MUSEU A CÉU ABERTO
O CONPPAC-Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural tem recebido, com certa freqüência, pedido de tombamento de alguns túmulos existentes no Cemitério da Saudade.
Segundo o parecer de Tânia Cristina Registro, Historiadora Técnica responsável pelo Arquivo Público Municipal, enviado aos membros desse órgão,(criado por Lei no. 7521 de 17/10/1996) como membro de uma comissão formada para análise desses processos “ o Cemitério da Saudade, inaugurado no ano de 1892 e tornado público em 1º. de setembro de 1893 por ato do então intendente Arthur de Aguiar Diederichsen, foi o primeiro cemitério da cidade localizado fora dos limites do Patrimônio da Fábrica da Matriz (quadrilátero entre as avenidas Independência, Francisco Junqueira, 9 de Julho e Ribeirão Preto) .
Instalado em uma gleba do antigo Núcleo Colonial Antônio Prado, o Cemitério da saudade foi fator decisivo de expansão dos limites da cidade e responsável pela formação do bairro Campos Elíseos.
Até 1930, o cemitério possuía 16 quadras e 1597 carneiras, sendo, portanto, algumas sepulturas, dos primeiros períodos da existência desse cemitério: um verdadeiro museu a céu aberto, se considerarmos seus aspectos arquitetônicos e a presença de sepulturas de inúmeros personagens da história local.
Faz-se urgente o desenvolvimento de um Projeto de Preservação, modificando-se, inclusive, a legislação municipal que prevê demolição de sepulturas pontualmente, o que pode abrir espaços para que haja o início de um processo de especulação imobiliária dos terrenos localizados no referido cemitério “.
Faz-se urgente que tomemos providências enérgicas no sentido de preservarmos mais esse patrimônio histórico de Ribeirão Preto, a exemplo do que já fizeram outras cidades.
Vejam, por exemplo, o que encontramos no site www.campinas.sp.gov.br, da cidade de Campinas: “Oferecendo abrigo para os restos mortais de moradores de Campinas desde o final do século 19, o Cemitério da Saudade não é apenas um repositório de recordações, tristeza e fé. Tombado como patrimônio cultural da cidade em novembro de 2003, o cemitério lista um acervo de pequenas e grandes obras, expressivas das representações que a arte produziu durante uma década como ideal religioso em torno da morte. São jazigos e capelas adornados por estátuas forjadas em material nobre, concebidas geralmente dentro de um academicismo refinado de grandes escultores”.
Eis um exemplo a ser seguido por Ribeirão Preto, e que poderia ter como base os livros “A arte funerária no Brasil -1890 -1930 – Ofício de marmorista italiano em Ribeirão Preto “e“ Arte tumular – Produção de marmorista de Ribeirão Preto no período da República“, de Maria Elizia Borges, disponíveis para consulta no Arquivo Público Municipal.