VAMPIRINHO CAMARADA
“Ninguém é tão pobre que não possa doar (seu sangue) e nem tão rico que não possa receber “
É um compromisso inadiável que tenho , nas férias escolares, com meus semelhantes, e não abro mão dele : doar sangue.
É quase um ritual sagrado que me faz muito bem : e aos outros.
Durante a mais recente vez em que fui doar sangue, fiquei observando aquele aparelhinho que ficava bombeando o sangue do meu corpo para uma pequena bolsa plástica, até completar quatrocentos e cinqüenta gramas.
Parecia um vampirinho , um vampirinho camarada, um vampirinho do bem, tipo Gasparzinho , o conhecidíssimo e simpático fantasminha camarada.
Da mesma forma que, antes de Gasparzinho , os fantasmas eram vistos somente como entes que assombravam os porões escuros de casas abandonadas, penso que a criação de um Vampirinho Camarada poderia modificar a imagem, um pouco assustadora, que o ato de doar sangue representa para algumas pessoas .
Pois vejamos.
Parece ser universal a ligação existente entre vampiros — criaturas míticas que vencem a morte sugando o sangue das suas vítimas humanas —, o medo da morte e o desejo de imortalidade.
É quase inconsciente a relação, mas o ser humano também busca vencer a morte ao retirar o sangue de doadores saudáveis e repassá-lo para pessoas que necessitam dele para sobreviver.
E, diante desses pensamentos que tomaram conta de mim durante todo o processo de doação — em torno de vinte minutos — fiquei imaginando quantas pessoas que nunca vi, e que nunca me conhecerão, iriam receber aquele meu sangue: era um momento sublime, pois, é certo, que, quando doado ( o sangue) para aquele que não conhecemos, esse pode ser considerado um ato de profundo humanismo e respeito ao próximo.
Encontramos, inclusive, no livro “Êxodo”, do Antigo Testamento, a expressão “doadores de coração”, no trecho em que faz referência à construção do tabernáculo. Isso significa que o ato de doar deve sair do coração. Embora “sair do coração” sugira sentimentalismo, a expressão encerra o princípio básico da relação humana: o Amor.
Mas, enquanto um Vampirinho Camarada não toma conta das telas do cinema, seria importante que as pessoas lessem um texto, divulgado pela Internet, do Dr. Talvã Araripe Cavalcante, no site http://www.saudevidaonline.com.br/sangue.htm, em que esse profissional , de forma clara e muito consistente, transmite aos internautas os passos que compõem o processo, profundamente cristão, de doação, e sua importância para milhares de seres humanos.
De uma coisa tenho certeza: se todas as pessoas saudáveis doassem trezentos gramas de sangue, a cada três meses, nunca mais teríamos necessidade de campanhas como aquelas que tomam conta da mídia em determinadas épocas do ano: e não custaria nada.