PADRE CÍCERO : HEROI , VILÃO OU SANTO?
Ao encontrar Lampião e seu bando, Padre Cícero recomendou que abandonassem o cangaço e que passassem a respeitar as leis. Uma de suas frases mais conhecidas foi proferida nesse encontro: "Quem matou não mate mais, quem roubou não roube mais".
Minha curiosidade era grande em conhecer Juazeiro com todas as suas histórias e suas crendices. Ao chegar perto da entrada da cidade a primeira surpresa. Lá estava imponente a estátua de Padre Cícero, a maior estátua do Brasil em homenagem a um brasileiro parecendo Reinar sobre toda a região. Para se ter uma idéia seu chapéu tem o tamanho de um Fusca.
Nascido no interior do Ceará era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Aos seis anos começou a estudar e aos doze anos fez voto de castidade influenciado pela leitura da vida de S.Francisco de Assis. A morte prematura de seu pai lhe trouxera problemas financeiros e ele só conseguira entrar no Seminário da Prainha em 1865, devido a ajuda de seu padrinho de crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
No Natal de 1871 visitou pela primeira vez o povoado de Juazeiro, que pertencia à cidade do Crato e ali celebrou a tradicional missa do galo. Muitos livros afirmam, que Padre Cícero resolveu fixar residência em Juazeiro devido a uma visão que teria tido de Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados em uma mesa, como se fosse a Santa Ceia de Leonardo da Vince e de repente o local é invadido por uma multidão de pobres, aí Cristo vira-se para ele e ordena: “Você, Padre Cícero, toma conta deles”. Segundo alguns livros ele mesmo contou este fato aos amigos mais íntimos.
Inicialmente tratou de melhorar o aspecto da capelinha, depois para conquistar o povo que lhe foi confiado, desenvolveu intenso trabalho pastoral com visitas domiciliares e pregação. Passou assim a exercer enorme liderança na comunidade. Agindo de forma dura conseguiu acabar com a bebedeira e a prostituição.
No ano de 1889, durante a missa, a hóstia ministrada pelo sacerdote à beata Maria de Araujo se transformou em sangue na boca da religiosa. Segundo relatos, este fenômeno se repetiu diversas vezes durante dois anos. A notícia se espalhou rapidamente, que em Juazeiro estava acontecendo milagres.
A pedido do Padre Cícero foi formada uma comissão de padres e profissionais de saúde para investigar o suposto milagre. Em 13 de outubro de 1831, a comissão encerrou as pesquisas e chegou à conclusão de que não havia explicação natural para os fatos ocorridos, sendo portanto um milagre.
Insatisfeito com o parecer da comissão, o bispo Dom Joaquim José Vieira nomeou nova comissão, que concluiu que não houve milagre, mas sim um embuste.
Dom Joaquim se posicionou favorável ao segundo parecer e suspendeu as ordens sacerdotais de Padre Cícero, determinando que Maria de Araújo fosse enclausurada. Nunca se poderá comprovar se houve milagre ou não, já que os lenços sujos de sangue foram destruídos por ordem da Igreja e o túmulo da beata violado em 1930, tendo seus restos mortais desaparecidos.
Em 1898, padre Cícero foi a Roma, se reuniu com o Papa Leão XIII e com membros da Congregação do Santo Ofício, conseguindo sua absolvição. No entanto ao retornar a Juazeiro, a decisão do Vaticano foi revista e Padre Cícero excomungado. Estudos recentes realizados por Dom Fernando Pânico, sugerem que a excomunhão não chegou a ser aplicada e atualmente conduz um processo de reabilitação do Padre Cícero para posteriormente começar um processo de Canonização.
Depois de perder as prerrogativas de sacerdote, Padre Cícero volta-se para a política. É outro Padre Cícero. Envolve-se com a luta armada que vai resultar na deposição do governador do Ceará. Apesar de Juazeiro ser atacada sob acusação que ali se formava uma nova Canudos, Cícero aliou-se às elites e sobreviveu, bem como todos os seus adversários.
Padre Cícero foi o primeiro Prefeito de Juazeiro , quando o povoado foi elevado à cidade. Foi destituído pelo governador em 1913, voltando ao poder em 1914. Foi ainda Vice-Governador do Ceará.
Lampião e Padre Cícero mantinham estreita relação. Lampião era devoto do padre e respeitava suas crenças e conselhos.
Por volta de 1926, aproveitando a fidelidade de alguns fazendeiros, forneceu armas à Lampião para que atacasse Luiz Carlos Prestes, acordo que Lampião não cumpriu. Lampião não atacava os ricos, os fazendeiros e os políticos do Ceará, a pedido de Padre Cícero, que nessa época era político e ferrenho anti-comunista.
No dia 20 de julho de 1934 a cidade de Juazeiro acorda chorando a morte de seu fundador e líder espiritual.
“ O que mais me chama a atenção no personagem é o fato de Cícero ter sido um homem clivado entre sua crença essencialmente sertaneja, sincrética e a fé ritualizada com que foi adestrado no seminário. É desta tensão entre o catolicismo caboclo e a assepsia do rito, que brotará a liderança carismática e o verdadeiro sentido da figura histórica de Padre Cícero”
Lira Neto (biografo de Padre.Cícero).
