BARRO ALTO: DE PATINHO FEIO A ELDORADO DO MOMENTO
* Artigo publicado no jornal BA Notícias de dezembro/2011.
Barro Alto está na moda. É grife. Morar em Barro Alto é sinônimo de prosperidade. Mesmo que a prosperidade ainda não seja real, há a esperança de uma vida regalada, uma vida de delícias e de grandes possibilidades, fruto do milagre extraído das jazidas minerais do município.
Não há uma procissão de garimpeiros como em Serra Pelada, no Pará de meados do século XX. O processo é mais institucionalizado. Agora é via Anglo American, com direito a crachá, uniforme e salário razoável no fim do mês. Mas as centenas de empregos na mina não é o suprassumo da riqueza surgida como por passe de mágica. O que realmente movimenta toda a engrenagem é o aporte de R$ 10 milhões que entrará nos cofres da Prefeitura mensalmente a partir de 2013.
O próximo prefeito nadará de braçadas e não terá problema para levar desenvolvimento ao município em todas as suas áreas. Só para se ter idéia, terá aproximadamente R$ 2,5 milhões por mês para aplicar na Educação. Serão R$ 30 milhões ao ano para melhorar o ensino público. Ao cabo de quatro anos, a bagatela de R$ 120 milhões apenas para a Educação. O que dá para fazer com essa dinheirama toda? Como sugestão, o próximo prefeito pode, se quiser, transformar Barro Alto em um centro de Educação no norte goiano, construindo escolas gigantes de tempo integral, equipadas com laboratórios de informática; dobrar o salário dos professores; comprar ônibus para o transporte escolar; equipar os educadores com notebooks modernos; equipar as salas de aula com ar condicionado, quadros digitais, data-shows, quadras de esportes cobertas, laboratórios para portadores de necessidades especiais, ter uma faculdade e mais um rosário de possibilidades.
Há alguns anos, Barro Alto era apenas uma cidade pequena, sem grandes perspectivas e com desafios enormes a serem contornados. Não era manchete de qualquer jornal. Não pesava em qualquer balança em nível estadual. Hoje, surpreende metas do Governo do Estado, suplantando o PIB goiano, é beneficiária do maior investimento privado da história do Estado, é a cidade do futuro, vive a expectativa de um milagre econômico.
Mas... Nem tudo é ciência exata, é encomenda divina. É preciso que o próximo gestor tenha habilidade política e administrativa para conduzir o município na marcha do progresso. O povo está em lua de mel com o futuro. Mas sabe cobrar. Quer lindos presentes. Quer paparicos. Não quer ser espectador do surto econômico, quer ser partícipe. Aí talvez more a armadilha que pode pegar pelo calcanhar o próximo prefeito: não ecoar a riqueza para tantos celeiros, crentes em um amanhã de grandes colheitas. Um amanhã de vacas gordas e reluzentes.