Separação Humana

O homem carrega a cruz da separação.

Tanto a Ciência Iniciática das Idades, revelada por seres iluminados, quanto a ciência desenvolvida pelos homens, destacam esse fato da nossa história, a separação humana.

A mitologia, meio utilizado para registro das revelações, narra que, originalmente, o homem e a mulher eram um só, foram partidos ao meio e, daí em diante, cada ser masculino vem procurando a perdida parte feminina de si mesmo, a fim de voltar a unir-se com ela.

O Professor Henrique José de Souza no livro “Mistérios do Sexo” deixa claro que a evolução humana, na visão esotérica, é feita em estágios denominados Raças e que foi só no terceiro estágio, Terceira Raça, que ocorreu a separação dos sexos.

Acrescenta que eram seres quase totalmente desprovidos de mental e de natureza passional, ou psíquica.

Complementa, revelando o futuro da humanidade: “quando esse mental chegar a tornar-se tão puro quanto o de sua origem, desaparecerá o sexo, pois o mesmo andrógino do começo se manifestará consciente, iluminado ou equilibrado, Uno com o Pai”.

Podemos perceber que, apesar de se fazer mais presente, não e só a separação de junto do coração materno na ocasião do nascimento, que sofremos.

Em épocas remotíssimas fomos separados do Oceano Paterno, para nas paragens terrenas participarmos da aventura evolucional.

A tradição esotérica afirma que apesar de estarmos separados, fomos cuidados por representantes de nossos Pais Divinos na Terra. Veio a separação dos sexos, a seguir, tornamo-nos rebeldes e fomos separados da convivência com aqueles seres divinos.

Cabe aqui observar que religião deriva de religare. As religiões antigas tinham exatamente o objetivo de fazer com que aquela convivência entre homens e seres divinos (deuses) fosse restabelecida, religada.

Erich Fromm em “A Arte de Amar” observa que o homem é dotado de razão; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades do seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, de sua impotência ante as forças da Natureza e da Sociedade, tudo isso faz da sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável.

Assim, a mais profunda necessidade do homem é a necessidade de superar a separação, de deixar essa prisão insuportável.

Perdido nesse turbilhão de ansiedade, tenta por vários mecanismos fugir.

Enumera o autor de “A Arte de Amar” os meios utilizados nessa fuga:

espécies de estados orgíacos

- ritos de orgias comunitárias faziam parte de muitos rituais primitivos;

- alcoolismo e o uso de drogas são as formas que o indivíduo escolhe numa cultura não orgíaca;

- o sexo dentro deste contexto, cumpre o mesmo papel do álcool e das drogas.

b) conformidade com o grupo - ser individual desaparece em ampla escala, em que o alvo é pertencer ao rebanho. Se for como todos, salvei-me da terrível experiência da separação. Só se pode compreender a força do medo de estar a poucos passos fora do rebanho, quando se compreendem as profundidades da necessidade de não ser separado;

c) o trabalho e o prazer de rotina.

Acreditamos que a completa e total superação da separação só acontecerá, quando cumprirmos, como os rios, o itinerário de fundir-se ao Mar. No caso, voltarmos ao Oceano Paterno.

Entretanto, a abordagem mais científica de Erich Fromm indica o Amor, para, sem perder a individualidade, superar o sentimento de isolamento e de separação.

Amor, força ativa no homem, que irrompe pelas paredes divisórias de seus semelhantes e que o une aos outros.

“Separação” é nossa tentativa em rimas, que canta a união, também, pelo amor, para tornar mais leve a cruz da separação humana.

Separação

Assim éramos nós,

dois num só corpo,

antes de ficarmos sós.

E veio o sopro da evolução:

o fruto tornou-se proibido;

mente; sexo; separação;

e a expulsão do paraíso.

Numa vida sem surpresas;

na criatividade do artesão;

na fuga às incertezas;

nos mercados da ilusão;

e de muitas outras maneiras

procura-se superar a separação.

Quanta procura em vão,

quanto mais procura,

maior fica a separação

Só existe uma solução,

para curar essa dor:

é a magna força da atração,

que nos une pelo amor.

Fontes:

“A Arte de Amar” – Erich Fromm

“Mistérios do Sexo” – Professor Henrique José de

J Coelho
Enviado por J Coelho em 21/03/2010
Reeditado em 21/06/2021
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