A SECA NO NORDESTE
A SECA NO NORDESTE
Por Aderson Machado.
Desde tempos imemoriais, o fenômeno da estiagem, no Nordeste brasileiro, é uma realidade nua e crua. Por isso, ainda no regime Imperial, o Imperador D. Pedro II já se preocupava com esse problema, que tanto tem castigado, principalmente os nossos irmãos sertanejos pelo Nordeste afora.
Com efeito, dir-se-ia que esse projeto de transposição das águas do Rio São Francisco já era uma ideia do Imperador em apreço.
Pois bem, passados 108 anos após ter terminado o regime Imperial, eis que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente tirou do papel esse projeto de transposição. Os trabalhos começaram em 2007, com previsão inicial de conclusão em 2010. Já estamos em 2012, e, infelizmente, por motivos de diversas ordens, o projeto não foi concluído no tempo aprazado. Na verdade, os serviços sequer atingiram a metade do cronograma. E para piorar a situação, exatamente neste ano de 2012, o Sertão do Nordeste, bem como grande parte do litoral, está sofrendo uma das maiores secas dos últimos anos. A propósito, eu, que resido e trabalho no sertão pernambucano há 34 anos, sinceramente nunca presenciei uma seca de tal magnitude.
Como consequência desse estado de coisas, um sem-número de municípios já decretou estado de calamidade pública.
O que se discute e se lamenta, é que esse problema que ora os sertanejos estão vivenciando, poderia ser amenizado, caso o malfadado projeto – eu digo malfadado porque o projeto fora mal-elaborado - de transposição do São Francisco estivesse concluído. Afinal de contas, um dos objetivos desse Projeto era exatamente resolver a problemática da falta de água no caso das estiagens mais prolongadas, como ora, efetivamente, está acontecendo.
Como medida paliativa, os governos estaduais estão liberando dinheiro para as prefeituras, para que estas disponibilizem os chamados carros-pipa, apenas para, pelo menos, saciar a sede dos sofridos sertanejos, o que é muito pouco, diga-se de passagem.
É claro que os meteorologistas têm uma explicação técnica para esta terrível falta de chuva. Porém eles não podem fazer absolutamente nada para amenizar os problemas decorrentes da escassez das chuvas. Eles podem, sim, alertar os governantes com relação à iminência da seca, cabendo a estes tomarem as devidas providências no sentido de, pelo menos, amenizar o sofrimento das vítimas desse fenômeno tão devastador, que, como já frisei, é milenar.
Mesmo sabendo que o problema é sério, muito sério, os nossos governantes, a meu ver, estão demorando demais para solucionar esse caos de uma maneira definitiva, e não paliativa.
A pergunta que se faz é: Até quando os nordestinos vão continuar sofrendo com a seca? Ao que parece, entra governo, sai governo, e não se vislumbra uma prioridade para a solução do problema em questão.
Esse estado de coisas é profundamente lamentável!