Quando o deserto chegar...
O Brasil é dotado de extensa extensão territorial, com isso é atingindo por diferentes condições climáticas, o que afeta o solo, a abundância ou a falta de água e por fim as condições de vida, a expectativa de vida e aquilo que se aspira da vida em determinadas regiões. Foi assistindo uma reportagem na TV que vi a história de uma família que vivia no agreste nordestino, a falta de água é clara e conhecida por todos, as grandes distâncias percorridas para encontrá-la ou não encontra-lá também. O homem de uma família fez um poço de grande fundura a fim de procurar água, depois de muito cavar e esperar encontrou uma água suja e de gosto ruim. Mas vi que a esperança mesmo numa condição tão ruim e diferente da de muitos permanecia em seus olhos.
O que tenho percebido que vida em si é um grande retrato de Deus, uma forma de metáfora para podermos saber um pouco mais Dele, entedê-lo e encontrá-lo através de experiências uns dos outros. Jesus disse que a água que Ele nos daria é uma água viva, pura, purificadora, libertadora. Através daquilo que Jesus fazia na vida das pessoas e posteriormente relatado pelas comunidades é que conhecemos aquilo que Ele pode fazer em nós.
Mas nem sempre o tempo é de colheita, ás vezes, o agreste que atinge o nordeste é o mesmo que rodeia o nosso coração, alma e personalidade. Talvez um grande erro ou porque aprendemos assim é associar Deus com fatos, pessoas e emoções. É fácil precisar quando preciso. É fácil ter fé quando nos resta só a oração. É fácil ter esperança na tempestade, é fácil crer durante a bonança. Quando associamos Deus a tudo isso, Ele nos é facilmente levado, nós nos roubamos e tiramos aquilo que Ele realmente é. Associar Deus a emoções e passar a vida buscando por essa emoção é procurar por tudo, menos a Deus. Pessoas nos são levadas, pessoas se levam da gente, a vida nos leva para longe delas e associações erradas também nos tiram o Deus criado por nós.
É quando nos encontramos absolutamente sem nada, quando as pessoas não estão por perto, quando não se espera por grandes emoções, grandes eventos, quando perdemos o conceito de Deus e de fé. Quando o agreste nos ataca, não há palavra, sequer lembrança que nos faça lembrar de quem é Deus, quando toda associação errada não está lá, quando se perde tudo, quando o sofrimento não bate a nossa porta ele entra e nos devasta, mata nossa esperança, fé, confunde o nosso eu. Quando adotamos medidas ateias e descobrimos que podemos ir adiante sem juntar nossas mãos e rezar, sem precisar nos render Deus algum. Quando o choro dura uma noite e ele volta pela manhã. Cavamos grandes profundezas no nosso coração e encontramos uma água suja e gosto ruim. É aí. Que deve nascer a fé. A fé do grão de mostarda, pequena, mas que faz florescer.
Nos tornamos um solo infértil, incapaz de fazer o bem ao outro, quando estamos preocupados somente com aquilo que sentimos, com aquilo que podemos fazer sozinhos. É aí que temos que buscar no mais profundo do nosso ser e é claro que não encontraremos nada mas podemos escolher de ter fé, de acreditar que nas adversidades, e quando o clima não está bom, é que podemos fazer uma escolha e responder a Deus: eu escolhi por não ter nada a esperar. Eu não escolhi para ser consolado, não para ter um conforto que a fé me dá. Eu escolhi porque te quero perto, porque quero Deus perto de mim, mesmo sem fatos, sem emoções, sem pessoas. Eu quero o Deus puro e tudo aquilo que Ele tem para mim e não aquilo que eu tenho para Ele. É no sufoco da alma, da podridão do ser, na falta de esperança, é quando a chuva não vem. No momento em que não conseguimos atribuir nada a Deus é que deve nascer a fé e a forma mais pura que deve existir dela, a água viva que Jesus nos prometeu. Portanto, independente do agreste que nos atinge, esse é o momento ideal não para provar nada a Deus, mas para podermos provar de uma fé diferente, da que nos permite acreditar e não esperar por nada além de Deus.