Intrépidas Mulheres Brasileiras do Nordeste

Por: Carlos Henrique Mascarenhas Pires

A mulher brasileira é uma guerreira por casta, mas a mulher nordestina é bélica; parece ser perpetrada do mais puro aço; e harmonizada sob-bigorna de diamante.

Nasce desditosa na maioria dos casos; raramente consegue escolher com quem quer se matrimoniar. É imposta a parir meia, às vezes uma dúzia de progênies na esperança de um dia se enxergar acastelada por algum tipo de desvelo. Quando tem sorte, o marido permanece na penumbra da civilidade para lhe trazer o que comer; e quando a sorte lhe foge por completo, ou perde o marido para os guarneçais e a bebida, ou tem que enfrentar dura estiagem que lhe escasseia água e comida; não é raro vê-la vivendo ambos os casos...

Vive de uma esmola social e oblatas fantasmáticas; rezando sempre para uma imagem essencialmente pura lhe proteger da desdita maior; a morte.

A mulher nordestina não se intimida diante de um martelo e uma montanha de pedras para desfazê-la em duros empuxos, debaixo de sol escaldante. Uma mulher que se orgulha de no final do dia conseguir alguns trocados de forma incorruptível, reta, virtuosa!

Quando do aparecimento de alguma garoa miúda que faz crescer um ramozinho de capim, lá está ela incentivando uma cabra ou duas galinhas a engordar; olhando pro alto e agradecendo a Deus por não tê-la esquecido...

A mulher nordestina nasce, cresce e morre injustiçada. Governos não a distinguem; maridos a expelem; e até os filhos a olvida. Ela serve para votar e engrossar a estatística que traz mais verbas para algum canalha eleito!

Este é o apropriado perfil daquela mulher que nasce desde a minha terra, até a parte mais alta de nosso mapa. Uma mulher valente, cheia de altivezes, coberta de ética e com uma ambição anômala de vencer; e derrotar a desgraça, para a maioria delas, é conseguir um pão com café pela manhã e uma jantinha no final do dia.

A mulher nordestina não podia ser chamada de mulher; a tradução mais virtuosa para se classificar este tipo de brasileira é: intrepidez!

Eu a admiro, Mulheres Intrépidas de meu Nordeste esfolado; terra e povo que são esquecidos pelo tempo e pelos homens do Poder!