AS LIÇÕES NUNCA APRENDIDAS
No domingo, eu acordei quando o sérvio Novak Djokovic acabava de empatar a final do Aberto da Austrália. Depois, vi Djokovic ele fazer 3x1, e 4x1. E para a minha alegria, conquistar o título pela terceira vez consecutiva. Uma façanha que poucos tenistas conseguiram.
Com a rotina quebrada, e pensando primeiro nas coisas do coração, abri as primeiras páginas de notícias da internet quase às 11 horas da manhã. Então, como deve ter acontecido com milhões de brasileiros, fiquei sabendo da tragédia dos gaúchos. Tragédias dessa magnitude sempre nos comovem num primeiro momento.
Depois, à medida que informações antes desencontradas, vão se confirmando, a comoção abre espaço para a revolta. Isso não é uma exceção. É a regra. Centenas têm de perder a vida, para se descobrir depois que tudo estava errado. O pior é a pergunta que deve ser feita. Quando vamos acertar? Aprender as lições
Agora fica fácil apontar o dedo para os donos e dizer: Eles são os culpados. Assim como a nossa comoção e revolta tem o tamanho de um passo de galinha, a sociedade é expert em se isentar de culpa. Uma das informações é de que o alvará de funcionamento estava vencido há sete meses.
E garanto que agora, muitos engenheiros dirão que naquele lugar não poderia funcionar uma boate. Por algum tempo, ficaremos sabendo de muitas coisas que não poderia. Infelizmente elas continuarão acontecendo de norte a sul do Brasil. Um ponto para a presidente Dilma Rousseff, que deixou a política de lado, para estar perto da tragédia.
Eu me comovi com a morte de centenas de jovens. No entanto, devo dizer que passei uma semana assistindo ao programa “Brasil Urgente” da TV Bandeirantes. O assunto da minha coluna seria as tragédias silenciosas das nossas metrópoles. Mortes violentas de mulheres, homens e crianças inocentes.
Essas tragédias também deveriam comover a sociedade e os políticos. E não é isso que acontece. Estamos perdendo a nossa liberdade para o crime. Perder a vida numa esquina entrou para o script da banalidade. Tiros na cabeça estão com mais frequência em nosso cotidiano. Quase como comer, beber e dormir.
Então, quando ficamos sabendo da gestação do novo Código Penal. E que nele as penas para quem maltrata um animal, são maiores do que para quem maltrata uma criança ou um idoso, é desesperador. Estamos prestes a completar a nossa inversão de valores. Estamos criando um novo script em nosso cotidiano. Cada vez mais, veremos assassinos saindo pela porta da frente das nossas cadeias. Se eles não mataram um gato, ou um cachorro.