A EMOÇÃO DA ALMA

Vivendo num mundo obcecado por coisas materiais, correrias, falta de tempo, estresse, trânsito congestionado e coisas mais; precisamos resgatar a emoção da alma, de modo que ela volte a fazer parte da vida cotidiana.

A impressão que se tem é que muitas pessoas parecem distanciadas de suas almas por muito tempo. Na realidade, a maior parte do anseio das pessoas é por coisas mundanas, como se a satisfação última da vida fosse apenas os bens materiais.

Mas, a grande verdade é que prestamos pouca atenção à nossa alma. E, por conta disso, a sociedade está ficando doente.

Nunca tanta gente teve depressão no mundo, como agora. Ao que se sabe, são 350 milhões de pessoas nessa condição, e boa parte nem sabe disso; é o que aponta reportagem de Carol Castro, publicada na revista Super Interessante, edição de junho 2013.

Para a psicanalista Maria Rita Kehl, autora do livro O tempo e o Cão, há um vazio na alma causado pela nossa sociedade consumista.

Para o antropólogo Edward Schieffelin, da Universidade College de Londres, a explicação está no estilo de vida, que, convenhamos, é hoje muito mais desgastante e estressante do que em outros tempos.

Mas, se não bastasse apenas o viver num mundo de profundas mudanças e exigências, com mais tempo dedicado a trabalho que a lazer, soma-se a isso o fato de que tudo isso são acompanhadas cada vez mais pela solidão, onde os picos de depressão ocorrem mais intensamente nesses grupos mais solitários: solteiros, divorciados e viúvos, como aponta a mencionada reportagem de Super Interessante.

Para Danah Zohar, autora de O Ser Quântico, a solidão e a alienação – alienação tanto de si mesmo quanto dos outros – são mais tipicamente problemas de nosso tempo, como também o narcisismo que os reforça.

Para Augusto Cury, as piores dores humanas são geradas na nossa alma, daí o mestre da vida insistir em dizer: “não andeis ansiosos pela vossa vida”. Ademais, nos mostra, ainda, que o orgulho e a autossuficiência infectam a sabedoria e a arte de pensar; ele nos diz que o orgulho anula as pessoas e toda vez que você se considerar autossuficiente, se achando que é maior ou que está mais elevado que outro, você destruirá sua capacidade de aprender e não se abrirá para outras possibilidades de pensar( in Treinando A Emoção para ser Feliz).

Na realidade, as pessoas precisam redescobrir o valor da espiritualidade como fonte de significado, de valor e de verdade, sendo certo que quando nos afastamos do divino e do sagrado, ou, como preferem outros, de Deus ou da Realidade Suprema, deixamos de receber a nutrição que sustenta a nossa alma. E, sem o perceber, nos tornamos petrificados, duros, insensíveis, orgulhosos e perturbados. É como uma planta que foi colocada num vaso debaixo de um barracão de jardim em vez de lá fora, no solo e sob a luz do sol. Logo suas raízes secam, e as folhas murcham, como diz Dana Zohar(in obr. cit.,ed.Best Seller,p.193).

Certa feita alguém perguntou ao Dalai Lama o que mais o surpreende na Humanidade? Ele respondeu: “Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem todo o dinheiro ganho para recuperar a saúde que perdeu. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem-se do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente, nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer, e morrem como se nunca tivessem vivido.”

Mas, como diz Annie Besant, “no fundo do coração de cada um de nós – entravada, muitas vezes, por condições transitórias, ou por preocupações e interesses absorventes – existe uma aspiração contínua por Deus(in As Revelações Secretas da Religião Cristã, p.25-Ed.Pensamento), daí o grito do Salmista a dizer : “A minha alma tem sede de Deus”(Salmos, 42).

Por mais que esse clamor pela divindade parece desvanecer-se de tempos a tempos; em breve ele desperta e se levanta, e o mesmo grito lançado se faz ouvir, provando que esse instinto é uma tendência inevitável, inerente à natureza humana, e dela inseparável, como diz Annie Besant ( in obr. cit., p.25).

Mas, por achar que o mais importante na vida é conquistar e possuir somente bens materiais, o homem se dedica – como dito - muito ao trabalho, esquece-se do lazer ( e muitas vezes da própria família) e descuida da sua alma. Esquece que, a exemplo do corpo, que precisa ser alimentado; a alma também precisa ser nutrida com orações ou meditações, bem assim com ações e sentimentos nobres e dignos, como o amor, a bondade, a compaixão, a misericórdia, o perdão, e coisas mais como uma boa leitura, um bom filme, um passeio ou ir a um concerto e ouvir boas músicas ou apreciar uma exposição de quadros e telas de pinturas, assim como assistir uma boa palestra e se banhar num mar de espiritualidade e ser tocada pelo divino e sagrado.

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