Primado de Pedro

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

Segunda 12 Setembro de 2005 às 16:51:45

Prezados leitores,

De tudo que eu escreverei a seguir, retenham o que for proveitoso... Entretanto, o que é totalmente descabido é considerar que os apóstolos gozavam de absoluta igualdade; haja vista, Simão Pedro, insofismavelmente, ser esmagadoramente sobre-destacado com relação aos demais apóstolos, em muitos e muitos pontos. Tendo sido feito, pelo Senhor Jesus Cristo, chefe dos apóstolos.

A) Jesus disse: “Qual é, então, o administrador fiel e prudente que o senhor constituirá sobre o seu pessoal para dar no tempo oportuno a ração de trigo?” (Lc 12,42)... Ora esse, sem dúvida, é o seu vigário, aquele que ele encarregou de comandar toda a sua casa.

Era muito comum, nos tempos antigos, o senhor de um casa ou um monarca colocar à frente da administração de seus bens: um que seria uma espécie de vizir – responsável-mor. Nessa função de “primeiro-ministro”, é que, José do Egito acabou sendo denominado de PAI. Como ele mesmo testemunha: “Deus... me estabeleceu como pai para o Faraó, como senhor de toda sua casa, como governador de todas as regiões” (Gn 45,8). Ele governava sobre todos os servos do faraó, que era o rei daquele reino. Assim, como Cristo constitui o Romano Pontífice “sobre todos os seus bens”(Lc 12,44). [Obviamente, mesmo o vizir é um servo do rei; todavia, é um servo acima dos servos. Um encarregado de governar os mais.]

As chaves do Reino dos Céus, conquanto, pertencem a Jesus Cristo; ele as delega aos seus vigários. Daí, está escrito: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,19). E cada um dos vigários torna-se, pela vontade divina, o intendente do palácio régio, sendo tido, com efeito, como um PAI. Pois os intendentes palacianos, assim, eram reconhecidos já na Antiga Aliança. De tal modo, foi cognominado Eliacim, filho de Helcias: “Ele será um pai para os habitantes de Jerusalém” (Is 22,21).

No entanto, nem todo aquele que assumiu a gerência dos os bens do seu senhor agiam conforme o senhor desejava. E próprio Cristo-Senhor nos ensina a respeito dessa possibilidade, declarando: “Se aquele servo, porém... começar a espancar servos e servas, a comer, a beber e se embriagar... o senhor o partirá ao meio e lhe imporá a sorte dos infiéis” (Lc 12,45-46). [Porquanto, no comportamento, ele não tirou a liberdade de seu servo-maior; aliás, não a tirou de ninguém. Além do mais, mostra, através de tal passagem bíblica, que nem este (o chefe visível da Igreja) já tem a salvação imperdível; ao contrário, o seu mau procedimento poderá arrastá-lo para o Inferno.]... Amã é um exemplo de um funesto “primeiro-ministro”; mas a Bíblia não deixou de testificar (segundo um trecho deuterocanônico do Livro de Ester) a “titulação” de PAI: “Amã, preposto às tarefas de nossos interesses e para nós um segundo pai” (Est 3,13f).

Mais do que sabedor da possível existência de “vizires” de comportamento indignos (com arrogância e prepotência) Jesus já havia recomendado qual deveria ser a atitude daquele que era o MAIOR: “O maior dentre vós torne-se como o mais jovem, e o que governa como aquele que serve” (Lc 22,26). [Jesus, de fato, nunca negou a existência de um que era sobre os demais, apenas “recomendou” como deveria ser o agir desse. E basta ver o tom das missivas petrinas na Bíblia: elas mostram claramente a humildade que tinha o referido chefe apostólico, conforme o Senhor recomendou.]

De qualquer modo, (muito embora, vários dos papas tivessem dado um belo testemunho de vida), não estou na Igreja Católica pelo comportamento deles. Até por que, houve outros com uma má conduta vivencial. E a Igreja nunca negou isso. Aliás, bem nos lembra o Prof. Orlando Fedeli, num magistral artigo sobre a História da Arte, ao comentar o estilo gótico: “O gótico incentiva ao bem e a verdade porque tudo nele incentiva à luta... Na catedral, as esculturas nos lembram continuamente o juízo, o inferno e o demônio tentador. Diabos arrastam para o abismo infernal os reis e até os príncipes da Igreja, e mesmo os Papas, para lembrar que todos, se não combaterem, perder-se-ão”[http://www.montforte. org.br/index.php?seção=caderno&subseção=arte&artigo=3revoluçoes&lang=bra].

