Imaculada Conceição

8 de dezembro

Wagner Herbet Alves Costa (1968-2006)

Quarta 17 Agosto de 2005 às 09:33:07

a) No texto bíblico está escrito: “Quando se completaram os dias para a purificação deles” (Lc 2,22)... Eu pergunto: essa purificação “deles” açambarca quais pessoas?

O artigo ‘Liturgia nas Grandes Religiões’ traz o seguinte comentário: “Do mesmo modo, virá depois a cerimônia de purificação no templo de Jerusalém tanto pela mãe como pelo menino, primogênito do sexo masculino oferecido a Jhwh com a oferta de um casal de rolas. O próprio Jesus e seus pais observaram escrupulosamente a lei mosaica ”[http://cf.uol.com.br/jubilaeum/rito_principal.cfm?chave=I_grandi]. {Tal artigo também pode ser visualizado em: [link] /rito.htm}

Se for assim, então, não se precisaria mais de qualquer outra explicação para o fato da purificação de Nossa Senhora, que não foi de nenhum pecado; porquanto, se fosse, teríamos que considerar Jesus Cristo, também, como um pecador.

Todavia, ainda que se desprezasse essa explicação que acabei de dar, ou ela não estivesse escorreita, teríamos outras... [Para dizer a verdade, eu nem iria mencionar essa explicação do item “a”. Por isso, passe adiante e leia os próximos itens.]

b) O Papa João Paulo II, comentando a referida passagem da purificação, diz: “É preciso, porém, recordar que não se tratava de purificar a consciência de alguma mancha de pecado, mas somente de readquirir a pureza ritual, a qual, segundo as idéias do tempo, era atingida pelo simples fato do parto, sem que houvesse alguma forma de culpa” (L’Osservatore Romano, Ed. Port., n. 50. 14/12/1996, pág. 12(580)”[PAPA JOÃO PAULO II, A Virgem Maria (58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora), Editora Cléofas, Lorena-SP, 2000, p. 100].

O judaísmo possuía, inclusive, rituais que “tiravam” a ‘impureza ritual’, conforme está escrito: “De fato, se o sangue de bode e de novilhos, e se a cinza da novilha, espalhada sobre os seres ritualmente impuros, os santifica purificando” (Hb 9,13)... Friso: ‘ritualmente impuros’ e não espiritualmente impuros. A purificação espiritual só o sangue do Divino Cordeiro tem eficácia. Sangue, aliás, derivado do de Maria.

O próprio Martinho Lutero chegou a dizer: “Era justo e conveniente, diz ele, fosse a pessoa de Maria preservada do Pecado Original, visto que o Filho de Deus tomar dela a carne que iria vencer todo o pecado”(Lut.in postil. Maj.)”[http://www.veritatis.com.br/artigo.asp? pudib=16].

Deus busca, antes, os puros de coração de coração, do que os que se firmam em pureza ritualística. Não, por menos, está escrito: “Bem-aventurados os puros de coração” (Mt 5,8)!

c) Além do mais, a gravidez de Maria não tinha nada a ver com o pecado. (E que, portanto, por natureza, está acima de qualquer prescrição legal. Aliás, era um milagre e sinal profético.) Que impureza pode ter uma mulher ‘cheia da graça’, grávida por obra do Espírito Santo, tendo dado à luz aquele que é Senhor até do sábado, sem qualquer vínculo com a concupiscência e paixão carnais? Ou seja, em algo tão maravilhoso, onde só imperou o poder e o favor divino, não teve lugar algum para a menor mancha.

d) E, também, ao que tudo indica, o casal de Nazaré não foi a Jerusalém por causa de Maria, mas por causa de Cristo. É o que já havia notado Sto. Agostinho: “O texto evangélico diz expressamente: “...quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir as prescrições da lei a seu respeito (Lc 2,27). Não é dito: “... a respeito de sua mãe”, mas: “a seu respeito” (isto é, do menino Jesus) (...) Ora, o Senhor também dignou-se ser batizado como os demais, com o batismo de João, o qual era batismo de penitência, para o perdão do pecados, sem que ele tivesse pecado algum (Quaestones in Heptateuchum 3,40)”[AGOSTINHO, Santo, A Virgem Maria (cem textos marianos com comentários), 2a edição, Editora Paulus, SP, 1996, pp. 137-138].

e) Teve um protestante que escreveu que Cristo “achou-se concebido” (sic) por obra do Espírito Santo – citando a sentença bíblica que diz que o que “nela foi gerado”. E que, por conseguinte, segundo o mesmo, não foi Maria quem o gerou. [Certamente tomando os vocábulos ‘gerar’ e ‘conceber’ como sinônimos (o que qualquer dicionário, de fato, confirmaria tal sinonímia).]

