O corredor e o concurseiro
Luiz Luna*
Agora uma questão de saúde é também uma indicação da moda: caminhar, correr e participar de maratonas são discutidos nas situações mais inusitadas, desde como uma das formas de controlar o stress até como uma das maneiras de interação espiritual, passando como a prática desportiva que auxilia na manutenção da boa memória e traz benefícios outros para o corpo humano, ou porque o “vizinho” faz.
Outro tema em evidência é o concurso público, causador de insônia e desespero em milhares de brasileiros que fogem do desemprego ou almejam uma colocação melhor. Há também aqueles que fazem provas como um instrumento da moda. De acordo com a Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos-ANPAC, que prega a aplicação da ética, da moralidade e da transparência, hoje são mais de 500 mil brasileiros estudando para pertencer a uma das três esferas do Poder. Diante de uma concorrência acirradíssima, não basta o candidato a uma dessas vagas conscientizar-se e estudar, inteirar-se das regras do certame, bem como adquirir a perseverança de transpor as dificuldades inerentes a quem se propõe a cumprir uma tarefa. Também não é suficiente mentalizar que somos nosso principal concorrente e que vencendo essa barreira, o sucesso está garantido. É preciso método, traçar estratégias, vivenciar diuturnamente um clima de vitória, idealizar-se no novo cargo, assumir compromisso consigo e com os conhecidos. São nessas preparações que o concurso público possui muitas semelhanças com a corrida.
Correr é uma atividade benéfica para a saúde, mas antes de iniciar, é preciso uma avaliação médica, escolher uma das modalidades, procurar um profissional de educação física e traçar um cronograma de atividades. No começo, as dificuldades são imensas, o desempenho insatisfatório e o futuro corredor por diversas vezes pensa em desistir. No concurso público a trajetória não é diferente. Itens como a escolha do cargo, a leitura do edital, a observação de aptidão e empatia com a função, além de um planejamento sobre as disciplinas a serem aprendidas fazem parte das ações iniciais. Matricular-se em um bom cursinho, com o objetivo de complementar os estudos e entender o posicionamento de quem lida cotidianamente com o mundo dos concursos é fundamental. A internet é outra fonte de consulta imprescindível, pois tanto encontramos farto material sobre atividades desportivas quanto sobre conteúdos exigidos nas provas. Não podemos esquecer que a corrida também está presente em muitos concursos, principalmente naquelas funções que em algum momento exigirão esforço físico.
Na verdade, como destaca uma das passagens bíblicas, “o homem não vive somente de pão”, então, o ideal é adequar seu projeto de vida profissional ao seu estilo de vida, incluindo tanto os exercícios físicos quanto a assimilação de conteúdos que possam ampliar o conhecimento do candidato. O tempo não deve ser encarado como um inimigo, porque como enfatiza o juiz federal William Douglas, considerado expert na área, “concurso não se faz para passar e sim até passar”. Portanto, pensamento positivo e mãos à obra, porque aquele que trabalha acreditando na realização de um sonho está a um “passo” de torná-lo realidade.
* Jornalista e especialista em gestão de pessoas.