Vou destacar os seguintes versículos do Evangelho de Lucas:
57 E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.
58 E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
59 E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai.
60 Mas Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, porém tu vai e anuncia o reino de Deus.
1- Se alimentamos a idéia de que o nada surge a partir do fenômeno que encerra a vida, a morte.
Se não acreditamos no porvir, achando que a matéria explica tudo ou, ainda que não explique, é a única realidade,
Se interpretamos a continuidade da vida como uma bela quimera embalando sonhos e animando almas românticas as quais assim tentam disfarçar as asperezas de uma jornada freqüentemente árdua, dura e cruel,
Caso pensemos dessa maneira, o que nós somos?
Mortos, ou seja, daqui a trinta, quarenta, oitenta ou, no máximo, cem anos, qualquer recém-nascido abandonará tudo que sempre existiu, pois nada mais há, nada mais existirá, enfim, seja imediatamente, um pouco demorado ou bastante tardio, nós caminhamos para a sepultura, o fim, a destruição impiedosa.
Restará aos que ficam recordar nossas realizações, nosso modo de ser, porém o tempo implacável fará que sejamos esquecidos em definitivo.
Triste, não?
Pouco interessa, entretanto, se isso tudo é belo ou feio, pois, caso nada exista além da vida presente, eis a dura verdade.
Enfim, todas as pessoas são, cedo ou tarde, mortos, defuntos, almas que não existem mais.
Neles Jesus pensava quando proferiu tal frase.
“Fique tranqüilo! Os outros mortos enterrarão esse que morreu agora. Você, que acredita em algo mais, venha comigo espalhar a minha mensagem aos mortos que quiserem escutar, para que eles aprendam que, na verdade, na Terra ou fora dela, todos estão vivos.”
2- Essa opinião, um suposto pensamento que ouso destacar, encerra algumas análises filosóficas em si.
Todas as pessoas, a partir do instante que nascem, caminham para o fenômeno inexorável da morte.
Somos todos, então, mortos?
Todos os homens morrerão. Isso parece ser incontestável.
Mas há diferenças óbvias peculiares ao pensamento materialista e espiritualista.
O espiritualista imagina algo mais depois da vida. Para ele a vida não se limita ao nascer e morrer, a mesma prossegue além dos limites temporais e espaciais.
Não interessa discutir se o indivíduo espiritualista aceita as vidas sucessivas ou admite que há apenas uma vida.
Ele prosseguirá eternamente numa realidade diferente da material, num mundo espiritual, independente de como ele concebe tal mundo.
Vale ressaltar que destaquei o modo de pensar do materialista e do espiritualista.
Eu não disse É assim ou é assado.
Certamente tenho a minha opinião, porém o objetivo aqui é associar o modo de pensar referente ao porvir à frase do querido Rabi da Galiléia.
3- Uma diferença fundamental entre as duas formas de conceber o término dessa existência tem a ver com o modo de enxergar a vida atual, implicando no comportamento do indivíduo durante essa jornada.
O materialista deve correr contra o tempo durante todo o tempo já que amanhã, talvez daqui a pouco, ele sucumbirá.
Daí a ênfase ao sucesso passageiro ganhar um foco digno de nota.
Não gozar da fama, do dinheiro, dos prazeres carnais ao máximo seria uma lástima, pois, durante a rápida estada na pousada terrena, é importante ao máximo desfrutar, ter, sorrir, ainda que a satisfação de todos os desejos não impeça que logo mais tudo termine e seja tão pouco importante como é a própria vida.
O espiritualista terá, de certa forma, o consolo de que tudo aqui é temporário, que há um porvir o aguardando.
Ele não viverá ansioso por ter e gozar.
Buscará o sucesso, o bem-estar material, porém imaginamos que sempre levará em consideração o porvir após a viagem definitiva.
Vale a pena realizar a indagação se está se preparando bem para o que virá depois.
Vale a pena essa pessoa questionar se não está agindo como um morto que enterra mortos.
4- O texto bíblico destacado não sugere um desdém ao ato de sepultar as pessoas que nos são caras.
Nada disso!
Apenas é uma oportunidade que Jesus soube aproveitar a fim de instigar os homens a uma oportuna reflexão a respeito dos dois temas, vida e morte, com sabedoria.
Percebam que Jesus não somente pregou uma bela e profunda mensagem, ele a viveu.
Ele falou no amor como a melhor atitude; ele muito amou.
Ele falou sobre o desapego às coisas materiais; ele nem sequer tinha onde reclinar a cabeça.
