SEU OSVALDO PINA
SEU OSVALDO PINA
Por Aderson Machado.
Osvaldo Pina de Albuquerque. Era esse o seu nome de batismo. Mas o chamávamos de Seu Osvaldo, esse areiense batalhador e um verdadeiro guerreiro, no melhor dos sentidos. Fora casado quatro vezes, e enviuvou três. O primeiro casamento aconteceu em 1927, tendo como esposa D. Almerinda Lemos Pina. Dessa união teve os seguintes filhos: Amaury (in memoriam), Maria Cecília (Celi), Juraci, Moacir (in memoriam), Abigail, Marli e Hermano (in memoriam). Vale lembrar que Seu Osvaldo era primo legítimo de D. Almerinda e, em 1940, casou com sua prima segunda, que foi a minha saudosa tia Nenzinha, com a qual teve os seguintes primos meus: Vilibaldo, Tarcísio, Neidinha, Nereide, Rômulo e Sineide.
Quando enviuvou de tia Nenzinha, Seu Osvaldo ainda casou duas vezes, sendo que sua última esposa chamava-se Lili, que era virgem e tinha 66 anos. Porém não houve filhos com as duas últimas esposas.
Seu Osvaldo viveu toda a sua vida do trabalho e para o trabalho. Apesar de ter pouco estudo, era um homem inteligente, perspicaz, cauteloso e comedido. Assim, sempre era bem-sucedido nos negócios que fazia.
Foi agricultor, pecuarista e dono de vários engenhos de cana-de-açúcar. Por sinal, um desses engenhos ficava de frente da casa dos meus pais. Assim, eu e os meus irmãos só vivíamos lá comendo mel e tomando garapa. Era um verdadeiro céu de brigadeiro para nós, meninos.
Para os padrões da época e da região do brejo paraibano, Seu Osvaldo era considerado um homem rico. Além das propriedades e engenhos que possuía, ele tinha caminhões, carro de passeio, tratores e muito mais. Também era dono de muitas cabeças-de-gado.
Apesar de todos esses bens materiais, ele não era um homem de luxo. Com efeito, pelo menos em termos de viajar, não me consta que ele conhecia o Brasil, e muito menos o exterior. Na verdade, ele trabalhou duro com o fito de criar e proporcionar uma boa educação para todos os filhos, o que, efetivamente, aconteceu.
Seu Osvaldo Pina era uma pessoa tipo extrovertida, e bem-humorada. Nunca reclamou da vida, nem nos momentos mais obscuros. Tinha um bom relacionamento com todos, e era assaz receptivo. Recebia, de bom grado, todos quantos batessem na sua porta. Eu mesmo, por várias oportunidades, fui seu hóspede.
No que diz respeito a seu lado descontraído, ainda me lembro de algumas pérolas contadas por ele. Certa feita, lá em casa, ele disse para a minha mãe: “Dona Adélia, os trabalhadores do meu engenho só vivem chamando ‘nome’. Quando é de manhã, a cantiga é cachorro da mulésta; quando é de tarde, é mulésta do cachorro. É assim todos os dias da semana.”
Com esse seu jeito descontraído, ele enfrentava a vida numa boa. Talvez, por isso, apesar de ele ter encontrado algumas pedras no caminho de sua vida, veio a falecer com mais de 84 anos, deixando, como maior legado, a família educada. A propósito, é importante frisar que seus filhos estudaram nos melhores colégios, quer em Areia, quer na capital paraibana.
Conforme já foi dito, Seu Osvaldo Pina vivia do trabalho e para o trabalho. Como consequência, ele pouco visitava a casa dos familiares e amigos. Quando o fazia, com certeza era tratando de algum negócio importante.
Por fim, devo dizer que esses são alguns tópicos sobre a vida e a personalidade do saudoso Seu Osvaldo Pina, porquanto, se fosse entrar em detalhes, com certeza a sua história iria se transformar em um livro. Num belo livro, aliás.
Acrescento, ainda, que Seu Osvaldo foi um bom pai, bom esposo, e amigo de todos que o cercaram.
Que Deus o tenha em bom lugar.
João Pessoa, em 17 de março de 2012.