O PODER DO SILÊNCIO
À saída de uma reunião, um discípulo conversava animadamente com o seu Mestre e, em dado momento, lhe perguntou: sabe Mestre, que às vezes fico pensando por que tanta agitação neste mundo nosso de cada dia? A impressão que tenho é que parece que o ser humano anda muito agitado e perturbado.
O Mestre lhe respondeu: meu jovem discípulo, tudo isso é decorrente da falta de tranquilidade, onde o sossego passou a ser coisa rara e cedeu lugar ao corre-corre dos dias atuais. As pessoas – de maneira geral – andam com o ânimo exaltado e, dessa forma, ficam mais propensas a se irritarem e discutirem. As conversas, pode observar, em grande parte são recheadas de um repertório onde só se ouve falar de corrupções, de assaltos, mortes e tantas outras coisas tristes. E, o pior: esses assuntos, quase sempre, acabam sendo transferidos para o recesso dos lares, exatamente na hora do café da manhã, do almoço ou do jantar, de forma absolutamente imprópria e inconveniente porque , nesses momentos, não é hora de ficar falando a respeito dessas coisas. Você não sabe, meu filho, o quanto isso faz mal às pessoas e ao próprio ambiente; por isso, deveria ser evitado, vez que esse tipo de assunto só serve para quebrar a tranquilidade das pessoas e do próprio lar, se transformando num verdadeiro veneno para o bem-estar de todos.
Na realidade – prosseguiu o Mestre – um dos maiores problemas do mundo ainda continua sendo a falta de temperança oral, onde as pessoas não são comedidas no falar e, com isso, não põe em prática uma lição muito bonita de um mestre que nos diz o seguinte : “Se a palavra que vai falar não é mais bela que o silêncio, então não a diga”. Em verdade, meu jovem discípulo, a única forma de conter essa onda de agitação e de nervosismo que permeia o coração e a atitude de grande parte das pessoas é o aprendizado interior pelo poder do silêncio.
É verdade, Mestre: há muita falta de silêncio, sustentou o discípulo.
O Mestre prosseguiu, dizendo: a sociedade, se bem se observa, está envenenada e saturada com palavras barulhentas e vazias. O homem precisa, urgentemente, redescobrir o poder do silêncio através do recolhimento interior, seja através da oração, seja através da meditação.
É preciso – continuou dizendo – que as pessoas repensem seu sistema de vida, buscando formas capazes de serenar o corpo e a mente após cada dia de trabalho exaustivo e estressante; e o poder do silêncio, através da meditação diária e contínua, servirá, sem dúvida, como instrumento para lhe mostrar que é importante cultivar pensamentos de paz, amor, perdão, compreensão, compaixão e bondade.
Mas, Mestre, perguntou o discípulo: então, para sair desse mundo cheio de agitação, bastaria apenas adotar o silêncio como forma de vida?
Respondeu-lhe o Mestre: não basta apenas estar em silêncio. É preciso, meu jovem discípulo, experimentar o silêncio por meio dos seguintes procedimentos: afastar-se, periodicamente, da atividade do falar, de assistir televisão, ouvir rádio, música e até mesmo deixar, por algumas horas, de ir ao computador ou de ler um livro ou uma revista. É assim, e somente assim, que se inicia no caminho de experimentar o campo do silêncio puro, da percepção pura. Em verdade, é pelo poder do silêncio que chegaremos a experimentar a quietude, a sentir a comunhão com o Eu Interior, com o Espírito de Deus que habita em cada um de nós.
Mas, é preciso tudo isso Mestre? , perguntou o discípulo.
Respondeu-lhe o Mestre: não é só isso. É preciso, também, incluir a prática do não-julgamento. Deve-se começar iniciando por uma hora, duas horas, até chegarmos a fazê-lo durante um dia, um mês, e assim por diante, dizendo mais ou menos assim: a partir de hoje não vou julgar ninguém e nada que vir a acontecer; não vou criticar e nem falar ou fazer mal juízo de ninguém. Estou em paz e desejo sucesso e bem-estar para todos. Assim seja.
Por fim, disse o Mestre: o homem, meu jovem discípulo, só fala daquilo que está cheio o seu coração. Então, que tal tirar do seu coração esses assuntos ruins e colocar, no seu lugar, outros que falem da beleza, da alegria e da felicidade; não é mesmo?
A bem da verdade, será que não está faltando colocar mais Deus em nossos corações?
Ah! você não sabe onde encontrá-Lo?
Pois eu vou lhe revelar um grande segredo: Ele está bem aí, no silêncio profundo do seu Eu Interior !
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