O NARRADOR

O NARRADOR

Pela sinonímia natural, narrador é aquele que narra ou conta, locutor que lê a narração, personagem que exerce a função de intermediário ou mediador entre a ação da peça e o público. Informando-se este das peripécias e intrigas, que porventura existam. Aqui, nos prendemos mais ao narrador esportivo, que sai do rol do estúdio para o ciclo dos estádios, com atribuição de realizar transmissões esportivas. Os jornalistas não diferem, visto que a intenção é a mesma, fazer o jornalismo esportivo. Locutor ou narrador, no passado exercia o papel de um showman, pela habilidade, facilidade em soltar a voz, um pulmão sadio, e boa saúde. Condições inalienáveis, ou sine qua nom, para angariarem simpatizantes e assimilar algum detalhe, para aumentar seu carisma e popularidade. O narrador deve ser eclético! Narrar futebol, vôlei, basquete, corrida de cavalos, fórmula 1, box, e outros esportes, com amor e garra, não deve ser obstáculo para um excelente narrador, pois a beleza, a entonação da voz, tornava-o uma celebridade.

Ficar conhecido no país inteiro. Visto que o rádio tem o poder de penetração muito grande. Normalmente, o esquema de narração se desenvolve com um narrador postado em uma cabine, de preferência no centro do estádio, um comentarista, um repórter atrás de cada trave, um plantão esportivo atuante. O plantonista enquanto informa proporciona um descanso vocal para o narrador e deixa o ouvinte bem informado de outras refregas, e competições que acontecem em outras plagas. O narrador que se prende demais a narração de futebol acaba esquecendo informações importantes que acontecem nas praças de esportes. Bola fora de jogo, opiniões abalizadas do comentarista ou dos repórteres. Esse estilo marcou o Brasil com grandes nomes, não iremos citar, para não cometermos injustiças. A falta de ética profissional se perpetua, quando o narrador deixa transparecer nitidamente sua paixão, por uma equipe de futebol. Nunca deve ser narrador exclusivo de um clube. Isso cria um mal estar entre torcedores, a semente da falta de ética esportiva cresce, podendo prejudicar o prestígio do profissional de esportes. Persistindo essa paixão por determinado clube, que não é difícil de acontecer, o narrador estará irremediavelmente perdido, criando uma via-crúcis de emissoras em emissoras. Paternalismo ou promiscuidade com dirigentes, treinadores, jogadores, torcedores, jamais! Essas mazelas denigrem a imagem de qualquer narrador e estará irremediavelmente comprometido.

O narrador que usa muito rápido a sua voz, deixa o ouvinte tonto e sem nada compreender, a situação passa de agradável para suspense. O rádio mostra todas as nuanças do narrador, sua empolgação mostra um show que na verdade é só ficção e a realidade vem à tona quando o ouvinte se encontra in loco e com um radinho ao ouvido. A partida pode ser narrada com certo clima de volúpia, mas não devem acontecer exageros, pois a realidade é outra totalmente diferente. A televisão mudou as narrações? Diremos que não! Por ser ao vivo e em cores, o telespectador tem o manejo da visão concatenado com as câmeras. Não exige que o narrador preencha os espaços vazios, à narração televisiva exige menos do narrador e nesses detalhes deve ser criativo. O narrador de rádio nunca deverá criar um espetáculo de imaginação, pois se assim agir, estará indo de encontro o que preceitua o jornalismo esportivo. Usar termos pejorativos e de humor desagradável não é recomendado. A dinâmica está acima de tudo! Saber falar outras línguas é uma boa pedida, pois transmissões de jogos internacionais o estrangeirismo deve ser usado. Um cuidado constante, pronunciar corretamente os nomes de atletas estrangeiros. Cuidado com os jargões, como: time (A) a direita de seu rádio. As gírias devem ser evitadas, o uso anacrônico como: “pai da jogada, monumento do esporte, lenda viva, rei do futebol entre outros”, também. Existem narradores que falam tão rápido que perdem os lances de gol e deixam os ouvintes sem entender nada e a ver navios. A responsabilidade e o cuidado em executar tudo certo não é responsabilidade só do narrador, mas de toda sua equipe.

O comentarista de arbitragem deveria ser um radialista, ou mesmo um jornalista, visto que o árbitro criticar outro, incorrerá na desobediência da ética esportiva. O antiético não deve tomar assento no jornalismo esportivo. Jogadores de futebol e árbitros estão participando do jornalismo esportivo por apadrinhamento, por amizade ou pelo QI (quem indica). Essas mazelas e outras nuanças fazem com que o clima dentro das emissoras seja verdadeiras batalhas campais. As paixões falam mais altas e quem padece são os corações. Esses acontecimentos contribuem para o decréscimo vertiginoso do futebol. Alguns narradores agem assim em proveito próprio e as conseqüências danosas serão absorvidas pelos clubes. Tanto é verdade que grandes equipes de futebol, hoje não passam de meros timinhos.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-JORNALISTA/ MEMBRO DA ACI E ACADÊMICO DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 20/03/2007
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