Primeiramente, tenhamos ciência de que: ao se falar que um filho foi gerado numa mãe não há oposição em se declarar, igualmente, que esta mãe é quem o concebeu (ou gerou). Eu, por exemplo, fui gerado no ventre da minha mãe (ou gerado nela), e licitamente também digo que minha mãe me gerou ou concebeu... Assim, é perfeitamente admissível proclamar que Cristo foi gerado – de modo excepcional, é verdade – em “Maria, sua mãe” (Mt 1,18); mas, da mesma forma, é legítimo dizer que Nossa Senhora o concebeu. Aliás, é o que diz a Bíblia: “Eis que a virgem conceberá e dará a luz” (Mt 1,23) No evangelho de Lucas também vemos essa afirmativa: “Eis que conceberás e darás à luz um filho” (Lc 1,31).

A grande diferença (além de Cristo ser divino), é que, minha mãe me concebeu de meu pai; já, o Senhor (como homem), a Virgem Santíssima o “concebeu do Espírito Santo”[CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 5a edição, Editora Vozes Edições Paulinas, Edições Loyola, Editora Ave-Maria, RJ/SP, 1993, p.123, no. 495].

Maria não foi um ventre de aluguel programado somente para ‘dar à luz’ um fruto de uma “árvore” alheia; mas, sim, para gerar (ou conceber) e parir (dar à luz) um fruto de suas entranhas, ou conforme está escrito na Bíblia: “o fruto de teu ventre” (Lc 1,42)... Afinal, o Jesus que bendizemos é fruto do ventre de quem? Insofismavelmente, é o fruto do ventre DELA; aquela, a qual Santa Isabel, repleta do Espírito Santo, também bendisse.

Santo Efrém (306-373 d.C.) dizia que a: “Virgem gerou a Luz... como a sarça que ardia ao fogo, sem se consumir”[AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Escola da Fé I (Sagrada Tradição), Editora Cléofas, Lorena-SP, 2000, p. 107]. Maria gerou na temporalidade aquele que já existia na eternidade.

Santo Agostinho escreveu: “Deve ficar junto daquele a quem carregou em seu útero, a quem gerou, aqueceu e nutriu – Maria, Mãe de Deus”[http://www.veritatis.com.br/artigo. Asp?pubid=3153].

Zwinglio, um dos mais famosos reformadores do protestantismo, diz: “Creio firmemente que segundo o Evangelho Maria como virgem pura, gerou o Filho de Deus”[http://www. veritatis.com.br/artigo.asp?pudib=54]. E ainda que ela: “Permaneceu virgem, pura e integra. Também acredito firmemente que ela foi exaltada acima de todas as criaturas Bem-aventuradas (homens e anjos na eterna bem-aventurança) (Zwingli Opera 1,424)”[http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=54].

P.S.: Tudo que escrevi está e sempre estará sujeito a autoridade da Santa Igreja Católica. Que poderá corrigir, refutar, completar e tudo o mais que for necessário para preserva a Sã Doutrina.

Escusem-me, também, pelos erros de português!

Bibliografia

-AGOSTINHO, Santo, A Virgem Maria (cem textos marianos com comentários), 2a edição, Editora Paulus, SP, 1996

-AQUINO, Felipe Rinaldo Queiroz de, Escola da Fé I (Sagrada Tradição), Editora Cléofas, Lorena-SP, 2000.

-BÍBLIA DE JERUSALÉM, Editora Paulus, SP, 1996.

-CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 5a edição, Editora Vozes Edições Paulinas Edições Loyola Editora Ave-Maria, RJ/SP, 1993.

-http://cf.uol.com.br/jubilaeum/rito_principal.cfm?chave=I_grandi.

-http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=54.

-http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=3153.

-JOÃO PAULO II, A Virgem Maria (58 catequeses do Papa sobre Nossa Senhora), Editora Cléofas, Lorena-SP, 2000.

Fiquem com Deus!