SOIS PÓ

O MENSAGEIRO

ÓRGÃO DO CENTRO ESPÍRITA OLHAR DE MARIA

Novembro/1978

SOIS PÓ

Duas coisas prega hoje a Igreja a todos os mortais: ambas grandes, ambas tristes, ambas temerosas, ambas certas. Mais uma de tal maneira, certa e evidente, que não é necessário entendimento para crer; outra de tal maneira certa e dificultoso, que nenhum entendimento para crer; outra de tal maneira certa e dificultosa, que nenhum entendimento basta para a alcanças: uma é presente, outra futura veem-na os olhos ; a presente não alcança: uma é presente, outra futura; mas a futura veem-na os olhos; a presente não alcança o entendimento. E que coisas são estas?

SOIS PÓ, e em pó haveis de converter. Sois pó, é o presente; em pó vos haveis de converter é o futuro. O pó futuro veem-no os olhos; o pó presente, o pó que somos nem os olhos veem, nem o entendimento o alcança.

Que me diga a Igreja que hei de ser pó, não necessário fé nem entendimento para o crer, naquelas sepulturas, ou abertas, ou fechadas, o estão vendo os olhos. Que dizem aquelas letras? Que cobrem aquelas pedras? As letras dizem pó, as pedras cobrem pó, e tudo que ali está, é o nada que havemos de ser: tudo pó.

É possível que esses olhos que veem, estes ouvidos que ouvem esta língua que fala, estas mãos e estes braços que se movem, estes pés que andam e pisam, tudo isto já hoje é pó? O homem é uma substancia vivente, sensitiva, racional o pó vive? Não. Pois como é pó o vivente? O pó sente? Não. Pois como é pó sensitivo? O pó entende e discorre? Não. Pois como é o pó o racional? Enfim se me concedem que sou homem, como me pregam que só!

A razão é esta. O homem em qualquer estado que esteja é certo que foi pó e há de ser pó. Isto porque tudo que vive nesta vida, não é o que é, é o que foi e o que há de ser Só Deus é o que é? Porque só Deus é o que foi e o que há de ser. Deus é Deus, e foi Deus e há de ser Deus.

Os mortos são pó, nós também somos pós, e em que nos distinguimos uns dos outros? Os vivos são pó levantados os mortos são pó caído. Os vivos são pó que andam, os mortos são pó que jaz.

Então essas praças no verão coberta de pó: dá um pé de vento levantam-se o pó no ar e que faz? Que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem pode estar que onde corre, voa; entra por esta rua, sai por aquela; já vai adiante; já torna atrás, tudo enche, tudo contudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete sem aquietar nem sossegar no momento enquanto o vento dura. E que pó e que vento é este? O pó somos nós e o vento é a nossa vida. Deu o vento, levantou-se o pó, parou o vento, caiu. O pó levantado são os vivos, o pó caído são os mortos. Os vivos pó com vento e por isso vãos; os mortos pó sem vento e por isso sem vaidade. Esta é a distinção e não há outra.

Pode haver loucura mais rematada, pode haver cegueira mais cega, que empregar-me todo na vida que há de acabar e não tratar da vida que há de durar? Cansar-me, afligir-me, mostrar-me pelo que forçosamente hei de deixar, e que hei de lograr, ou perder para sempre, não fazer nenhum casos! Tantas diligências para esta vida e nenhuma diligencia para outra vida! Tanto medo, tanto receio da morte temporal, e da eterna nenhum temor! Mortos, mortos, desenganai estes vivos! Dizei-nos que pensamentos e que sentimentos foram os vossos quando entrastes e saístes pelas portas da morte? Uma porta de vidro por onde se sai da vida; outra da porta de diamante por onde se entra à eternidade.

Nota – Textos do eloquente sermão do Pe. Vieira – ext. do Vol VII, pag 171 – da obra SERMÕES.

No final, pede aos morto que nos diga os seus sentimentos e pensamentos ao deixar este mundo físico. Tal fenômeno é comum nas sessões de intercâmbio espiritual.

Pedro Prudêncio de Morais
Enviado por Pedro Prudêncio de Morais em 26/09/2011
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