O Papa se torna um novo Abraão, isto é, um novo “PAI DE MULTIDÃO”. {Abraão, quer dizer, “pai de multidão”}... Aliás, os papas são, à semelhança de Abraão, ‘pais de multidões’. Ou ainda, Abraão é como os papas, pois também a Bíblia o nomeia de PEDRA (ou rocha): “Olhai para a rocha da qual fostes talhados... olhai para Abraão, vosso pai” (Is 51,1.2). E nos sabemos que não somente os descendentes na carne são filhos de Abraão, “mas também à descendência segundo a fé de Abraão” (Rm 4,16). [A passagem de Is 51,1-2, já nos revela que, desde o Antigo Testamento, um homem podia ser nomeado de rocha, à qual todo um povo se vincularia.]

E como o patriarca que teve o nome singularmente mudado, o primeiro Papa também o teve. Antes, porém, ambos receberam a benção de um rei e sacerdote malquesidequiano. Porquanto, Melquisedec, rei e sacerdote, abençoou àquele dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo” (Gn 14,19). E Jesus, Rei e Sacerdote, “segundo a ordem de Melquisedec”, semelhantemente declarou: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas” (Mt 16,17).

C) Como afirma Karl Keating: “O Novo Testamento foi escrito em grego Koiné... E no grego koiné, tanto ‘petros’ quanto ‘petra’ significam “rocha”. Se Jesus quisesse chamar Simão de “pedrinha”, usaria lithos... (para a admissão deste fato por um estudioso protestante, veja D. A. Carson, The exporsitors Bible Commetary {Grand Rapids: Zonderva, 1984} Frank E. Gaebelein, ed., 8:268)”[http://www.veritatis.com.br/artigo.asp? pudib=677].

O ex-protestante, Dave Amstrong (no seu livro ’50 New Testament Proofs for Petrine Primacy and Papacy’, 1994) afirma algo semelhante: “No grego koiné do NT as palavras petros e petra não possuem significados distintos... A palavra para designar “pedra pequena” é lithos. Por exemplo, em pedras, lithos, em pães; em Jo 10,31, os judeus apanham pedras, lithoi, para apedrejar Jesus”[http://www.geocites.com.br].

Todavia, nem se precisaria recorrer à critica supracitada, porquanto é fato que foi em aramaico – língua falada por Cristo – que ele deu um novo nome Simão; chamando-o de “Cefás ou Kepha”. Aliás, como ‘Cefás’ é que Paulo sempre tratava, em suas missivas, a Pedro: cf. 1 Cor 1,12; 3,22; 9,5; 15,5; Gl 1,18; 2,9; 1.14. Inclusive, São João Apóstolo assim registra em seu evangelho: “fitando-o, disse-lhe Jesus: “Tu és Simão, o filho de João; chamar-te-ás Cefás”” (Jo 1,42).

“E o que significa Kepha? Uma pedra grande e maciça, o mesmo que petra. A palavra aramaica para uma pequena pedra é evna”[http://www.vertiatis.com.br/artigo.asp?pubid =677]... Em suma, Jesus chamou a Simão de KEPHA, ou seja, rocha.

D) O famoso exegeta e presbítero ortodoxo (portanto, um não católico-romano) Alekssandr Mien escreveu em sua celebérrima obra – ‘Jesus Mestre de Nazaré’: “Jesus deu a Simão o nome novo de “Pedra , ele é a pedra sobre a qual a Igreja se funda. Qualquer valor se dê a estas palavras e como quer que sejam interpretadas, é difícil duvidar que Cristo tenha confiado ao apóstolo uma missão ímpar. Por isso, Pedro foi reconhecido pela Igreja “chefe originário” ”[MEIN, Alekssandr, Jesus Mestre de Nazaré’, 7a edição, Editora Cidade Nova, SP, 1999, p. 177].

