ESCRAVOS DO DESEJO
Muitas pessoas, mundo afora, lutam contra a compulsão de comer, de beber ou jogar, e outras contra a compulsão pelas drogas e pelo sexo. É o triste e doloroso vazio da compulsão! Neste artigo, falo dos compulsivos sexuais.
Os compulsivos sexuais são pessoas dominadas por um padrão de descontrole sexual. A Organização Mundial da Saúde reconheceu a compulsividade em relação ao sexo como doença, classificando o distúrbio como “impulso sexual excessivo” (CID-10), consoante informações colhidas no site www.bonde.com.br. No dizer da psicóloga dos Transtornos do Impulso, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, Liliana Seger, a compulsão sexual é um transtorno psiquiátrico do impulso em que o indivíduo tem pensamentos e atos obsessivos envolvendo o sexo (in apud www.minhavida.com.br).
Com o surgimento da internet, aparece uma nova modalidade: a compulsão sexual virtual (sexo virtual). Ao que se sabe, mais de dois milhões de pessoas gastam de 15 a 25 horas em frente ao computador navegando em sites de sexo, como aponta o site ABC da Saúde (www.abcdasaude.com.br). A estimativa é que de 2% a 6% da população mundial sofra de compulsão sexual. A maioria ainda é homem, mas aparecem cada vez mais casos de mulheres, afirma a psiquiatra Carmita, do ProSex, do Hospital das Clínicas.
O filme Shame (que em português quer dizer Vergonha), dirigido por Steve McQueen, explora a compulsão sexual e a natureza das necessidades. Conta a “estória” de um rapaz, cuja obsessão é o sexo. Um sexo sujo, vulgar, cujo personagem convive com masturbação e pornografia, diariamente, nos intervalos do trabalho e em casa, e vive buscando mulheres no metrô e masturbando-se em banheiros públicos e no chuveiro, além da contratação de prostitutas.Ele sabe que tem um vício e que precisa controlar seus impulsos (extraído do site omelete.uol.com.br).
Para a psiquiatra Carmita, também fundadora do Projeto Sexualidade (ProSex), do Hospital das Clínicas, acima mencionada, no início, o compulsivo por sexo consegue se organizar para saciar a libido.Com o tempo, porém, ele vai precisar se tratar, posto que “Sem tratamento, não consegue mais trabalhar, não come, não dorme e a busca por parceiros toma conta da sua vida. Se um parceiro já não satisfaz, a pessoa vai atrás de outros e às vezes paga por sexo”, disse a médica (in saúde.terra.com.br). Sobre o tema, diz ela mais o seguinte: “o desejo por sexo surge independente da hora ou momento. No trabalho, se acontece a “crise”, esta pessoa vai para o banheiro se masturbar. Com o agravamento, ela sai no meio do expediente em busca de um parceiro para fazer sexo. Então, começa a sair três vezes ao dia do trabalho para saciar o desejo, até que é demitido. Gasta todas as economias com sexo pago, perde a vida social e relacionamentos. O compulsivo por sexo fica sujeito a doenças sexualmente transmissíveis, problemas de saúde por exaustão e má nutrição“(in saúde.terra.com.br).
Famosos como os atores Michael Douglas e David Duchovny, o cantor Latino e o jogador de golf Tiger Woods já admitiram sofrer compulsão por sexo, relata o site saúde.terra.com.br.
Há inúmeros relatos de pessoas que sofrem com o problema. Segundo os entendidos, não existe um limite ideal para o número de orgasmos ou para o tempo gasto com fantasias ou relações sexuais. Para o psicólogo americano Patrick Carnes, fundador do International Institute for Trauma and Addiction Professionals e um dos pioneiros do estudo da dependência sexual, a dependência sexual não tem a ver com a intensidade da atividade sexual, nem com sua frequência.
“A principal marca do vício – diz Carnes - são as consequências que alguém sofre por causa de sua atividade sexual. Se a pessoa perde o emprego, para de estudar ou se afasta da família por causa do sexo, é sinal de que há algo errado. Quando alguém passa todo o tempo pensando em sexo, planejando, fazendo e se arrependendo, em vez de trabalhar, curtir a família, os amigos e outras atividades prazerosas, é sinal de que aí existe um problema”.
Mas, então o que fazer?
Dizem os especialistas que não é fácil parar. A compulsão é poderosa. Começa com uma simples masturbação até tornar-se uma masturbação compulsiva. Há pessoas que masturbam de quatro a mais vezes por dia, afirmando que a masturbação funciona como uma espécie de sedativo. A pessoa só se alivia com as fantasias e a masturbação. Li o relato de uma dona de casa, 30 anos, que manteve uma relação extraconjugal por três anos que se tornou doentia. Começou a descuidar dos filhos e a manter relações sexuais em locais públicos, quase todos os dias. Longe do amante, procurava o marido cinco vezes por noite ,e, ainda insatisfeita, ia se masturbar até a madrugada. Hoje, frequenta as reuniões do grupo Dependentes do Amor e Sexo Anônimos, em São Paulo. Por outro lado, pessoas das mais diferentes classes sociais, culturais e profissionais muitas vezes se vêm envolvidos nesse problemão da compulsão. Quando a compulsão sexual acontecia, o Padre John (nome fictício), a exemplo de alguns homens públicos e outros religiosos, por exemplo, saia a procurar homens nas ruas e nos banheiros públicos. O sexo também cria problemas em outras áreas. Um médico diz em seu depoimento que começou a ter relações sexuais com pacientes da clínica e sentia-se incomodado e com sentimentos de culpa. Várias vezes prometeu que ia parar, mas não conseguia. Sobre o tema, há muitos relatos constantes da obra “Isto não é Amor”, de Patrick J.Carnes,Ph.D, editora Best Seller.
Para parar, tem-se dito que o dependente sexual precisa ter a grandeza de desistir de tentar controlar-se e admitir que precisa de ajuda, procurando um psiquiatra ou terapeuta sexual, e levar a sério o tratamento, sendo certo que os grupos de apoio são de grande utilidade como terapia adjuvante.
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eldes@terra.com.br