Ele ensinou a ter paciência; enquanto os discípulos gritavam desesperados porque o barco parecia sucumbir nas águas, ele dormia tranqüilo.
Ele recomendou a plena confiança no Pai; sereno enfrentou o julgamento arbitrário que culminou na cruel crucificação.
Ele falou demais sobre O Reino dos Céus; saiu desse mundo humilhado numa cruz, porém confiante demais no porvir glorioso para onde partiu, confirmando Sua imortalidade quando ressuscitou vitorioso.
Enfim, Jesus enfatiza, nesses versículos sublimes, a importância real da vida atual, a transitoriedade dela e a coerência que devemos ter em todos os nossos atos durante essa jornada.
5- Imagino que ele gostaria de ter dito:
"Deixa os vivos sepultarem os seus vivos. Aliás, eu vou contigo acompanhar tal cerimônia."
É outro foco, um ponto de vista bem diferente do habitual.
Somos vivos, pois estamos respirando num corpo em atividade, porém, depois que o coração parar de bater, prosseguiremos a vida universal.
Somos vivos também porque pensamos positivo, carregamos o amor, o afeto, o carinho, a paciência, a fé e a coragem de realizar.
O desespero o qual parece prevalecer, num mundo cheio de loucuras, não nos assusta nem paralisa as nossas iniciativas saudáveis.
O sangue circula e a alma pulsa seguindo os impulsos e a Vontade do Pai de bondade.
Dessa forma, todas as torpezas, as maldades, as escolhas infelizes que o ser humano faz, as terríveis tragédias experimentadas, as dores visitando as nossas portas perdem a força, pois, se nada mais puder atenuar as aflições, se a esperança humana se esgotar, há algo mais, haverá sempre um consolo já que a vida continua e Deus nunca nos abandonou.
Seremos, então, sempre vivos que, vendo alguém próximo partir antes da nossa partida, iremos sepultá-lo com a certeza de revê-lo mais tarde.
Nada de chorar os mortos!
Nada de viver como um morto!
Nada de imaginar os que partiram como mortos!
Saibamos viver dignamente, com intensidade, com nobreza, confiantes em Deus, desejando ressaltar o estímulo divino em tudo que existe.
Eis o que a frase destacada sugere a mim.
Um abraço!
57 E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.
58 E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
59 E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai.
60 Mas Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, porém tu vai e anuncia o reino de Deus.
1- Se alimentamos a idéia de que o nada surge a partir do fenômeno que encerra a vida, a morte.
Se não acreditamos no porvir, achando que a matéria explica tudo ou, ainda que não explique, é a única realidade,
Se interpretamos a continuidade da vida como uma bela quimera embalando sonhos e animando almas românticas as quais assim tentam disfarçar as asperezas de uma jornada freqüentemente árdua, dura e cruel,
Caso pensemos dessa maneira, o que nós somos?
Mortos, ou seja, daqui a trinta, quarenta, oitenta ou, no máximo, cem anos, qualquer recém-nascido abandonará tudo que sempre existiu, pois nada mais há, nada mais existirá, enfim, seja imediatamente, um pouco demorado ou bastante tardio, nós caminhamos para a sepultura, o fim, a destruição impiedosa.
Restará aos que ficam recordar nossas realizações, nosso modo de ser, porém o tempo implacável fará que sejamos esquecidos em definitivo.
Triste, não?
Pouco interessa, entretanto, se isso tudo é belo ou feio, pois, caso nada exista além da vida presente, eis a dura verdade.
Enfim, todas as pessoas são, cedo ou tarde, mortos, defuntos, almas que não existem mais.
Neles Jesus pensava quando proferiu tal frase.
“Fique tranqüilo! Os outros mortos enterrarão esse que morreu agora. Você, que acredita em algo mais, venha comigo espalhar a minha mensagem aos mortos que quiserem escutar, para que eles aprendam que, na verdade, na Terra ou fora dela, todos estão vivos.”
2- Essa opinião, um suposto pensamento que ouso destacar, encerra algumas análises filosóficas em si.
Todas as pessoas, a partir do instante que nascem, caminham para o fenômeno inexorável da morte.
Somos todos, então, mortos?
Todos os homens morrerão. Isso parece ser incontestável.
Mas há diferenças óbvias peculiares ao pensamento materialista e espiritualista.
O espiritualista imagina algo mais depois da vida. Para ele a vida não se limita ao nascer e morrer, a mesma prossegue além dos limites temporais e espaciais.
