CASOS E CAOS NA POLÍTICA BRASILEIRA
O presidente Lula vive a pior crise de sua estada no Palácio do Planalto. Uma crise que pode impedi-lo de garantir a permanência no reinado por mais quatro anos. Pior ainda: uma crise que pode até desalojá-lo do conforto palaciano antes do tempo previsto.
Não sabemos se Lula tinha conhecimento das tramóias realizadas por seus homens fortes. Não sabemos se Lula peca por ingenuidade ou por omissão. A verdade é que tem também a sua parcela de culpa no cartório.
Roberto Jefferson, graças à sua falácia e com o trunfo de ser um profundo conhecer dos trâmites da corrupção, transformou-se no grande inquisidor, uma espécie de acusador geral da nação. Já derrubou o ministro todo-poderoso José Dirceu, o líder José Genoíno e mais alguns diretores de estatais importantes. E Jefferson continua distribuindo calculadas doses de veneno. A toda semana, produz vítimas na Torre de Babel lulista.
A impressão que se tira de todo este caos é que nós, brasileiros, não temos vocação para a honestidade. E os políticos são os grandes guias desta permanente situação. Roberto Jefferson virou estrela nacional e é assediado pelas ruas. Distribui até autógrafo. Só que em mais de 20 anos de vida no Congresso Nacional, o presidente do PTB nunca antes havia despertado a sua veia de indignação e delatado os roubos e arroubos da esfera pública federal, que ele conhecia tão de perto, em todos os governos. Jefferson só acusou para não correr o risco de cair sozinho. É suspeito de comandar uma esquema de corrupção e extorsão dos cofres públicos para o caixa do seu partido. Só após a revista Veja denunciar o caso, o neo-paladino da ética nacional resolveu abrir a boca e sair acusando a compra de deputados por parte do governo e aliados. Jefferson levou ao conhecimento geral a prática do mensalão. E Lula, o mal-informado comandante dos destinos da nação, não sabia. Quando ficou sabendo, chorou. Chorou e não tomou atitude.
Não se sabe por que Lula chorou. Se por sentir-se impotente ou por ter descoberto, de repente, que seu reino encantado estava infestado por gafanhotos famintos.
* Artigo escrito em 2005, quando o mensalão era o hit do momento.