Inclusive, em nota explicativa de pé de página, ele diz: “Muitos Padres da Igreja entendiam o papel do apóstolo. Isidoro Pelusiota chama Pedro de “aquele que detém o primado entre os apóstolos” (A Irone, em Cartas, 142). “O Senhor escolheu Pedro como primeiro guia dos seus discípulos” (Epifânio, Panarione, 51). Pedro é o “chefe na comunidade dos apóstolos” (são João Crisóstomo, Obras, t. VII, p. 553). “Pedro tornou-se sucessor de Moisés, quando lhe foram confiados a nova Igreja de cristo e o verdadeiro sacerdócio” (Macário do Egito, Diálogo, 26). “Dos doze acolheu um para que sendo colocado um chefe, desapareça qualquer ocasião de cisma” (Jerônimo, Contra Joviniano, livro 1)” [MEIN, Alekssandr, Jesus Mestre de Nazaré, Idem, p. 177].

E) Vários critérios de análise testemunham a superioridade de Pedro presente na Revelação Bíblica. Tratarei, ainda que rapidamente, d’alguns deles.

1- O critério destaquecionista, em que Pedro é citado distintamente aos demais apóstolos:

“Pedro, então, junto com os Onze” (At 2,14).

“Pedro e os apóstolos, porém, responderam” (At 5,29).

“Ide dizer aos discípulos e a Pedro” (Mc 16,7).

Obs.: Nunca se vê nas Escrituras, por exemplo, expressões do tipo: “Filipe e os apóstolos’ ou ‘Os discípulos e Mateus’, etc.

2 - Essa conjunção também ocorre quando ele é citado seguindo da expressão ‘seus companheiros’:

“Pedro e os seus companheiros estavam pesados de sono” (Lc 9,53).

“Simão e os seus companheiros o procuravam” (Mc 1,36).

Obs.: Por vezes, a Bíblia coloca o líder destacado do grupo, de forma a distingui-lo dos companheiros, como no exemplo que se segue: “Davi e seus companheiros” (Mt 12,3), eles que comeram do pão que era lícito somente aos sacerdotes comerem. [Se olharmos no Antigo Testamento, Davi estava liderando aqueles que o acompanhavam.]

Também na literatura deuterocanônica, é comum citar o nome do chefe distinguindo-o dos ‘seus companheiros’: “Sob a guia do Senhor, Macabeu e os seus companheiros retomaram o Templo e a cidade” (2 Mac 10,1). “Judas, também chamado macabeu, e os seus companheiros” (2 Mas 8,1).

3 - Critério singularista. Só Pedro é explicitado:

- Só Pedro (dentre os apóstolos) caminha sobre as águas, Mt 14,28-29; ele que foi o primeiro vigário de Jesus Cristo, este que é o Senhor que caminhou sobre as águas. [Cristo e Pedro.]

- Só Pedro (dentre os apóstolos) foi fornecido o tributo para ser pagar conjuntamente a Cristo, de quem ele é seu vigário: Mt 17,27. [Cristo e Pedro.]

- Só a Pedro (dentre os apóstolos) é EXPLICITAMENTE dado as Chaves do Reino dos Céus (Mt 16,18), cujo Rei, do qual ele é vigário, é citado como o “que tem a chave de Davi” (Ap 3,7). [Cristo e Pedro.]

- Só Pedro (dentre os apóstolos) é EXPLICITAMENTE citado tendo uma espada: “Simão Pedro, que trazia a espada” (Jo 19,10). Jesus, de quem ele é vigário, disse: “Não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10,34). [Cristo e Pedro.]

4 - Critério primeiracionista. Pedro é o primeiro:

“Na lista dos Apóstolos, seu nome vem sempre em primeiro lugar: “Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão...”Mc 3,16). “Eis o nome dos Apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão...” (Mt 10,1-4). “Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze entre eles que chamou de Apóstolos: Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, André...” (Lc 6, 12-15).”[AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Entrai pela porta estreita, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1997, p. 84].

E não só na lista em que são citados os Doze, mas também quando da ocasião em que os evangelhos narram a presença do Grupo Seleto (Pedro, Tiago e João), Pedro é sempre o primeiro a ser mencionado: “Jesus... não permitiu que ninguém o acompanhasse, exceto Pedro, Tiago e João” (Mt 17,1). “Jesus tomou Pedro, Tiago e João” (Mc 14,33). “Levando consigo Pedro, Tiago e João” (Mc 14,33).

Sim! De fato, está escrito: “Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, também chamado Pedro” (Mt 10,2). E como bem o lembra Lúcio Navarro: “A palavra primeiro (no grego ‘protos’) é freqüentemente usada no Novo Testamento para exprimir o primeiro na dignidade, na posição mais elevada”[NAVARRO, Lúcio, Legitima Interpretação da Bíblia, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957, p. 205].

