Desventura No Espaço
Como não acontece pela primeira vez, microfones abertos e a conversa dos bastidores ecoa as claras para a platéia, até então, displicente. Raimundo Mussi – Coordenador Técnico Científico da A. E. Brasil, recomenda ao astronauta Marcos Pontes que flutue bastante durante a vídeo-coferência com o Presidente Lula.
Mais uma vez, nós que tanto necessitamos voltar os nossos objetivos e caminhos para a verdade, sentimo-nos envolvidos num cenário de novela com ares de interatividade. Ora platéia boquiaberta, ora figurantes sem informação do real papel que representam e ora como personagens que participam por concordar com o enredo.
Acabamos de participar (personagens do drama) de uma votação pelo sim ou não às armas. Todos sabem a fortuna que custou esse resultado.
Acabamos de relembrar que somos figurantes sem atuação verdadeira e sem direito a melhor representação ou voz ativa, quando soubemos que os nossos parlamentares ganharam 50% de aumento nos seus irrisórios salários. Para isso não houve votação (sim ou não). Ficou confirmado o quê poucos percebiam: as verdadeiras armas continuam nas mesmas mãos.
Agora, platéia boquiaberta ante a TV, constatamos o comando da ilusão: “ flutue Pontes!” . O povo precisa achar que somos tão importantes quanto aqueles que flutuam diante de nós há tanto tempo.
E assim, ingênuos como sempre, irresponsáveis como tantas vezes, esquecemos que tudo aquilo precisou ser pago. E como! Coisa de 10 milhões de dólares?
Nossa! Nem podemos imaginar quanto é isso!
Em nosso país onde professores conseguem irrisórios aumentos à custa de greves, onde enfermeiros e profissionais da saúde e educação tem salários abaixo da linha da vergonha, onde a maioria dos trabalhadores que levam o país nas costas, mal ganham para o sustento próprio e das suas famílias, fica difícil saber quanto é isso. A massacradora maioria nem imagina.
Cala a voz e o coração confuso se espanta. Precisamos acreditar que virá de alguma parte essa conduta, que embora no sonho, alimenta nossa esperança.
Precisamos crer que Marcos Pontes merece ser respeitado por anos de estudo e dedicação. Que essa empreitada científica poderá trazer frutos no futuro. Mas e o presente? Terá sido esse um investimento justo num país com tantas necessidades gritantes?
Todos os anônimos cientistas que apostam a vida na nossa saúde, merecem respeito, salário justo e verba para seguir adiante. Todos os trabalhadores, de todas as classes e níveis, merecem salário e dignidade.
Pior é que ainda paira uma pergunta que ficará sem resposta:
Indignamos-nos com 10 milhões de dólares gastos num projeto que, quem sabe um dia, nos trará algo de importante...(sempre a réstia de esperança!!!)
Mas quando poderemos imaginar quanto dinheiro perdemos nas falcatruas e distribuições que correm por trás dos bastidores das nossas casas políticas? Quanto desse tanto escorregará para os cofres de países alheios? Esse dinheiro que nunca nos trará nenhum benefício, antes, vergonha, Infelizmente trará seu valor como uma irremediável incógnita.