Ao encontrar Lampião e seu bando, Padre Cícero recomendou que abandonassem o cangaço e que passassem a respeitar as leis. Uma de suas frases mais conhecidas foi proferida nesse encontro: "Quem matou não mate mais, quem roubou não roube mais".
Minha curiosidade era grande em conhecer Juazeiro com todas as suas histórias e suas crendices. Ao chegar perto da entrada da cidade a primeira surpresa. Lá estava imponente a estátua de Padre Cícero, a maior estátua do Brasil em homenagem a um brasileiro parecendo Reinar sobre toda a região. Para se ter uma idéia seu chapéu tem o tamanho de um Fusca.
Nascido no interior do Ceará era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Aos seis anos começou a estudar e aos doze anos fez voto de castidade influenciado pela leitura da vida de S.Francisco de Assis. A morte prematura de seu pai lhe trouxera problemas financeiros e ele só conseguira entrar no Seminário da Prainha em 1865, devido a ajuda de seu padrinho de crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
No Natal de 1871 visitou pela primeira vez o povoado de Juazeiro, que pertencia à cidade do Crato e ali celebrou a tradicional missa do galo. Muitos livros afirmam, que Padre Cícero resolveu fixar residência em Juazeiro devido a uma visão que teria tido de Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados em uma mesa, como se fosse a Santa Ceia de Leonardo da Vince e de repente o local é invadido por uma multidão de pobres, aí Cristo vira-se para ele e ordena: “Você, Padre Cícero, toma conta deles”. Segundo alguns livros ele mesmo contou este fato aos amigos mais íntimos.
Inicialmente tratou de melhorar o aspecto da capelinha, depois para conquistar o povo que lhe foi confiado, desenvolveu intenso trabalho pastoral com visitas domiciliares e pregação. Passou assim a exercer enorme liderança na comunidade. Agindo de forma dura conseguiu acabar com a bebedeira e a prostituição.
No ano de 1889, durante a missa, a hóstia ministrada pelo sacerdote à beata Maria de Araujo se transformou em sangue na boca da religiosa. Segundo relatos, este fenômeno se repetiu diversas vezes durante dois anos. A notícia se espalhou rapidamente, que em Juazeiro estava acontecendo milagres.
A pedido do Padre Cícero foi formada uma comissão de padres e profissionais de saúde para investigar o suposto milagre. Em 13 de outubro de 1831, a comissão encerrou as pesquisas e chegou à conclusão de que não havia explicação natural para os fatos ocorridos, sendo portanto um milagre.
Insatisfeito com o parecer da comissão, o bispo Dom Joaquim José Vieira nomeou nova comissão, que concluiu que não houve milagre, mas sim um embuste.
Dom Joaquim se posicionou favorável ao segundo parecer e suspendeu as ordens sacerdotais de Padre Cícero, determinando que Maria de Araújo fosse enclausurada. Nunca se poderá comprovar se houve milagre ou não, já que os lenços sujos de sangue foram destruídos por ordem da Igreja e o túmulo da beata violado em 1930, tendo seus restos mortais desaparecidos.
Em 1898, padre Cícero foi a Roma, se reuniu com o Papa Leão XIII e com membros da Congregação do Santo Ofício, conseguindo sua absolvição. No entanto ao retornar a Juazeiro, a decisão do Vaticano foi revista e Padre Cícero excomungado. Estudos recentes realizados por Dom Fernando Pânico, sugerem que a excomunhão não chegou a ser aplicada e atualmente conduz um processo de reabilitação do Padre Cícero para posteriormente começar um processo de Canonização.
Depois de perder as prerrogativas de sacerdote, Padre Cícero volta-se para a política. É outro Padre Cícero. Envolve-se com a luta armada que vai resultar na deposição do governador do Ceará. Apesar de Juazeiro ser atacada sob acusação que ali se formava uma nova Canudos, Cícero aliou-se às elites e sobreviveu, bem como todos os seus adversários.
Padre Cícero foi o primeiro Prefeito de Juazeiro , quando o povoado foi elevado à cidade. Foi destituído pelo governador em 1913, voltando ao poder em 1914. Foi ainda Vice-Governador do Ceará.
Lampião e Padre Cícero mantinham estreita relação. Lampião era devoto do padre e respeitava suas crenças e conselhos.
Por volta de 1926, aproveitando a fidelidade de alguns fazendeiros, forneceu armas à Lampião para que atacasse Luiz Carlos Prestes, acordo que Lampião não cumpriu. Lampião não atacava os ricos, os fazendeiros e os políticos do Ceará, a pedido de Padre Cícero, que nessa época era político e ferrenho anti-comunista.
No dia 20 de julho de 1934 a cidade de Juazeiro acorda chorando a morte de seu fundador e líder espiritual.
“ O que mais me chama a atenção no personagem é o fato de Cícero ter sido um homem clivado entre sua crença essencialmente sertaneja, sincrética e a fé ritualizada com que foi adestrado no seminário. É desta tensão entre o catolicismo caboclo e a assepsia do rito, que brotará a liderança carismática e o verdadeiro sentido da figura histórica de Padre Cícero”
Lira Neto (biografo de Padre.Cícero).