5 - O próprio Lúcio Navarro cita que a palavra ‘primeiro’ também pode significar “príncipe”; assim, Pedro seria o “príncipe” (ou primeiro) dentre os apóstolos.

Ou mesmo pode significar o principal (conforme Bíblia Sagrada da Editora Ave-Maria), já que ambas tem raízes etimológicas comuns. Daí, “o principal da Ilha” (At 28,7) de Malta, ou seja, o chefe ou mandatário de tal possessão insular, ser chamado de “protos”, no grego. [Como em Mt 10,2, Pedro é chamado também de protos.] A Bíblia Sagrada traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares, traz o seguinte a respeito dessa passagem: “Príncipe da Ilha, chamado Públio” (At 28,7). Ao que a Bíblia de Jerusalém coloca a tradução literal: “Primeiro da Ilha”.

Obs.: Os demais apóstolos eram primeiros na Igreja de Deus; e Pedro, por sua vez, o ‘primeiro dentre os primeiros’; ou seja, ‘príncipe entre os príncipes’. Noutras palavras, chefe entre os chefes da sacra religião cristã. Aliás, o chefe dos chefes religiosos de Israel era denominado de “príncipe dos príncipes” (Nm 3,32). [E o povo cristão é, pois, também nomeado como se fora um novo Israel, ou como diz São Paulo: “o Israel de Deus” (Gl 6,16).]

Somente nesta questão de ser o primeiro, isto é, da principalidade de Pedro – o qual é vigário d’Aquele que é o “Príncipe dos reis da terra” (Ap 1,5) – daria ‘panos pra manga’... Vejamos o caso da pesca miraculosa do tributo: “Joga o anzol. O primeiro peixe que subir, segura-o e abre-lhe a boca. Acharás aí um estáter. Pega-o e entrega-o a eles por mi e por ti” (Mt 17,27).

Não é por menos, que Aquele que haveria de ressuscitar no “primeiro dia da semana” (Mt 28,1), e detém em tudo a “primazia” (Col 1,18), diz para o seu vigário, “o primeiro” (Mt 10,2) dentre os apóstolos, para pescar “o primeiro peixe” (Mt 17,27). [Nem vamos entrar aqui em minúcias, do tipo: que peixe em grego – quer dizer Icthys, forma em que os “primitivos” cristãos já nomeavam o Cristo de Deus... E que a expressão “por mim e por ti” é extremamente singular na Escritura Sagrada.]

Nem é preciso dizer que, entre os apóstolos, o primeiro a vislumbrar o Cristo Ressuscitado foi Simão Pedro... “Apareceu a Cefás, e depois aos Doze” (1 Cor 15,5). “É verdade! O Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” (Lc 24,34).

6 - Critério numericista. Pedro é mais citado que os demais Apóstolos.

Pedro não é só citado mais do que qualquer outro dos doze apóstolos. Mas ele, salvo ledo engano, é mais citado do que os demais juntos... Para se ter uma idéia, tirando a lista apostólica, no Evangelho de Lucas, nota-se que: João é mencionado mais ou menos 6 vezes; Tiago, umas 4 vezes... Pedro é cerca de 25 vezes.

O fato é que ele é citado ESMAGADORAMENTE mais vezes que os demais. Matematicamente falando, no que concerne aos Doze, a Bíblia é indiscutivelmente petrina.

7- Critério porta-vocista. “Pedro é sempre ‘porta-voz’ dos Apóstolos... “Disse-lhe Pedro;; “Senhor, propões esta parábola só a nós, ou também a todos?” (Lc 12,41). “Então Jesus perguntou aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor a quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,67).”[AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Entrai pela porta estreita, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1997, p. 85].

F) Sobre o Ecumenismo... Não basta simplesmente boa vontade, é necessário se está firmemente alicerçado na dogmática católica. Pois a Igreja jamais errou. Digo, nunca errou doutrinariamente. Porquanto, se houve erro, foi no comportamento de seus membros (clérigos e leigos); resvalando, às vezes, num método evangelizador imperfeito, contrário ao ideal professado pela própria Igreja. [Fora da Igreja Católica, entretanto, não só a metodologia, mas também as doutrinas contêm erros.]

Muitos apelarão, por exemplo, para aquela cena na qual líderes de outras denominações cristãs atravessaram a Porta Santa, seguindo Sua Santidade o Papa João Paulo II... Não seria um bom sinal?... Ao que eu respondo: Deus é o melhor juiz, ninguém é melhor do que ele para responder a este questionamento!

