Sacudindo o Sacórfago

O Egito não é mais a mesma civilização que estudamos quando estamos na escola. A “terra dos Faraós” passa por dias tumultuados. Se nos áureos tempos das pirâmides, a sociedade divinizava e se submetia aos seus governantes, hoje, pelo que vemos, já não funciona mais assim. Hosni Mubarak, está no poder há 30 anos, e mesmo com a população pedindo a sua saída, parece não querer “largar o osso”. Mas milhares de manifestantes estão sacudindo o seu sarcófago com o intuito de derruba-lo.

Porém tudo é muito confuso com relação aos acontecimentos conflituosos ambientados na cidade do Cairo e suas redondezas. O que sabemos é muito superficial, apenas notas breves nos noticiários não nos colocam a par dessa situação que envolve muita coisa em jogo. Como por exemplo: o Egito é um forte aliado dos Estados Unidos na região apelidada de “eixo do mal”. Além de servir como base protetora para o Estado Israelense. Também há de se ressaltar o Petróleo, e o interesse dos “norte-americanos” em comercializá-lo.

Os EUA se omitem. A Casa Branca critica o Irã, teme que haja algo parecido com o Egito, e que os radicais muçulmanos assumam o controle do país e também preguem a guerra contra os “infiéis ocidentais“. Mas nada dizem sobre a corrupção e a miséria promovida por um ditador sanguinário, Mubarak, a quem chamam de aliado. A população egípcia é muito carente. São 80 milhões de pessoas, dois terços delas jovens, e essa juventude não possuí emprego. O índice de jovens desempregados é espantoso, cerca de 90%.

Acompanhamos tudo, porém nada sabemos. Nessas horas visualizamos a hipocrisia da mídia e dos norte-americanos, que na palavras do jornalista Francisco Bicudo, do Blog do Chico, “com uma mão batem no Irã e com a outra acariciam o Egito e as atrocidades de um tirano”, violando os direitos humanos e negando o acesso a serviços básicos, que são dever do Estado para com os seus cidadãos. Ainda por cima, a imprensa promove o Facebook e o Twitter, colocando-os como protagonistas das ondas de protestos, não só do Cairo, como também os que aconteceram na Tunísia.

Houve de fato uma colaboração dessas redes sociais, manifestações eram marcadas e divulgadas pela internet, mas não podemos potencializar a participação delas. O povo, sobretudo a juventude, não está acomodada na frente de um computador twitando ou postando vídeos. Eles estão na rua, protestando “à moda antiga”, clamando por justiça e dignidade. Reivindicando o que lhes é devido.

Quem leu esse texto na expectativa de encontrar respostas satisfatórias para todas as dúvidas relacionadas a essas manifestações, pode ter ficado desapontado. A verdade é que não há muito que se falar, uma vez que as informações são rasas e desencontradas. No rádio, na TV, na internet, nos jornais e revistas, será muito difícil você se situar e enfim compreender o que de fato está ocorrendo nas ruas do Cairo. Aos que forem pesquisar, desejo-lhes toda a sorte necessária. Aos que ficaram desapontados, minhas humildes desculpas.

T S Oliveira
Enviado por T S Oliveira em 09/02/2011
Código do texto: T2782016
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