT e aliados, gritando pelo outro.
O que está acontecendo dentro do Supremo Tribunal Federal brasileiro não é um exercício de democracia. Passa longe disso. Denúncias contra políticos viraram rotina. Entraram para o nosso cotidiano. Desta vez, as denúncias são contra um juiz da Suprema Corte. E são graves. Serão abafadas também pelo corporativismo?
O que vemos nos três poderes do Brasil, deixa clara uma coisa. Nossa democracia está muito doente. Eu diria que está na UTI em estado terminal, desde que renasceu com discursos inflamados, e depois jogados na lata de lixo a duas décadas. Uma elite tomou o poder. E não mudará uma vírgula que possa prejudicá-la.
Precisa mudar, e do jeito que está não mudará. Então o que devemos fazer? Qual seria a solução? Só existe uma certeza. As mudanças terão de começar pelo topo da pirâmide. Alguém com coragem de fechar tudo e começar do zero. Enquanto não houver uma nova revolução que coloque os aprendizados na mesa nada mudará no Brasil.
Nossas redes sociais estão repletas de revolucionários de primeira viagem. Um cuidado se faz necessário. A ditadura militar era para ser uma coisa e foi outra. Uma revolução também é o caminho mais curto para o surgimento de um novo Fidel Castro ou Hugo Chávez. Até mesmo de um pobre coitado como Evo Morales.
Já tomei a minha decisão. Chorar não adianta. Talvez, nem tentar mudar. Então, quando eu quiser dar boas gargalhadas, vou trocar a sessão pastelão dos três patetas pela TV Justiça. Não tem nenhuma diferença. E eu ficarei com menos rugas. Saio lucrando.