Queira Deus que seja, de fato, um sinal positivo!... Porém, quero utilizar o ensejo para salientar esta realidade concernente ao Romano Pontífice: ser ele aquele que abre a PORTA SANTA; porquanto é detentor das chaves do Reino dos Céus.

Jesus disse: “O que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre” (Jo 10,2). Ora, Jesus é a porta, Jesus é o bom pastor... mas quem é o porteiro, senão aquele que detém “as chaves do Reino dos Céus” (Mt 16,19)!... E quem não entra pela porta, aberta pelo PORTEIRO, é “ladrão e assaltante” (Jo 10,1).

Infelizmente, parece que alguns quiseram enxergar coisas que não existem. Ora, o Vaticano II – que, sem dúvida, foi um dos concílios da Igreja de Deus – jamais pode ser tomado com o maior deles, como se fora uma espécie de superconcílio; quase que relegando os precedentes ao esquecimento. Por conseguinte, não se pode ocultar as luzes desses sacros concílios predecessores; muito pelo contrário, devem ser sempre postos sobre (e não sob) o alqueire. E é justamente por isso que, na sua última encíclica, “declarou o Papa João Paulo II ‘que o ponto de referência Teologal para Missa continua sendo o Concílio de Trento’ (Ecclesia de Eucharistia, no 9)” [http://www.montfort.org.br/index.php?seção=veritas& subseção=igreja&artigo=ecclesia_eucharistia&lang=bra].

O certo, é que, JAMAIS se deveria baixar as armas apologéticas... Pois a verdade deve ser defendida sempre! Não defender a verdade é anuviar e obliterar a luz que conduz os homens à salvação eterna. Em suma, ecumenismo não pode ser sinônimo de imobilismo apologético!

São Paulo incessantemente se preocupava com aqueles que, embora estando no meio dos cristãos, na verdade, agiam em contrário ao imutável e perene Depósito da Fé. Jamais fora conformista com relação a existência de erros doutrinários e de seus ímpios semeadores. (Sempre combativo.) Escreveu ele: “Mas por causa dos intrusos, esses falsos irmãos... aos quais não cedemos sequer um instante, por deferência, para que a verdade do evangelho fosse preservada” (Gl 2,4-5).

Como pode o pastor ver o animal rapace se achegar junto às ovelhas e não gritar: ‘lobo’! ... Mau pastor seria (aliás, péssimo pastor)... Numa das suas visitas ao Brasil, o Papa João Paulo II não deixou, mais uma vez, de alertar-nos para o perigo das seitas: “No Congresso Eucarístico de Natal, em 12 de outubro, não foi menos enfático: “Precisamos ter uma ação mais eficaz contra a ignorância religiosa e a carência de doutrina que deixa o povo vulnerável à sedução das seitas” ”[Revista ETERNAMENTE JOÃO PAULO II: o missionário da paz, edição histórica, Editora Escala, SP, 2005, p. 47].

Que ressoe perenemente na alma, no coração e nos lábios de todo romano pontífice o que escreveu o Apóstolo dos Gentios: “Guardai as tradições que vos ensinamos oralmente ou por escrito” (2 Tes 2,15). Porquanto, por primeiro, eles são os pastores encarregados de cuidar do rebanho do Senhor. Jesus mesmo disse a Pedro: “Apascentas as minhas ovelhas” (Jo 21,17). O que me faz recordar da sentença que o Altíssimo, lá no Antigo Testamento, dirigiu àquele que ele elegeu para guiar o seu povo: “És tu que apascentarás o meu povo de Israel, e és tu quem serás chefe” (2 Sm 5,2).

O Papa é como o “vinhanteiro” (Lc 13,7) da Vinha do Senhor; o qual, agindo com misericórdia, tem, por vezes, a obrigação de seccionar o que é infrutífero: “Deixai-a ainda este ano... Depois, talvez, dê frutos... caso contrário, tu a cortarás” (Lc 13,8-9).

P.S.: Tudo que escrevi está, e sempre estará, sujeito à autoridade da Igreja Católica. A qual poderá refutar, corrigir, completar e tudo o mais que for necessário a preservação do Sagrado Depósito da Fé.

Desde já, desculpem-me pela minha incompetência em tratar de forma mais adequada, e com maior vigor, tal temática... [Que Deus suscite outros, mil vezes mais capacitados, para tão esplendorosa tarefa.]

[Adendo 1: Tomou Davi o pão (e deu aos seus companheiros) porquanto o sacerdote Aquimelec permitiu, mediante a referida exigência: “Não tenho à mão pão comum, mas só pão consagrado – com condição de que os teus homens não tenha tido contato com mulheres (1 Sm 21,5). Davi e os seus – obtiveram o privilégio sacerdotal (isto é, participar da mesa do pão consagrado) – devido a abstinência sexual. Será que “Pedro e os seus companheiros”, que também não eram levitas; mas, à semelhança de “Davi e seus companheiros”, angariaram, na Nova Aliança, prerrogativas sacerdotais abstendo-se das relações sexuais? ... Será que nisto se incluiria aquelas sentenças neotestamentárias tem conexão: “Há eunucos que se fizeram eunucos por causa do Reino dos Céus” (Mt 19,12); “Em verdade vos digo, não há quem tenha deixado cãs, mulher... por causa do Reino de Deus, sem que receba muito mais” (Lc 18,29). Bem, não adentrarei por essa via, agora. Apenas coloco-a como um ponto, quiçá, que possa servir para reflexões sobre a questão do valor do celibato sacerdotal.]

[Adendo 2: Costumam os comentaristas bíblicos declararem que nos Evangelhos são narrados duas pescas miraculosas. Eu discordo disso, o mais preciso seria dizer que são três pescas miraculosas. Porquanto, a pesca com anzol, em que Pedro acha o tributo, é também miraculosa. E aqui, uma curiosidade a mais: o único apóstolo que está em todas as (3) pescas miraculosas é Simão Pedro. Tem apóstolo que não é mencionada em nenhuma delas. Já Pedro...]

[Adendo 3.: Maria Madalena não é um dos Doze; portanto, dos Apóstolos, o primeiro a ver Cristo Ressuscitado é Pedro... Nem São Paulo, que sem dúvida, detinha autoridade apostólica, foi contado entre os Doze. Digam-me: o nome do Apóstolo dos Gentios consta dos DOZE alicerces da Jerusalém Celestial (cf. Ap 21,14)? (Obviamente, se constasse não seriam doze os alicerces, mas treze!)... E veja o que ele testifica sobre si : “Sou o menor dos apóstolos” (1 Cor 15,9).]

[Adendo 4: um dos graves problemas que se vê, hodiernamente, é que muitos acabaram se tornaram católicos ‘românticos’ e acham, que Deus é um Deus que é “só” Amor. {Enfiaram em suas cabeças um Deus sumamente meloso; pouco amante da Justiça! Porquanto não suportam o Deus de Justiça, o qual é capaz de punir, castigar, disciplinar...} Ora, que Deus é amor isso é indiscutível; todavia, Ele também é justo: infinitamente justo. São João Apóstolo, quando escreve ‘Deus é amor’; ele não escreveu a palavra SÓ...Ele não diz que ‘Deus é SÓ amor’... Deus em sua infinita misericórdia perdoou a culpa do arrependido Davi; entretanto, não era JUSTO que ele tivesse exigido – como exigiu – que o referido monarca sofresse pela injustiça que perpetrará?]

Bibliografia

-AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Entrai pela porta estreita, Editora Cléofas, Lorena-SP, 1997.

-BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

-BÍBLIA SAGRADA, 147a edição, Editora Ave-Maria, SP, 2000.

-BÍBLIA SAGRADA (traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares, Edições Paulinas,SP, 1988.

-http://www.geocites.com.br/.

-http://www.montfort.org.br/index.php?seção=cadernos&subseção=arte&artigo= 3revoluçoes&lang=bra.

-http://www.montfort.org.br/index.php?secão=veritas&subseção=igreja&artigo=ecclesia_ eucharistia&lang=bra.

-http://www.veritatis.com.br/artigp.asp?pubid=667.

-MEIN, Alekssandr, Jesus Mestre de Nazaré, 7a edição, Editora Cidade Nova, SP, 1999.

-NAVARO, Lúcio, Legitima Interpretação da Bíblia, 2a edição, Campanha de Instrução Religiosa Brasil-Portugal, Recife, 1957.

-Revista ETERNAMENTE JOÃO PAULO II: o missionário da paz, edição histórica, Editora Escala, SP, 2005.

Fiquem com Deus!