EXISTO, LOGO IGNORO
EXISTO, LOGO IGNORO
(provisão para filosofia)
Certo filósofo, em suas elucubrações, pesquisas eruditas e vivência chegou à conclusão de que o pensamento antecede a existência e, por isso cunhou a frase mundialmente conhecida, principalmente nos meios filosóficos: “Penso, logo existo”. Alguém disse que os que seguiram a sua linha foram cognominados de filósofos racionalistas.
Mas, um outro filósofo, também em suas experiências e cogitações, chegou a emitir sua opinião, após longa e profícua conclusão, diferente e contrária à do anterior e, então, enunciou a seguinte expressão: “Existo, logo penso”. E os filósofos que seguiram a sua linha, por entenderem que a existência antecede o pensamento, (o que é mais lógico e real, pois todos sabem que primeiro a gente existe e só depois de dá conta de que pensa!) ficaram conhecidos como filósofos existencialistas.
Mas, usando um pouco do espírito e sentido da paródia, eu, (que não sou nenhum filósofo), penso e entendo que o que segue à existência é a ignorância involuntária. Sim, é a ignorância e não o pensamento.
Partindo-se do raciocínio de que o feto não pensa ou se pensa, não se sabe se os seus pensamentos estão concatenados ou estão dentro de uma lógica ou sistema de idéias, o que entendo ser muito difícil estar, passo a cogitar que o que segue à existência de um bebê dentro do ventre materno, não são os pensamentos, mas um vácuo, uma ignorância simplista e involuntária, pois ele não tem lá a consciência formada de tudo ao seu redor. Não sabe onde está, de onde veio, para onde vai, quanto tempo estará ali ou se sairá dali vivo ou morto.
É sabido de todos nós vivemos a vida sem aprender ou saber de tudo e morremos sem saber nada. A ignorância (não ignorância total, mas parcial) nos acompanha até o fim da vida. E essa ignorância nasce desde nossa concepção, no ventre maternal.
Portanto, no meu entendimento, reputo que a existência precede a ignorância e que esta é o caminho próximo a ser percorrido pelo ser humano, desde o início de sua jornada “debaixo do sol”.
Muniz Freire, 29 de abril de 2.003
Fernando Lúcio Júnior