Pregnância ou carraspana?
Num breve exercício de reflexão, arrisco-me inquirir sobre o processo de 'des-acomodação' do cérebro humano, a partir dos verbos: 'Poder-querer-saber e amar', cuja conjugação combinada faz a diferença nas ações pessoais. Vejamos:
Eu posso querer algo que não sei.
Também posso saber algo que não quero.
Assim, como me é possível não poder, mas querer e saber sobre algo.
Ou ainda, não poder, não querer, mas saber sobre algo e, vice-versa.
No entanto, posso, apesar de não saber, querer algo e ir em busca da construção desse saber.
Desacomodar-se... Para tanto, faz-se necessário que desejo e vontade conspirem esforços conjuntos em favor do novo. Movimento desafiador, desde o seu pensar até a efetiva tomada de atitude, demanda a conjugação de um quarto verbo: amar! Desafiar-se a romper com a zona de conforto em que nos encontramos, além de desejo, coragem e disciplina, implica num processo de amorosidade.
Amor para consigo mesmo, percebendo-se merecedor dessa oportunidade de independizar-se, tornar-se autônomo, descolado do outro.
Amor para numa atitude de outredade e finitude, rever sentimentos e emoções, perdoar a si mesmo e às outras pessoas.
Amor para reelaborar pensamentos com respeito e tolerância às diferenças e, nesse exercício de aceitação, aceitando-se, aceitar aos demais.
Amor para ressignificar ações e com disciplina mudar comportamentos, a partir de pequenas atitudes do cotidiano.
Enfim, amor para perceber-se um ser inconcluso, inacabado, mas capaz de desacomodar-se para crescer e continuar a desenvolver-se enquanto ser humano.
Amor que nos impulsione a buscar sempre mais... Conscientes porém, conforme citação anterior, de que é necessário muito esforço para desacomodar-se e avançar de uma zona de conforto para outra. Especialmente, porque estudos na área da Psicologia Freudiana e da Neurociência, comprovam que o ser humano prefere repetir ações, trabalhando com economicidade psíquica e neuronal, fenômeno denominado Pregnância. Penso que simplificar a terminologia, seria um equívoco. No entanto, o indivíduo em processo de autoconhecimento, pode identificar aí, uma bela carraspana que além de acomodação, o impede de ir adiante no processo de evolução humana.
Se o autoconhecimento é o caminho para identificar tais atitudes tomadas inconscientemente, é correto afirmar também, que a partir deste, aquele que conscientiza e agora sabe, por certo encontrou mais um aliado nesse processo, talvez a chave do tesouro... Há portanto, que manter-se atento às carraspanas que o sistema de funcionamento psiconeurológico nos apronta! Reafirmo pois, amar é querer mudar e, querer é poder, especialmente, por saber que se pode romper esse ciclo!!!
Fontes:
Prof. Dr. Silvio Rocha - Seduc/RS
Dr. Roberte Metring - Twither - 23/05/2010.