BANDALHA ASSASSINA
"A verdadeira filosofia nada mais é, que o estudo da morte".
Isaac Newton
Fui ao dicionário verificar o significado da palavra BANDALHA. Diz-se do motorista que dirige de forma imprópria, com bandalhice.
Em verdade, no trânsito sempre se faz tudo errado com o olhar complacente de todos e das autoridades responsáveis pela disciplina no trânsito. Só ficamos chocados, quando acontece algo de grande notoriedade, como a tragédia acontecida com o jovem Rafael Mascarenhas e sua família.Uma bandalha feita por dois motoristas, terminou com a morte do estudante e músico Rafael Mascarenhas de apenas 18 anos, que na hora descia a pista do Túnel Acústico no sentido Gávea. O jovem e mais dois amigos aproveitavam a interdição do túnel Zuzu Angel, pois fazia com que o Acústico ficasse sem trânsito.
Por volta de 1h e 30m, ele foi atropelado por um Fiat Siena que trafegava em sentido contrário, possivelmente apostando corrida (pega) e sua velocidade era superior a 100 km por hora. Os carros foram identificados pelas câmeras da CET-Rio.
Segundo a Polícia, os carros entraram no Túnel utilizando uma passagem de serviço entre os Túneis, ou seja, fizeram nada mais nada menos do que uma Bandalha e irregularmente tomaram o sentido contrário para realizar ou disputar um pega, sendo que o Siena que foi responsável pela morte do rapaz, estava preparado para desenvolver velocidades superiores às normais.
Os proprietários são rapazes de classe média alta, que com apoio da família brincam de pegas ou rachas em qualquer lugar disponível para isto, mesmo contrariando as leis. O pai do atropelador dando um exemplo altamente negativo, tentou escamotear as provas dos diversos indícios existentes no carro avariado.
No fim do Túnel, uma patrulha da P.M. tinha como guarnição um cabo e um sargento que segundo o pai do atropelador, negociou a liberação por dez mil reais, dos quais um mil foram pagos na hora e o restante seria acertado posteriormente. Os dois militares estão presos administrativamente respondendo I.P.M..
Nem os pequenos, nem os grandes delitos são invenções do Rio, mas o termo BANDALHA é criação do Rio. Em verdade, BANDALHA é uma combinação de bandalheira com canalhice, que define essa mistura de desrespeito às leis beirando a promiscuidade.
Os exemplos vêm de todos os lados, principalmente de cima. Se o Presidente da República já recebeu várias multas por infringir a Legislação Eleitoral, reclama e faz pouco, usando termos jocosos a respeito do Ministério Público, se a Educação é relegada a um lugar secundário, se o médico na emergência tem que decidir quem vai ou não para o C.T.I., se a Secretaria de Saúde adquire remédios superfaturados (comprovados pelo RJ-TV), porque não pode-se fazer também uma bandalha? Pensam alguns.
No Rio existe certa tolerância a pequenas infrações tais como: carro na calçada, lixo largado na rua, avanço de sinal, dentre outras. Em verdade, a tolerância aos pequenos delitos e a alguns grandes, fazem do Rio de Janeiro uma cidade onde o desvio é a norma legal.
Isto pode ser percebido diante dos últimos fatos envolvendo a morte por uma bala perdida que matou o menino Wesley, de 11 anos e por permissividade no caso de Rafael. O Comandante Geral tomou medidas nunca antes tomadas. Assumiu a culpa e pediu desculpas pelos fatos, além de reunir todos os comandantes e dar ordens drásticas para evitar novos fatos desagradáveis como os aqui citados.
De tudo isto, restam corações dilacerados de mães, que nada e ninguém poderá amenizar. Saudade eterna. Dor doída, uma espécie de morte em vida. Já disse um Poeta " Perder um filho é como encontrar a morte". Que Deus cuide delas.
Terminamos este texto com uma frase de Amado Nervo:
"Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós".