A POBRE MENTE HUMANA

“As pessoas são os nossos espelhos”

Sai Baba, pensador indiano

O final de ano de um educador é sempre terrível.

Se os seus alunos foram promovidos, o merecimento é dos próprios alunos, mas, caso sejam retidos , a culpa é, em geral, da escola e dos educadores: essa é a dura realidade, como costuma dizer o jornalista Datena, em seu programa diário na TV.

No final do ano letivo de 2006, cheguei a ser agredido verbalmente por um pai de aluno.

Posso garantir que é uma situação ao mesmo tempo constrangedora e esclarecedora: constrange porque sempre esperamos atitudes mais equilibradas de adultos, responsáveis pela formação de seus filhos, mas também explica por que certos jovens dão tanto trabalho aos seus educadores durante todo o ano letivo.

No livro de Jamil Albuquerque, “A Arte de Lidar Com Pessoas – a inteligência interpessoal aplicada” , ele cita Rhandy Di Stéfano, eminente pensador americano:” A mente humana tem modelos mentais, e vê o mundo por esses modelos. Como nós não temos condições de saber com exatidão o que se passa na consciência da outra pessoa, nós a avaliamos de acordo com a nossa programação mental, quase como se fizéssemos um clone da mente do outro”.

E então o autor completa : “Aqui entra a regra do 90 / 10 % , ou seja , 90% das opiniões negativas que as pessoas têm de você, não se referem a você, referem-se a elas mesmas ! Só 10 % têm a ver com você ! Pense nisso. 90% de todas as críticas, reclamações, rótulos, opiniões negativas que você recebe não são sobre você ! Isso se baseia no fato de que nós vemos os outros através de nossas referências. Mais simples ainda é dizer que nós vemos os outros com nossos olhos. Conclusão : nós só vemos o que os nossos olhos sabem ver, não conseguimos ver o que os olhos do outro vêem. Ou seja, cada vez que criticarmos alguém , em 90 % dos casos, o problema está em nós mesmos” .

Saber disso não é suficiente para evitarmos cenas constrangedoras, mas é um incentivo para que — apesar da existência desses construtores de paredes que só sabem queixar-se, encontrar defeitos, ser estilingue — continuemos a trabalhar arduamente, buscando construir pontes, lembrando sempre que a raiva é o vento que apaga a vela da inteligência.

Que venha 2007 e seus desafios.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

EX-PRESIDENTE DA ACADEMIA RIBEIRÃOPRETANA DE EDUCAÇÃO

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 08/01/2007
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