A Trajetória Política das Mulheres
Março é o Mês das Mulheres, sendo o dia 8 comemorado internacionalmente. No Brasil, a data acabou sendo ofuscada esse ano, tudo porque caiu justamente na Terça de Carnaval. Pois bem, passada a folia, vamos congratular as mulheres. Afinal, esse ano seremos governados por uma. Empossada em Janeiro, Dilma Rousseff, faz parte de um seleto grupo de mulheres chefes de estado. Ao todo são 18 espalhadas pelo mundo, cerca de 8% dos governos. Apesar de ser um número ainda pequeno, não deixa de ser um avanço na mentalidade machista.
A frente da maior economia do hemisfério Sul, Dilma terá 4 anos para provar que não “caiu de paraquedas” no Palácio da alvorada, como dizem críticos e opositores. Sem prever o que irá acontecer, fato é que a petista fez história. Ou melhor dizendo, o povo brasileiro fez história nas urnas, ao eleger a primeira presidenta. Mas antes da nossa “Dama de Ferro dos trópicos”, como terá sido a trajetória das mulheres na política nacional? Veremos então algumas notórias senhoras que com muita garra tiveram uma postura política aplausível.
Ainda nos primeiros anos da colônia, quando o território estava dividido em capitanias, Duarte Coelho fez de Pernambuco a mais próspera, isso graças à implantação da indústria açucareira. A sua esposa, D. Brites de Albuquerque, por dois momentos distintos “toma as rédeas” da capitania. A primeira vez quando seu marido vai a Portugal, ela passa a dar as ordens auxiliada pelo irmão Jerônimo. Depois ela será a donatária de fato e por direito após o falecimento de Duarte Coelho. Dona Brites ocupa o cargo com todas as honras e dispensas até que o seu filho complete a maioridade. E fez isso numa terra habitada em sua grande maioria por homens rudes e aventureiros que queriam fazer fortuna no Novo Mundo.
Deixando o tempo da colônia, outra que se destaca é a filha do imperador D. Pedro II. Com uma formação política liberal, a Princesa Isabel torna-se Senadora aos 25 anos de idade, cargo que antes nunca tinha sido ocupada por uma mulher, um fato desconhecido de boa parte da população. Em 1897, ela assume pela terceira vez a regência do Império, devido ao afastamento de seu pai, que se submetia a um tratamento de saúde na Europa. Alguns meses depois, no dia 13 de maio de 1888, assinaria a Lei Áurea extinguindo a escravidão que estava em vigor havia mais de 300 anos. Ao sancionar a lei aprovada pelo parlamento imperial, a Princesa foi aclamada em frente ao Paço Imperial por uma multidão estimada em cerca de dez mil pessoas.
Já na recente república brasileira as mulheres não tinham voz. Foram totalmente excluídas de terem participação e representação política. Só em 1932 que Getúlio Vargas “concede” o direito feminino para que elas possam votar e também serem votadas. No ano seguinte, Carlota Queiroz foi a única mulher a compor a assembléia constituinte num total de 214 deputados (veja a foto acima). Porém a mão que deu foi a mesma que tirou. Com o golpe de estado protagonizado pelo próprio Getúlio, o recém direito conquistado fora arrancado pela força, e mesmo após a redemocratização em 1945, na mentalidade da sociedade estava novamente incutida a ideia de que lugar de mulher deve ser ao lado do marido, gerindo o “lar doce lar”.
Passado mais de meio século, as eleições de 2010 deixaram claro que o gênero não é mais tão determinante assim. Tivemos duas expressivas candidatas. Além de Dilma, que foi eleita, Marina Silva também foi votada expressivamente, chegando a ficar em primeiro lugar em Brasília. A candidata do PV foi peça determinante para que houvesse um 2º turno. Juntando os votos de Dilma e Marina, chega-se a uma parcela superior a 60% de brasileiros que não vêem problemas em serem governadas por uma mulher. É bom que as coisas estejam mesmo mudando para melhor,em pleno século XXI essa discussão tola já deveria ter sido superada. Há muito trabalho para a presidenta. Que ela represente bem o “sexo forte”. Parabéns a ela e a todas as brasileiras guerreiras do cotidiano.