A MUDANÇA DA CAPITAL DE GOIÁS
** Trabalho acadêmico de projeto de pesquisa monográfica
O assunto da mudança da capital de Goiás não foi um intento que nasceu com Pedro Ludovico Teixeira. Apesar de ter sido colocado em prática pelo então interventor, a hipótese de se tirar a capital da cidade de Goiás já era ventilada desde o século XVIII, conforme os historiadores goianos.
De acordo com Palacin e Moraes (1975), desde os primórdios da história política de Goiás, a localização da capital era um problema. Eles contam que em 1753, Conde dos Arcos, primeiro governador de Goiás, sugeriu a transferência da capital, saindo de Vila Boa (cidade de Goiás) para Meia Ponte (Pirenópolis). A alegação é que o clima de Vila Boa e a sua situação geográfica eram muito inferiores aos de Meia Ponte.
Para Chaul (1988), desde a época da mineração que a idéia de mudança da capital já estava presente, seja por causa da necessidade de alterar o marasmo global de uma região rica em minérios e pobre em motivação social.
Governadores, políticos, viajantes e cronistas apontavam a situação de insalubridade, inércia, imobilidade e atraso social que pairavam sobre a então capital Vila Boa. Desde a situação da água, do escoamento de esgoto, até o clima e a situação topográfica, tudo era motivo para que Vila Boa cedesse seu posto de centro de poder do Estado para qualquer outra cidade.
Câmara (1973) aponta em seu estudo sobre a mudança da capital que em Vila Boa os centros urbanos não tinham condições de abrigar nenhuma iniciativa de natureza industrial, servindo apenas como depósitos da produção que vinha do campo, não oferecendo perspectivas de empregos, isso fazia com que os jovens da cidade fossem buscar colocações profissionais em centros mais avançados.
Mas nenhum governador desde Conde dos Arcos, ainda no século XVIII não conseguiu levar a cabo a empresa de deslocar o centro de poder de Vila Boa para outra localidade. Apesar das vozes insatisfeitas com a situação da então capital, Vila Boa era também reduto de poder dos grupos que detinham o poder em Goiás. Deslocar a capital para outro lugar significava deslocar o poder para outras mãos ou, no mínimo, abrir espaço para outros grupos. Isso não era algo interessante para quem estava no poder.
Era preciso então para que o intento de mudar a capital se tornasse realidade que acontecesse um fator novo, que uma situação política nova acontecesse. Isso aconteceu com a deflagração da Revolução de 30. No caso de Goiás, a revolução foi decisiva porque o presidente Getúlio Vargas nomeou Pedro Ludovico Teixeira como interventor, em 1930. Oposição aos Caiado, detentores do poder em Vila Boa, Pedro Ludovico deixou clara a sua intenção de romper com o poder da situação vigente.
Segundo Gomide (2002) o que diferenciou Pedro Ludovico dos outros políticos que desejavam promover a transferência da capital de Goiás foi o fato de ter vivido a influência do Rio de Janeiro, que recebeu muito do modelo francês de urbanização. Tudo isso representava, segundo a autora, idéias de modernidade. Foi com este espírito que Pedro Ludovico assumiu a intervenção do Estado.