Antonio Roberto Szabunia
28 de janeiro de 2011 às 16:10
Assunto:
O texto da crônica
Oratória, uma arte
Hoje, 27 de janeiro, o calendário marca uma efeméride pouco difundida:
é o Dia do Orador.
Ou seja, hoje homenageamos – ou deveríamos fazê-lo – as pessoas que têm o dom de falar em público. Desde os antigos filósofos gregos, esta arte tem se revelado uma ferramenta poderosa de convencimento. Já testemunhei casos de pessoas que, graças à poderosa verve, conseguiram impor seus argumentos, mesmo contra todas as evidências. Atenção: não confundir oratória com embromação ou engabelação; também dá pra enganar a torcida com lero-lero, mas aí não vale como arte de orador.
Admito que tenho uma dificuldade crônica para me comunicar em público.
Costumo dizer que eu penso e falo melhor com os dedos, redigindo textos. Quer que eu argumente? Me dê papel e caneta ou um teclado (conectado ao micro, claro). Desde os remotos tempos de primário no Educandário Santa Terezinha e depois ginásio no São José, em Rio Negrinho, convivo com esse pânico de falar para mais de uma pessoa.
No primário, eu decorava as poesias com extrema facilidade. Mas na hora de declamar... Que desastre!
Faltava ar, as palavras vinham engruvinhadas, a língua teimava em ficar coladinha ao palato. O problema continuou no ginásio, tanto que certa vez o professor Pedrinho, nosso diretor, quis constatar se eu não tinha a língua presa.
No Científico (ensino médio, crianças), certa vez um professor, ao perceber que a maioria da classe não sabia cantar o Hino Nacional de cabo a rabo, determinou uma tarefa para a semana seguinte: a cada dia, um grupo de três cantaria o Hino na abertura da aula. Eu não tinha o menor problema com a letra, decoradinha há muito tempo. Nem precisei dar uma olhada antes da aula. Nosso trio era formado por vizinhos do bairro Alegre: Marreco, Mosca e eu, na época com a alcunha (nick, jovens!) de Gato (hoje, se um amigo me chamar pelo antigo apelido, vai pegar mal). Ninguém cantava xongas, mas tínhamos o Hino na ponta da língua. Os três olhando para o chão, desempenhamos muito bem. Não tropeçamos nem no fatídico “Brasil, um sonho intenso, um raio vívido...”.
Há uns 15 anos fiz o curso do Clube de Oratória e Liderança, nosso COL. Caso perdido...
Fui o único da turma que não ganhou um brinde sequer por desempenho, nem de consolação.
Laércio Beckhauser, com pena, me deu uma caixinha de chocolate caseiro.
E olhe que a maioria dos alunos eram amigos ou colegas de trabalho.
Prefiro escrever.
Parabéns aos bons oradores!
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Autorizado a publicação pelo autor do texto.