SOLIDARIEDADE
SOLIDARIEDADE
Por Aderson Machado.
Certa vez um homem rico – em se tratando de bens materiais - foi ter com Jesus e perguntou-Lhe: “Senhor, como farei para alcançar o reino de Deus?”. De pronto, Jesus lhe respondeu: “Vende todos os teus bens, e divida o dinheiro com os pobres, e depois siga-me”. O homem ficou deveras desapontado, triste e amargurado. Não vendeu nada nem seguiu a Jesus.
Daí vem aquela passagem bíblica que diz: “É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no Céu".
É claro que não podemos interpretar essa passagem bíblica ao pé da letra, até porque muitas pessoas ricas, em termos de bens materiais, o são de forma honesta, depois de muitos anos de labor e de muito sacrifício. Então não seria justo essas pessoas serem penalizadas perante o Criador pelo fato de serem ricas, abastadas. Não é por aí.
Como contraponto, quem deve ser penalizado, sim, são os ociosos, que querem viver – e viver bem – à custa dos outros, sem moverem uma palha sequer.
Com relação às pessoas ricas, quero entender que Deus quer que elas repartam com os mais necessitados parte de suas riquezas, ou mesmo dividam, meio a meio, tudo o que tem com os pobres, quer dizer, os efetivamente pobres. Se assim procedessem, nosso mundo seria mais humano, e, assim, não haveria tanta miséria nem fome.
É bom lembrar que nos dias atuais, aumentou, e muito, os falsos pedintes, isto é, as pessoas que pedem pelo prazer de pedir. Essas pessoas, via de regra, poderiam estar trabalhando, dignamente, no entanto preferem pedir a trabalhar. E isso está se tornando um problema social cada vez mais grave. É aí que devemos estar alertas para podermos separar o joio do trigo, como diz a Bíblia.
Ainda em se tratando de partilha dos bens, conta-se que um padre fora fazer uma pregação numa pequena e pobre cidade do interior nordestino.
Pois bem, a certa altura da pregação o religioso levantou o seguinte questionamento: “Meus caros fiéis, se cada de vocês tivesse cem bois, vocês dariam a metade para os pobres?”. E todos eles levantaram as mãos em sinal de concordância. E o padre continuou: “E se cada um de vocês tivesse cem porcos, também repartiriam?”. Mais uma vez todos disseram sim. Como não estivesse satisfeito, o padre fez mais uma pergunta: “E se cada um de vocês tivessem cem galinhas, dividiriam elas com os pobres?”. Aí, “inexplivavelmente”, todos ficaram calados. O padre ficou perplexo, sem entender nada, e repetiu a pergunta. Mais uma vez, deram calado como resposta.
Diante do silêncio, o Padre não se conteve e disse: “Quando perguntei se vocês repartiriam cem bois com os pobres, vocês concordaram; a mesma coisa aconteceu com relação aos porcos. Contudo, vocês ficaram calados, mudos, quando perguntei se vocês dividiriam as galinhas com os mais necessitados. Por quê?”. Foi aí que todos responderam em uníssono: “É porque, seu Padre, galinhas nós temos!”.
Diante do exposto, inferimos que, para muitos, é muito fácil, cômodo, dividir o que não se tem. É como se fazer continência com o chapéu alheio, e por aí vai.
É por essas e outras que a questão da solidariedade é um tanto quanto complicada, porquanto só uns poucos estão abertos para com os irmãos mais necessitados. Esses, segundo as Sagradas Escrituras, serão os escolhidos de Deus para a vida eterna.
E qual será o destino dos demais?
Só Ele sabe.