ANO NACIONAL DA PONTUALIDADE
“Há ladrões que não são castigados embora nos roubem aquilo que é mais precioso: o tempo”.
Napoleão
Já que tantas leis são criadas a cada dia, que tal nossos legisladores criarem mais uma: a que estabelece o Ano Nacional da Pontualidade?
Nesse ano, todas as pessoas seriam obrigadas a chegar pelo menos cinco minutos antes da hora marcada para seus compromissos, e todas as reuniões começariam no horário marcado, mesmo que não estivessem presentes todas as pessoas que para elas foram convidadas.
É claro que essa sugestão, no Brasil, é uma brincadeira e impossível de se tornar realidade, tendo em vista que os exemplos deveriam vir de cima, de nossas autoridades.
Segundo nota na imprensa, está cada vez mais difícil para o cerimonial do Palácio do Planalto explicar a convidados e autoridades os atrasos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No Palácio Rio Branco, em Ribeirão Preto, no evento que marcou o lançamento da Feira Nacional do Livro, os convidados esperaram por quase uma hora pelos componentes da mesa que , pasmem, estavam reunidos com o Prefeito, na sala ao lado, segundo informação de pessoas ligadas ao cerimonial. É importante frisar que, nos governos anteriores, isso sempre aconteceu com maior ou menor tempo de atraso: nunca houve pontualidade.
Parece mal de palácios, mas não é.
Nas reuniões de pais, nas reuniões da Academia de Letras, nas reuniões dos Conselhos Municipais, e outras, sempre chego com, pelo menos, dez minutos de antecedência: e espero mais uns trinta.
Essa situação parece ser proveniente do fato de que as pessoas, acostumadas com a falta de pontualidade crônica, já se programam para um atraso de uns trinta minutos e, com isso, ninguém mais chega no horário criando um círculo vicioso: as pessoas se atrasam porque as reuniões nunca começam na hora marcada, e elas nunca começam na hora marcada porque todas as pessoas se atrasam.
A pontualidade, penso eu, define muito a personalidade das pessoas. Quem não é pontual, além de demonstrar falta de profissionalismo, deve estar sempre vivendo sem um planejamento adequado. Afinal de contas, ser pontual é ser respeitoso para com o tempo que não é só seu mas também das outras pessoas: quando espero retardatários, principalmente quando o retardatário é peça chave na reunião, fico tremendamente irritado e sinto-me profundamente insultado.
Devido à falta de pontualidade, está se tornando impossível para qualquer pessoa marcar mais de um evento num determinado período do dia, e, quando isso acontece, ou ela tem que se retirar antes que os compromissos terminem (como fui obrigado a fazer no evento que marcou a abertura da Feira Nacional do Livro) ou chegará atrasada para os demais compromissos, alimentando, assim, esse mau hábito que faz perder tempo e dinheiro.