RELEMBRANDO ENSINAMENTOS – II
A Transfiguração no Tabor
“Dois montes figuram na vida terrena de Jesus: o Calvário e o Tabor”.
A celebridade no primeiro tornou-se notória e popular, não há cristão que não saiba de algo sobre as cenas que se desenrolaram no Calvário. Isto porque as Igrejas cristãs constantes e repetidas vezes difundem, inclusive, anualmente, simbolizam o enterro de Jesus, quando seu corpo nem foi encontrado na sepultura; estando, assim, o povo identificado com esse trágico acontecimento – o suplício que os homens da época infligiram a Jesus – a área comercial, entra em ação – cinemas, teatros, espetáculos ao ar livre, fazem o seu faturamento.
Por outro lado, considera-se de somenos importância a passagem evangélica mais notável – a transfiguração no Monte Tabor – em que Jesus nos “mostra os dois mundos entrelaçados numa aurora refulgente de luz.
É o que nos conta Mat., XVII, 1 a 5:
“Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e os conduz a sós a um alto monte. E transfigura-se diante deles: seu rosto tornou-se resplandecente como o sol e suas vestes fizeram-se brancas como a neve. Ao mesmo tempo lhe apareceram Moisés e Elias, conversando com ele.
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus, Senhor, é bom estarmos aqui. Se quiserdes, façamos três tendas: uma para vós, outra para Moisés e outra para Elias. Antes que acabasse de falar, eis que da nuvem saiu uma voz, dizendo “Este é o meu filho muito amado em que pus as minhas complacências: ouvi-lo”.
É sabido que as cenas do Calvário são exemplos de perdão, paciência, sofrimento, dor, misericórdia; mas o fenômeno que se produziu no Monte Tabor teve por fim afirmar a missão de Jesus como Cristo, Filho de Deus vivo, que deveria ser ouvido e obedecido pela humanidade; teve por fim permitir aos homens um olhar momentâneo para a Terceira Revelação, que se levantaria mais tarde; mostrar a imortalidade da alma; o aparecimento e a comunicabilidade dos chamados mortos.
Em um dos seus celebres Sermões, proferido no Maranhão, para os senhores de escravos, o erudito Pe. Vieira argumenta que os homens são governados pelos sentidos corporais, a alma é espiritual, não a vêem e não a pareciam. Os homens são baixos apreciadores da alma.
Se os versículos de Marcos, Lucas e Mateus sobre as ocorrências no Monte Tabor fossem lembradas, igualmente, todo cristão admitiria a imortalidade e comunicabilidade da alma, e que seu valor está acima de todas as riquezas, poderes, honrarias do mundo, logo não tem preço, como exemplificou Jesus, durante as tentações no deserto.
Os Bispos recentemente em reunião concluíram que devem cuidar mais das almas dos seus fieis, pois estão-se afastando da Igreja. Praza aos que se lhe deparam as narrativas evangélicas que descrevem a Transfiguração no Monte Tabor, o mais importante registro bíblico. E que não insistam tão somente em mostrar Jesus entre dois ladrões, porém, entre Moisés, falecido há mais de cinco mil anos, representando os Dez Mandamentos; e Elias, arrebatado ao mundo espiritual, há mais de quatrocentos anos, representando os Profetas; não lembrar apenas o rosto de Jesus empalidecido, pelos açoites e pela coroa de espinhos entrelaçados, que lhe puseram na cabeça; mas o rosto resplandecente como a luz do sol; suas vestes sendo disputadas pelos seus algozes; mais alva como a neve; as palavras que lhe atribuíram – “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste”? As vozes que saíram do céu – “Este é o meu filho amado, escutai-o”.
A Doutrina de Jesus é uma Lei, e como tal não poderá ser compreendida e passada aos pedaços e alternados. Mostrar Jesus sempre preso na Cruz, é retardar o processo evolutivo da humanidade.
Encerrando esse lembrete, ouçamos Vinicius, no seu livro – Nas Pegadas do Mestre – fonte principal dessa pesquisa, entre outros, indicados abaixo:
“A tranquilidade do mundo e a paz dos corações exigem, pois, que se obedeça ao Cristo redivivo do Tabor, abolindo-se a exploração em torno do Cristo inerme do Calvário”.
“No Calvário é a morte, o Tabor é a vida”.
Livros consultados: Os Quatro Evangelhos – Roustaing; Espada Cortante, O. S. Boyer; Parábolas e Ensinos de Jesus – Cairbar Chutel; Elucidações evangélicas – Sayão. – por Pedro Prudêncio de Morais