Para Normalidade
Conviver com as "coisas" do futuro.
Como se a vida praticasse de repente, o ato incompreensível de transformar o destino num programa de TV, com transmissão exclusiva para você.
Viver, com um túnel do tempo instalado no seu quarto, onde só você pode entrar...passear...ir e voltar, sem ingressos...
E ao mesmo tempo, acordar no exato momento, de um acidente grave, de uma escandalosa traição, de uma missão derrotada, sem o direito de dizer: Não quero ver...
Missões celestiais, onde você está inscrito, mas não foi você que assinou o formulário...
Missão impossível, de estar em um trem desgovernado, que bate, explode, todos os passageiros morrem, e você, não pode fazer nada, nem mesmo, morrer...
De estar na Estação esperando aquele alguém, que nunca chega no mesmo tempo que o seu tempo...
De vestir-se com os trajes de uma Época, que nada têm haver com seu registro de nascimento...
De abraçar, ouvir, sentir com um prazer inenarrável, o calor, uma palavra ou um gesto, daquela pessoa que você sabe, já estar em seu lugar definitivo, e daí então, compreender realmente o que é saudade...
E viver tudo isso, assistindo o livre arbítrio acenar, com as mãos do Criador. Deixando você ali imóvel, sem nada a fazer, a não ser tentar, compreender este silêncio...
Angra dos poucos Reis...
17/10/06
18:04hs