COISAS DO DESTINO
COISAS DO DESTINO
Por Aderson Machado.
Era ainda um menino de calças curtas, quando comecei a escutar, no RCA VICTOR do meu velho pai, as músicas cognominadas de forró, tendo como carro-chefe Luiz Gonzaga. Por essa época eu morava na zona rural do município de Areia/PB. O grande Luiz Gonzaga, como todos sabemos, era natural de Exu, cidade pernambucana situada no Sertão do Araripe, mas logo cedo ele foi morar no Sul do Brasil, onde fez fama e sucesso, divulgando o nosso sofrido Nordeste através de suas famosas canções, escritas por grandes compositores, como Humberto Teixeira, Zé Dantas e outros mais.
Pois bem, dentre os grandes sucessos do Gonzagão, dois deles me chamaram a atenção: RIACHO DO NAVIO e MEU PAJEÚ. Muito embora não soubesse onde se situavam o Riacho do Navio e o Rio Pajeú – dois importantes rios do sertão pernambucano -, eu adorava essas músicas enquanto melodia.
Reportando-me ao histórico das canções supracitadas, devo frisar dois fatos relevantes: O Riacho do Navio nasce e deságua no município de Floresta/PE, enquanto que a música MEU PAJEÚ foi feita em homenagem ao cinquentenário dessa mesma cidade, fato esse ocorrido no ano de 1957. Porém a música-homenagem só foi lançada em 1958.
Mas, afinal de contas, aonde eu quero chegar com toda essa explanação? É que, vinte anos depois do lançamento de MEU PAJEÚ, eu fui trabalhar e morar exatamente em Floresta/PE, onde estou até esta data. Portanto, já faz 33 anos e lá vai fumaça!
Quer dizer, moro, esse tempo todo, na região que faz parte do cenário das músicas que tanto gostava – e ainda gosto – nos meus tempos de criança. Coisas do destino!
Por sinal, com relação à música MEU PAJEÚ, há uns versos que dizem: “No dia que eu voltar/Vou fazer uma seresta/Vou rezar uma novena/Ao Bom Jesus da Floresta”. É bom lembrar que o Padroeiro de Floresta é precisamente o BOM JESUS DOS AFLITOS. A propósito, eu e minha esposa Sandra fomos o casal Presidente dessa festa, em 1999, o que representou, principalmente para mim, uma grande honra.
Por morar em Pernambuco, tive a oportunidade de conhecer de perto Luiz Gonzaga, muito embora não tivesse privado de sua amizade. Mas isso pra mim não teve muita importância, porquanto admirava mesmo era o artista em apreço, que, apesar de ser um matuto civilizado, foi o grande responsável por criar o ritmo chamado Baião, tanto é assim que Luiz Gonzaga ficou conhecido como o Rei do Baião, da mesma forma que Roberto Carlos é o Rei da Jovem Guarda, e por aí vai.
Por fim, com a morte de Luiz Gonzaga, em 1989 – e eu estive em suas exéquias em Exu -, até hoje ainda não apareceu um artista que pudéssemos dizer, com segurança, que é o seu verdadeiro sucessor.
Dessa forma, pelo menos para mim, Luiz Gonzaga continua sendo o Rei do Baião, ainda que habitando em outro plano.
Ademais, Luiz Gonzaga continua vivo, e muito vivo, até porque um artista só morre quando ele é esquecido.
Não me parece, nem de longe, ser esse o caso do nosso Gonzagão, cujo centenário de nascimento, é bom que se diga, está sendo comemorado – e muito - ao longo deste ano de 2012.