Não interessa discutir se o indivíduo espiritualista aceita as vidas sucessivas ou admite que há apenas uma vida.
Ele prosseguirá eternamente numa realidade diferente da material, num mundo espiritual, independente de como ele concebe tal mundo.
Vale ressaltar que destaquei o modo de pensar do materialista e do espiritualista.
Eu não disse É assim ou é assado.
Certamente tenho a minha opinião, porém o objetivo aqui é associar o modo de pensar referente ao porvir à frase do querido Rabi da Galiléia.
3- Uma diferença fundamental entre as duas formas de conceber o término dessa existência tem a ver com o modo de enxergar a vida atual, implicando no comportamento do indivíduo durante essa jornada.
O materialista deve correr contra o tempo durante todo o tempo já que amanhã, talvez daqui a pouco, ele sucumbirá.
Daí a ênfase ao sucesso passageiro ganhar um foco digno de nota.
Não gozar da fama, do dinheiro, dos prazeres carnais ao máximo seria uma lástima, pois, durante a rápida estada na pousada terrena, é importante ao máximo desfrutar, ter, sorrir, ainda que a satisfação de todos os desejos não impeça que logo mais tudo termine e seja tão pouco importante como é a própria vida.
O espiritualista terá, de certa forma, o consolo de que tudo aqui é temporário, que há um porvir o aguardando.
Ele não viverá ansioso por ter e gozar.
Buscará o sucesso, o bem-estar material, porém imaginamos que sempre levará em consideração o porvir após a viagem definitiva.
Vale a pena realizar a indagação se está se preparando bem para o que virá depois.
Vale a pena essa pessoa questionar se não está agindo como um morto que enterra mortos.
4- O texto bíblico destacado não sugere um desdém ao ato de sepultar as pessoas que nos são caras.
Nada disso!
Apenas é uma oportunidade que Jesus soube aproveitar a fim de instigar os homens a uma oportuna reflexão a respeito dos dois temas, vida e morte, com sabedoria.
Percebam que Jesus não somente pregou uma bela e profunda mensagem, ele a viveu.
Ele falou no amor como a melhor atitude; ele muito amou.
Ele falou sobre o desapego às coisas materiais; ele nem sequer tinha onde reclinar a cabeça.
Ele ensinou a ter paciência; enquanto os discípulos gritavam desesperados porque o barco parecia sucumbir nas águas, ele dormia tranqüilo.
Ele recomendou a plena confiança no Pai; sereno enfrentou o julgamento arbitrário que culminou na cruel crucificação.
Ele falou demais sobre O Reino dos Céus; saiu desse mundo humilhado numa cruz, porém confiante demais no porvir glorioso para onde partiu, confirmando Sua imortalidade quando ressuscitou vitorioso.
Enfim, Jesus enfatiza, nesses versículos sublimes, a importância real da vida atual, a transitoriedade dela e a coerência que devemos ter em todos os nossos atos durante essa jornada.
5- Imagino que ele gostaria de ter dito:
"Deixa os vivos sepultarem os seus vivos. Aliás, eu vou contigo acompanhar tal cerimônia."
É outro foco, um ponto de vista bem diferente do habitual.
Somos vivos, pois estamos respirando num corpo em atividade, porém, depois que o coração parar de bater, prosseguiremos a vida universal.
Somos vivos também porque pensamos positivo, carregamos o amor, o afeto, o carinho, a paciência, a fé e a coragem de realizar.
O desespero o qual parece prevalecer, num mundo cheio de loucuras, não nos assusta nem paralisa as nossas iniciativas saudáveis.
O sangue circula e a alma pulsa seguindo os impulsos e a Vontade do Pai de bondade.
Dessa forma, todas as torpezas, as maldades, as escolhas infelizes que o ser humano faz, as terríveis tragédias experimentadas, as dores visitando as nossas portas perdem a força, pois, se nada mais puder atenuar as aflições, se a esperança humana se esgotar, há algo mais, haverá sempre um consolo já que a vida continua e Deus nunca nos abandonou.
Seremos, então, sempre vivos que, vendo alguém próximo partir antes da nossa partida, iremos sepultá-lo com a certeza de revê-lo mais tarde.
Nada de chorar os mortos!
Nada de viver como um morto!
Nada de imaginar os que partiram como mortos!
Saibamos viver dignamente, com intensidade, com nobreza, confiantes em Deus, desejando ressaltar o estímulo divino em tudo que existe.
Eis o que a frase destacada sugere a mim.
Um abraço!