C A I M
PALAVRAS DE VIDA
Pr. Serafim Isidoro.
CAIM
“Não se ponha o sol sobre a vossa ira; não deis lugar ao diabo...” – Ef. 4.26.
Caim, que significa “Aquisição” – aquisição do mal, interpretamos - é o primeiro homem nascido no mundo, já que Adão seu pai, não nasceu, mas foi formado por Deus. Caim representa o início da raça humana, o fruto de um Adão que fora desobediente à ordem de Deus, galho de uma árvore torta e desarraigada. O ser humano é, basicamente, o produto de três fatores: a genética; o meio ambiente; o ensino - a educação que recebida. A genética de Caim começa deturpada. O filho do ébrio terá tendência de embriagar-se; o filho do louco, a fazer loucuras; do diabético, a ter a mesma doença. O filho de Adão, o ser como ele.
A Nova Aliança, denominada “O Novo Testamento” declara que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Caim, quinze, vinte ou trinta anos de idade, põe à mostra o seu caráter ateu, de rebeldia, de repulsa a divindade e expressa a sua ira em um assassinato. Não tendo a ninguém para matar – já que ele não poderia matar Deus – mata o seu próprio irmão.
A sociedade mundana dos nossos dias não soube mais o que é paz, desde os dias dos Beatles, início de um desassossego, uma perturbação que invadiu o populacho, atacando-a na base, que é a juventude. Historicamente, sempre que houve mudança na organização humana, aquela foi precedida por uma mudança na música. A música e os ritmos mudam o comportamento, mudam as preferências, mudam a própria nação. Houve um desenfreamento, uma agitação interior e exterior nas pessoas, que de maneira imperceptível, mas natural, passaram a agitar-se cada vez mais para a esquerda, para o obvio, o ódio, o vicio, o crime, a rebeldia, a contumácia.
O exterior sempre refletirá o interior. Do coração humano procedem maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias – declarou-nos o Mestre. Aquilo que o homem tem no seu interior se revelará, mais cedo ou mais tarde. Da música, os excessos passaram às vestimentas. Estas se tornaram cada vez mais exóticas, hipieanas, desleixadas, de protesto. O banho e o asseio pessoal foram abandonados. Os cabelos, despenteados. A barba, hirta. E o macho se tornou quase como os irracionais em sua aparência. Bermudas em preferência às calças. Nas mulheres o pudor - palavra antiquada – se tornou sex appel. E a imagem de Deus fez-se irreconhecível no homem que Ele criou.
Da rebeldia ao crime há somente um passo. O pecado que jazia à porta, invadiu o ser humano. Apareceram as drogas, os anticoncepcionais, as novelas imorais, a paixão pelo esporte das multidões que enleva impedindo o mais claro raciocínio das coisas espirituais. E das favelas o crime desceu para a cidade. Governos aboliram a censura e a permissividade invadiu os lares. O sexo livre foi para as ruas assim como entrou no quarto da casa, admitido, consentido pelos próprios pais. As mães se alegraram em colocar brincos nos filhinhos masculinos e a aceitar que eles brincassem com bonecas e ursinhos de pelúcia e que, mais tarde, se unissem a namorados do mesmo sexo.
Paulo, apóstolo, preceituou: “Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas; antes, reprovai-as”. João, discípulo amado, escreveu: ”O mundo jaz no Maligno”.
A narrativa do livro Gênesis se torna completa com respeito à história de Caim quando agora, João declara que “Caim era do maligno” – I Jo. 3.12. Por detraz de Eva, por detraz de Caim, havia uma serpente que pretendia reassumir sua posição da época em que era Querubim Ungido. Um dos grandes perigos da cobra é o de que ela vive escondida. Quando o paciente mordido por ela chega ao hospital dizendo-se ofendido por réptil, inseto ou animal desconhecido, a identificação da picada da cobra está patente nos dois furos no local daquela picada. Aplica-se, então, o antídoto.
O hospital, a santa casa de misericórdia, seria a Igreja. Agente de Deus na terra, é ela o local do antídoto contra as astutas ciladas do diabo. O primeiro dos sinais enumerados aos que crêem é: “Em meu nome – Jesus – expulsarão demônios; pegarão nas serpentes...”. O que se contrapõe ao diabo não são somente os anjos, mas a Igreja. Mas se esta não se importa senão consigo mesma, buscando apenas a proteção própria, dizendo ao irmão do lado aí, permitindo a invasão da cobra pelo anseio ao vil metal, cantando vitória ao sabor de mel, cercando-se de mestres segundo os seus próprios desejos fortes – epitymias, concupcências – e entesourando-se conforme antigamente a igreja da maioria, a guarda foi baixada. É a Igreja de Laodicéia.
Caim tipifica as obras do Maligno. Abel tipifica a Igreja atacada por aquele. Mas Adão produziu um terceiro filho, Seth. Este tipifica a geração eleita, o povo santo. O que ainda resta do trigo em meio ao joio, os que não se conformam com este mundo pecaminoso, mas que transformados em suas mentes reprovam as obras infrutuosas das trevas. Proclamam arrependimento e mudanças – conversão – através da obra propiciatória de nosso Senhor Jesus, o Cristo. A evangelização é a meta principal da Igreja. Não é plano de Deus que ela esteja se aquecendo consigo mesma, em quatro paredes. Ide, disse o Mestre. A liturgia do culto, como na figura de um avião, tem duas asas: adoração a Deus; convite ao pecador. A música, os hinos, a preleção giram em torno do doente da alma, do morto espiritual, da ovelha que ainda não foi recolhida ao aprisco. E o Espírito e a Noiva dizem: vem.
Não em Caim, mas em Ló, o sodomismo afrontava aquele servo de Deus. O homossexualismo é mais antigo do que se percebe. Em Sodoma os mancebos preferiram os anjos hospedes de Ló às suas filhas donzelas. Um charco de barro preto hoje demarca o local onde foram as cidades de Sodoma e de Gomorra. – Lá estivemos há anos passados. Em nossos dias nesta degradação moral da história moderna que situamos desde os dias dos Beatles, há uma exacerbada ascensão do sodomismo, com passeatas coloridas, alaridos e espaço nos congressos, até dos governos. É proibido proibir. É crime discriminar. “Se alguém não receber na testa ou na mão direita o sinal...” – Ap. 14.9-11.
O sangue do justo Abel clamou por coisas altas. Mas o sangue de Jesus, derramado em favor dos arrependidos, clama ainda mais. Entre um mundo desenfreado, uma serpente ferida, porém ainda perigosa, há um sangue que protesta – o sangue de Jesus. “Quem crê no Filho, tem a vida eterna; o que, todavia se mantém rebelde contra o Filho, não verá a vida, mas a ira de Deus sobre este permanece” – Jo. 3.36.
Só Jesus.
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O Pr., Th. D. Honoris Teologia, D.D. Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br