A FAMÍLIA E A FÉ

Nós – os pais – somos os primeiros catequizadores, evangelizadores dos nossos filhos. E não poderia ser de outra forma, já que o próprio Senhor nos outorgou este mandato quando nos criou para que fôssemos cooperadores seus na geração da vida. O que concluímos é que devemos cuidar da fé não dos nossos filhos, mas dos filhos que Deus mos deu, e que são dele.

O nosso caminho de fé inicia-se quando levamos a criança até a Igreja para que receba o Sacramento da Iniciação Cristã: o Batismo. Este Sacramento deixa uma marca indelével na alma do batizado, inserindo-o na Comunidade dos Filhos de Deus. É o Espírito Santo que aufere este sinal inapagável, através da Graça Vivificante, acompanhada das virtudes teologais que são infundidas na alma e no coração da criança, dentre as quais a Fé.

Para uma compreensão mais adequada, imaginemos a fé como uma pequena semente semeada na terra do coração do batizado. Ainda criancinha, se não forem dispensados os cuidados necessários, a semente murcha, seca e, porque morre, não germinará.

Por isso, a fé deve ser adubada desde os primórdios da infância, e esse adubo deverá ser fornecido pelos pais. Ensinar a fazer o sinal da cruz; ensinar a oração do Anjo da Guarda; rezar com os filhos a Ave-Maria e o Pai-Nosso... e levá-los a entrar em contato com a Bíblia – a palavra de Deus.

Temos quatro filhos. Preocupava-me a maneira de evangelizá-los. Era necessário inventar alguma coisa diferente para chamar a atenção deles. Gostavam muito de estorinhas. Foi aí que o Espírito Santo entrou na jogada e me deu uma inspiração maravilhosa. Nas horas de folga pesquisei todas as parábolas do Evangelho. Anotei os títulos. Agora, em vez de estorinhas, eu contava as histórias que Jesus contava, do jeito deles, na linguagem deles, com os gestos deles. Foi sensacional! Às vezes eu combinava com Aldinha: “Amor, vamos fazer de conta que hoje não tem historinha”. Após o jantar, cada um tomava o seu lugar na sala e ficava à espera do momento tão sonhado durante todo o dia. Eu demorava, demorava... Até que um gritava a plenos pulmões: “Painho, hoje não vai ter historinha não?”

Com passos lentos eu me aproximava com a Bíblia n mão, e eles explodiam em palmas. Há cada dia um deles fazia a oração inicial e outro comentava o que havia entendido da historinha do dia.

Lembro que em uma das vezes a historinha referia-se a Pedro. Jesus vem andando sobre as águas e Pedro pede: “Senhor, deixa-me ir ter contigo andando sobre as águas”. Jesus consentiu. “Vem!” E Pedro afundou.

Romminho tinha sete anos. Estava atento, pois daria a mensagem daquela noite. Olhei em sua direção e perguntei: “E aí filho, que mensagem você poderia nos dar?” Ele esfregou as mãos, olhou para nós, e falou: “Painho, eu entendi que quando a gente não anda em cima da palavra de Deus, a gente afunda”.Aplausos sucederam-se.

Se não formos os primeiros catequistas dos nossos filhos, quem ou o que haverá de ser? A secretária, a diarista, a faxineira, a televisão, a internet?

Quando cuidamos da fé daqueles que Deus nos deu para que os administrássemos, zelamos pela sociedade da qual fazemos parte. Porque a fé leva a acreditar, a confiar e, acima de tudo, a aderir às coisas de Deus. Se, porém, não os ensinamos a respeitar o Senhor, de que maneira exigiremos o respeito devido a nós?

A Fé e um dom de Deus, mas também é uma decisão do Homem. É preciso crer para testemunhar.

ALMacêdo

Antonio Luiz Macêdo
Enviado por Antonio Luiz Macêdo em 17/04/2012
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