Tristeza infindável, lacuna da alma.
Tristeza infindável, olhar para dentro, e encontrar um espaço sem fim. A vida nos propõe isso e geralmente sequer proposta é, é uma imposição, enfrentarmos aquilo que nos aflige. A falta de algo, algo para se sentir, pra nos fazer mover, nos permitir sonhar, nos fazer sentir acordados. Em todas as aulas que se pode ter da anatomia humana, nunca encontraremos, mesmo que pequenos espaços existam, ou que exista o espaço. Algo que corresponda a lacuna destinada a alma. Conhecemos o seu tamanho diante da grande exclamação da vida: O que é mesmo que se tem?
O que é mesmo que eu tenho que não permite me sentir cheio, como meu estômago diante do almoço e da sobremesa do domingo. É o coração que tem esse espaço tão grande assim? Ou o cérebro? Onde se esconde a tal da alma? Diante de tudo aquilo que se pode conquistar, ou daquilo que se pode comprar é quando a solidão bate a nossa porta, não, não ela não bate, chega silenciosamente ao som da televisão ligada, dos carros da rua ou das risadas histéricas dos vizinhos e nos questiona, porque aquilo que tenho não me basta não me preenche, porque sobra tanta falta. Se já vivemos, nos emocionamos, já vencemos ou aprendemos com a derrota?
Pelo jeito, cabe concordar com o filosofo: "Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti." Já dizia Santo Agostinho. Deus de alguma forma nos programou para isso, não há sequer alternativa. Pensando bem alternativa há, menti na minha afirmação, todo esse vazio pode claramente passar despercebido se conseguirmos ao invés de preenchê-lo nos esquecermos dele, a dificuldade que percebi é que, esquecer que há algo para ser preenchido torna-se cada vez mais difícil ao longo dos anos. Algo ou alguém vão fazer nos lembrar dele.
Sendo fruto do amor paternal de Deus e outrora tocados por Ele em nossa criação, teremos sempre a sensação da nossa alma querer voltar para seu ponto inicial, o ponto da criação, um tanto quanto ignorante, mas tão grande quanto sua pureza. Sentiremos impulsionados de volta, não nos conformando com as prisões, com as mágoas e a sensação de estar só. Deus nos traz sonhos para sonhar, apagá-los é esvaziar-se de si. É chocar-se com a parede, dar nó cego, perder o tato da vida.
Esse algo, gene, trecho de DNA que Deus nos colocou é o motivo da nossa tristeza, é não se conformar com o pouco, com o nada, com a falta. Ele em momento algum nos queria de volta sem nada para mostrar. O vazio da alma, o sofrimento, a dor é o lembrete de Deus, uma das suas conexões diretas com a alma para não nos esquecermos daquilo que nascemos para nos tornar.