PMDB SONHA COM A VOLTA DO TEMPO DOS BOIS GORDOS
O PMDB, sob a liderança de Iris Rezende Machado, reinou absoluto em Goiás por 16 anos. O partido ascendeu ao poder em 1982 na volta das eleições diretas para governador em todo o País, após quatro décadas de escuridão democrática. Foram tempos de bonança para Iris, Maguito, Mauro Miranda e companhia.
O PMDB, sob a liderança de Iris Rezende Machado, conheceu o fundo do poço e as cores nada reluzentes do ostracismo. O calvário peemedebista começou em 1998, quando Iris contrariando Deus e todo mundo, decidiu se lançar candidato a governador, frustrando a tentativa natural de Maguito Vilela, então no cargo, de concorrer à reeleição contra o então apenas promissor deputado federal Marconi Perillo. Em 2014 novo ciclo de 16 anos se completa. O PMDB, no entanto, apenas assiste a festa tucana, longe dos prazeres do Palácio, longe das delícias do poder.
Outrora gigante, imbatível, o PMDB aprendeu a se curvar, a oferecer o lombo para o chicote marconista. Tempo de humilhação e vexame. Tempo de ver leais companheiros deixando o time para serem leais companheiros no ninho tucano. Tempo de peregrinar com poucas almas nas empoeiradas estradas da vida pública. Tempo de ter o pedido de dança recusado em salões acanhados. Tempo de deitar lágrimas e se torturar entre o passado de glórias e o futuro incerto.
Dentro desse cenário surge o nome do mega empresário José Batista Júnior, o Júnior Friboi, que sob um verdadeiro carnaval fora de época, assinou ficha de filiação ao PMDB. Friboi sonhava o impossível: que o general do partido em Goiás, Iris Rezende, derramasse sobre sua cabeça o óleo da unção e lhe oferecesse a melhor espada, o melhor cavalo e lhe indicasse o caminho mais seguro para a guerra. Não foi assim. Iris deu o bolo em Friboi. Não apareceu na festa. Mas Friboi não quer ser pagão. Foi ungido por um general de mais medalhas no peito: o vice-presidente da República, Michel Temer, estrela maior do PMDB no Brasil.
As lideranças medianas do PMDB vivem um dilema: estacionam no tempo e cultuam a figura de Iris Rezende e seu passado de glória e tentam fazê-lo renascer das cinzas ou apostam no novo, em quem não tem um passado de glória na política, mas tem uma história vencedora no mundo dos negócios e pode encarnar bem o futuro do partido.
Iris entende que é o próprio PMDB. Considera-se uma espécie de Jesus Cristo do partido: é o caminho, a verdade e a vida e fora dele não há salvação para os peemedebistas. Insensível aos desejos de qualquer homem, o tempo abateu sobre Iris sua pesada mão. Capitães, tenentes, sargentos e soldados do PMDB se vêem numa encruzilhada. A quem devem lealdade: a Iris ou ao PMDB? Opção um: abraçam e carregam Iris para mais um prélio e correm o risco de mais um naufrágio. Opção dois: com o discurso de renovar o partido, abraçam Friboi e o carregam para o admirável mundo novo das urnas.
A justificativa de Iris é que teria encomendado pesquisas que lhe apontam como favorito contra Marconi em todas as regiões de Goiás, inclusive no entorno. Fato, blefe, estratégia ou ingenuidade? Difícil julgar. Iris diz ainda que Friboi não é conhecido nos municípios e pelas lideranças do partido. Pode ter razão, mas durante a campanha Friboi ficará bem conhecido e, convenhamos, seu sucesso empresarial pode lhe fornecer muitos encantos se bem polida sua imagem pelos marqueteiros. Outra: quem ainda não o conhece pessoalmente está louco para conhecer, especialmente por ter em Friboi a encarnação de um Tio Patinhas a abrir sua Caixa-Forte e demonstrar sua generosidade.
Em tempo de vacas magras no pasto do PMDB, Júnior Friboi pode ser a faísca de esperança de tempo de boi gordo e pasto verdejante. Se souber conquistar seu espaço entre as raposas peemedebistas e cair nas graças do povo comum, Friboi pode passar para a história como o homem que peitou Iris e Marconi. É apenas uma possibilidade. Há outras. O jogo está começando.